segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Blueberry e o Tesouro dos Confederados

Blueberry e o Tesouro dos Confederados


N. C.: 1) Red Neck, Blueberry e Jimmy Mc Clure. Desenho de Gir 
publicado, em preto e branco, em “L’Univers de Gir”, Dargaud, 1986.


Com “Chihuahua Pearl” inicia o ciclo do ouro dos Confederados, em cujo os autores narram um evento que desenrolará a vida de Blueberry e repercutirá nas histórias narradas em dez álbuns publicados no curso de 14 anos. Esse ciclo compreende três subciclos. O primeiro é constituído por “Chihuahua Peal”, “L’Homme que valait 500.000 $” e “Ballade per un cercuil(2).

N. C.: 2) “Chihuahua Pearl” – “Chihuahua Pearl”; “L’Homme que valait 500.000 $” – “O Homem Que Valia $500.000”; “Ballade per un cercuil” – “Balada Para Um Caixão”.




A sequência inteira representa o fulcro, o ápice de toda a saga do tenente Blueberry, talvez quanto de melhor produziram os dois autores, nessa ocasião verdadeiramente grandes, cada um pela esfera da própria competência.



Chihuahua Pearl

A história, influenciada pelos spaghetti western, muito na moda à época, inicia com Mike Blueberry que salva um mexicano, portador de uma mensagem para o presidente dos Estados Unidos da América, da perseguição de uma patrulha de compatriotas, guiada pelo comandante Vigo. O confronto com esse último faz pressagiar que o nosso herói se fez um inimigo daqueles que deixam o sinal.




De Washington chega o general Mc Pherson, conselheiro militar do presidente, que em seu nome encarrega o jovem tenente de recuperar, no México, 500.000 dólares em ouro, um tesouro dos Confederados colocado a salvo a seu tempo pelo presidente sulista Davis. E para fazê-lo agir mais livremente, Mc Pherson faz degradar e expulsar do exército Blueberry e o envia à cidadezinha de Chihuahua para colocar-se em contato com um agente local. Antes de partir, o nosso herói pede a ajuda dos seus dois amigos Jimmy Mac Clure e Red Neck.




Um bando de proscritos sulistas, um caçador de recompensas e Chihuahua Pearl, uma linda e atraente cantora (3), se sucedem em cenas que parecem acolhidas em peso por um filme de Sergio Leone.

N. C.: 3) Chihuahua Pearl, cujo nome verdadeiro é Lily Calloway, deve o seu nome artístico à cidade de Chihuahua, na qual ela se apresentava no cassino “Casa Roja”. Chihuahua é a capital do estado mexicano de Chihuahua, que faz fronteira com Novo México e Texas, dois estados americanos.




L’Homme que valait 500.000 $

Nessa segunda parte do ciclo, a trama se adensa: acordos e traições, resgates e matrimônios, vidas e destinos em jogo perene. A aventura de Mike Blueberry prossegue entre amigos e inimigos, amor e ódio em um crescimento de tensão. Nós omitiremos a narrativa para não tirar o prazer de descobrir as contínuas reviravoltas idealizadas por um Charlier em verdadeiro estado de graça, coadjuvado na devolução gráfica por um Giraud, em nosso juízo, no acme de sua arte, tornada barroca!



Ballade per un cercuil

Esse volume é particular e importante na cronologia de Blueberry, porque nas primeiras 17 páginas contém a biografia escrita do personagem. Blueberry já tem o seu sucesso e a sua popularidade pelos quais Charlier decide criar uma biografia escrita, provida de fotografias autênticas de acontecimentos reais da história americana, sobre cuja está ancorada a saga do tenente.




Não se trata só de um capricho do autor, porque nesse modo põe as estacas bem precisas, talvez para segurar a freio a impetuosidade criativa de Giraud que quisera dar um tom mais intimista e psicanalítico ao herói. De fato, é mesmo graças a essa biografia que os herdeiros de Charlier fizeram escudo para impedir a qualquer um, incluído, sobretudo, Giraud, de sair do terreno semeado, traçado pelo roteirista, para histórias futuras sobre um Blueberry diverso daquele idealizado por ele.

Não só, mas se trata também de um dos episódios mais longos dedicados ao personagem: 62 pranchas.




Nesse episódio, que conclui o ciclo, é realmente fascinante a fuga dos nossos com a carroça com o caixão, perseguidos por Lopez, Finlay e Vigo! Não diremos o desenvolvimento e o fim da história para não estragar a surpresa àqueles poucos (que acreditamos sejam realmente poucos) que nunca leram as aventuras de Blueberry nem em edições italianas, nem francesas! Diremos só que no penúltimo quadrinho se vê um irredutível Mike Blueberry nada resignado à dramática conclusão do Tesouro dos Confederados!




A trama é densa de acontecimentos que se sucedem a ritmo encalçante, tornam o ciclo, a nosso juízo, entre os mais emocionantes, não obstante os quarenta anos transcorridos. O traço gráfico de Giraud torna-se barroquista, curvilíneo, muito particularizado. Estupendas as cenografias com as paisagens que recordam os filmes western, mas que mais verossimilmente nascem das recordações das viagens juvenis de Giraud ao México! Cada prancha mereceria uma análise estrutural, que independe dos propósitos. Em algumas figuras, como naquela de Pearl, se inicia a ver um traço mais solto, à la Moebius (4), que o autor desenvolverá mais e melhor na série do Incal (5).

N. C.: 4) Moebius, o pseudônimo de Jean Giraud para os seus trabalhos na ficção científica e afins. 5) “L’Incal” (“O Incal”), série de ficção científica com roteiros de Alejandro Jodorowsky e desenhos de Moebius.




Blueberry
Textos de Jean-Michel Charlier e desenhos de Jean Giraud

13 – Chihuahua Pearl
“Pilote” do nº 566 de 10/09/1970 ao nº 588 de 11/02/1971
Álbum Dargaud em 1973

Chihuahua Pearl
“Avventuroso Colore”, 1975
“Skorpio” do nº 50 de 1980 ao nº 1 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 13, Nuova Frontiera, 1984
“Blueberry” 13, Alessandro Editore, 2012
Álbum “Blueberry” 7, Editoriale Aurea, 2013
Collana Western 8, Gazzetta dello Sport, 2014


14 – L'Homme qui valait 500.000 $
“Pilote” do nº 605 de 10/06/1971 ao nº 627 de 11/11/1971
Álbum Dargaud em 1973

L’uomo che valeva 500.000 $
“Eroi dei fumetti” dal n.1 al n.4, editora Persona, 1971 (incompleto)
“L’Avventuroso” 6, editora SEA, 1974
“L’Avventuroso Colore” 1, 4, 5, 7/10 e “Speciale”, 1975, SEA
“Skorpio” do nº 2 ao nº 5 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 14, Nuova Frontiera, 1984
“Blueberry” 14, Alessandro Editore, 2013
Álbum “Blueberry” 7, Editoriale Aurea, 2013
“Collana Western” 9, Gazzetta dello Sport, 2014


15 – Ballade pour un cercueil
“Pilote” do nº 647 de 30/03/1969 ao nº 679 de 09/11/1969
Álbum Dargaud em 1974

Ballata per una bara
“Avventuroso Colore” 5/6, 7-8, 9-10, 1977, Ed. Sole
Volume “Avventuroso Colore” 1, 1977, Edizioni GM
“Skorpio” do nº 6 ao nº 9 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 15, Nuova Frontiera, 1985
Álbum “Blueberry” 8, Editoriale Aurea, 2013
“Blueberry” 15, Alessandro Editore, 2014 (única com biografia)
“Collana Western” 9, Gazzetta dello Sport, 2014




Fonte: Blog Zona BéDé, Itália.

Blueberry e il tesoro dei confederati © Zona BéDé 2014

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Blueberry em Petites Histoires Originales

BLUEBERRY EM “PETITES HISTOIRES ORIGINALES”




Título: Petites Histoires Originales : Un Voyage parmi les planches originales de la Bande Dessinée (1)
Autor: François Deneyer
Editor: asbl Musée Jijé (2) (3) (4)
Língua: Francês
Data de lançamento: 24 de novembro de 2016
Encadernação: Cartonado
Número de páginas: 424
Formato: 23,0 X 30,0 cm
Seção: Bande Dessinée (5) / Obras de Referência
Gênero: Entorno da História em Quadrinhos


N. C.: 1) Petites Histoires Originales : Un Voyage parmi les planches originales de la Bande Dessinée - “Pequenas Histórias Originais. Uma Viagem Entre as Pranchas Originais da História em Quadrinhos”. 2) asbl Musée Jijé: Association sans but lucratif Musée Jijé – Associação Sem Fins Lucrativos Museu Jijé. 3) O museu está localizado em Bruxelas, Bélgica. 4) Jijé: nome artístico de Joseph Gillain (as iniciais de seu nome), renomado desenhista belga da história em quadrinhos franco-belga, de cujo Jean Giraud, criador gráfico de Blueberry, foi discípulo e auxiliar em um episódio de “Jerry Spring”. Jijé auxiliou Gir em dois episódios de “Blueberry”. 5) Bande Dessinée: História em Quadrinhos.


Petites Histoires Originales

Um livro sobre a coleção de pranchas originais de história em quadrinhos por François Deneyer.

424 páginas com mais de 220 ilustrações: de numerosos escaneamentos de alta definição de pranchas originais, de quadrinhos, de capas, de fotografias e documentos diversos.

A história dos primeiros colecionadores de originais da HQ franco-belga nos anos 1960-70, as primeiras lojas de histórias em quadrinhos, as primeiras galerias de exposição, as vendas públicas, os expertos.

Nós reunimos igualmente vinte entrevistas dos primeiros colecionadores, de livreiros, de lojistas e de expertos que nos falam de sua história real e sua experiência com as particularidades surpreendentes sobre os originais de Hergé, de Jacobs, de Franquin, de Jijé, de Giraud/Moebius, de Pratt, de Hermann, de Tillieux, de Peyo, de Macherot, etc.

Um acontecimento literário para não perder sob nenhum pretexto!

Faça um agrado a si mesmo ou a mais alguém, nas festas de fim de ano, oferecendo um presente original e de qualidade.

49,95 euros

Disponível em todas as livrarias de história em quadrinhos.

Mais informações: info@jije.org



Pranchas e capa originais de “Blueberry” publicadas no livro:


“Blueberry” nº 12 “Le Spectre aux balles d’or” (“O Espectro das Balas de Ouro”). Prancha original nº 23 – pré-publicação na revista “Pilote” nº 543 (2 de abril de 1970) e publicação em álbum (1972) por Dargaud Éditeur.



“Blueberry” nº 12 “Le Spectre aux balles d’or” (“O Espectro das Balas de Ouro”). Prancha original nº 34 – pré-publicação na revista “Pilote” nº 548 (7 de maio de 1970) e publicação em álbum (1972) por Dargaud Éditeur.



“Blueberry” nº 12 “Le Spectre aux balles d’or” (“O Espectro das Balas de Ouro”). Prancha original nº 48 – pré-publicação na revista “Pilote” nº 555 (25 de junho de 1970) e publicação em álbum (1972) por Dargaud Éditeur.



“Blueberry” nº 13 “Chihuahua Pearl” (“Chihuahua Pearl”). Prancha original nº 1 – pré-publicação na revista “Pilote” nº 566 (10 de setembro de 1970) e publicação em álbum (1973) por Dargaud Éditeur.



“Blueberry” nº 15 “Ballade pour un cercueil” (“Balada Para Um Caixão”). Prancha original nº 25 – pré-publicação na revista “Pilote” nº 659 (22 de junho de 1972) e publicação em álbum (1974) por Dargaud Éditeur.



“Blueberry” nº 18 “Nez Cassé” (“Nariz Partido”). Desenho da capa do álbum publicado por Dargaud Éditeur em 1980. Esse episódio foi pré-publicado em “Super As” do nº 1 (fevereiro de 1979) ao nº 10 (abril de 1979), em seguida em “Métal Hurlant” nº 38 (1º de fevereiro de 1979) e nº 40 (1º de abril de 1979) – os desenhos das capas das revistas são diferentes daquele da capa do álbum.



A fonte inspiradora de Jean Giraud para o desenho da capa do álbum “Blueberry” nº 18 “Nez Cassé”: americanos brancos do Arizona que fizeram uma reconstituição das guerras indígenas naquele Estado. Fotografia © Alvin Abrams, 1977.



Página 413. Índice das matérias.


PETITES HISTOIRES ORIGINALES

A venda de pranchas originais de história em quadrinhos é mais e mais midiatizada notadamente graças à vitrine oferecida pelas vendas públicas e seus resultados que voam de recordes em recordes.

Mas sabe-se como uma prancha é criada? E qual percurso vai seguir essa prancha quando o álbum de história em quadrinhos foi impresso? Quem foi o primeiro colecionador de pranchas originais franco-belgas nos anos 1960? Onde se encontra os originais nos anos 1970? Quais foram as primeiras galerias especializadas nos anos 1980 e as primeiras vendas públicas ao fim desse mesmo decênio?  O quê é uma bela prancha e como a escolher? Pode-se realmente se fiar nos expertos em história em quadrinhos?  Por que as despesas em vendas públicas são mais e mais elevadas?

As respostas a todas essas questões, e ainda de muitas outras, se encontram em “Petites Histoires Originales”, um livro a ler sem tardar. Que se seja colecionador de histórias em quadrinhos ou não, se descobre, nessa obra, a parte inferior das cartas desse mundo ao mesmo tempo lúdico e fascinante, entre paixões, arte e especulações, e onde as somas em jogo são, às vezes, fontes de intrigas e de manobras duvidosas.

As numerosas particularidades são contadas por uma vintena de testemunhas que conhecem esse meio desde os anos 1970, e que trazem um ponto de vista inédito sobre essas pequenas histórias que marcam o mercado dos originais a partir de mais de quarenta anos.

Escrito por François Deneyer (autor de duas obras consagradas a Jijé e criador de uma trintena de exposições consagradas à história em quadrinhos), esse livro propõe uma análise aprofundada e uma exploração jubilatória desse universo perfumado a grafite e a nanquim.


N. C.: Texto da contracapa.


Petites Histoires Originales © François Deneyer, asbl Musée Jijé 2016

Agradecimentos a François Deneyer.

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur


Afrânio Braga