domingo, 6 de abril de 2014

Blueberry e Lucky Luke

Blueberry

Em matéria de western, Blueberry constitui a referência absoluta. Foi em 1963, que é criado esse personagem, para “Pilote” (1), por Charlier e Giraud. Eles estabelecem de saída um sólido soldado que surge como o sósia de Belmondo (2). A semelhança se esfumaça ao longo dos episódios.

Blueberry é um cabeçudo: tinhoso, nem sempre respeitador do rigor militar, indisciplinado, ele não hesita, às vezes, em desertar para melhor completar suas missões. O roteiro utiliza todos os lugares comuns do western americano, com tudo quilo que ele precisa de reviravoltas e personagens pitorescos (Mc Clure (3), Angel Face (4), Red Neck, Chihuahua Pearl (5), etc. - sem contar os índios que são reabilitados pelos autores, ponto de vista adotado também em “Cartland” (6)).

Paralelamente ao ciclo clássico da saga de “Blueberry”, Giraud desenha, entre 1968 e 1970, a juventude do futuro tenente (7). Essa “série” retoma seu curso, em 1985, sob o lápis de Colin Wilson (8), muito respeitador do estilo imposto por Giraud. Os álbuns, sucessivamente, têm sido editados por Dargaud (22 títulos, o essencial da base), em seguida por Fleurus/Hachette (9) (10), depois por Novédi (11) e enfim por Alpen (12) para a novidade desenhada por Vance (13). A Dargaud inicia a reedição dos álbuns “Blueberry” (14) com novas maquetes e novas cores (15).

Fonte: Dargaud Éditeur.
Fonte da imagem: Louis-Hughes Jacquin: detalhe da capa de “Blueberry” nº 3 “L’Aigle solitaire” (“A Águia Solitária”).

N. C.: 1) “Blueberry” foi lançado na revista “Pilote” Nº 210, de 31 de outubro de 1963, Dargaud Éditeur. 2) O ator francês Jean-Paul Belmondo. 3) Jimmy Mc Clure. 4) Angel Face, apelido de Marmaduke O’Saughtnessy, jovem assassino de aluguel.  5) Chihuahua Pearl, apelido de Lily Calloway, bela cantora e dançarina de saloon, cuja carreira estava no auge em Chihuahua, capital do Estado de Chihuahua, México. 6) Jonathan Cartland, personagem western, de uma série homônima, criado pelo roteirista Laurence Harlé e pelo desenhista Michel Blanc-Dumont e lançado, em 1974, em “Lucky Luke”. 7) Histórias publicadas em “Pocket Pilote” e relançadas em álbuns – “La Jeunesse de Blueberry” (“A Juventude de Blueberry”), 1975, “Un Yankee nommé Blueberry” (“Um Ianque Chamado Blueberry”), 1978 e “Cavalier bleu”, 1979. 8) Colin Wilson desenhou seis álbuns da série “La Jeunesse de Blueberry” (“A Juventude de Blueberry”) – três com roteiros de Jean-Michel Charlier e três com roteiros de François Corteggiani, o atual roteirista da série – de 1985 a 1994. 9) A editora Fleurus publicou “La Longue Marche” (“A Longa Marcha”), em 1980. 10) A editora Hachette publicou “La Tribu fantôme” (“A Tribo Fantasma”), 1982, e “La Dernière carte” (“A Última Cartada”), 1983. 11) A editora Novédi publicou “Le Bout de la piste” (“O Fim da Pista”), em 1986. 12) A editora Alpen Publishers publicou “Arizona Love” (“Arizona Love”), volume 23 de “Blueberry”, em 1990, “Sur ordre de Washington” e “Mission Sherman”, respectivamente o primeiro e o segundo volume de “Marshal Blueberry”, em 1991 e 1993. 13) William Vance desenhou, com roteiros de Jean Giraud, os dois primeiros álbuns da série “Marshal Blueberry”, que foi concluída, no terceiro álbum, “Frontière sanglante”, 2000, pelo roteirista Jean Giraud e pelo desenhista Michel Rouge. 14) A Dargaud publicou “Blueberry” de “Fort Navajo”, 1965, a “Nez Cassé” (“Nariz Partido”), 1980; retomou a publicação, em 1995, com “Mister Blueberry”, e relançou os álbuns publicados pelas demais editoras. 15) Os álbuns da série “La Jeunesse Blueberry” (“A Juventude de Blueberry”) desenhados por Michel Blanc-Dumont, foram pintadas, à exceção de “Gettysburg”, por Claudine Blanc-Dumont, a sua esposa, falecida em 10 de outubro de 2012, que também repintou vários volumes da série “Blueberry”.

Blueberry por Jean Giraud.
Fonte da imagem: comics-historietas.


Capa de "Blueberry" nº 28 "Dust", Dargaud Éditeur.


Lucky Luke

Esse personagem imortal percorre, desde 1947, a História do Oeste americano. Ele tem encontrado personagens célebres (Jesse James, Calamity Jane, Billy the Kid, Sarah Bernhardt...). Lucky Luke é o homem das missões impossíveis, o defensor dos fracos, das viúvas e dos órfãos! Seu cavalo, Jolly Jumper, é um perfeito companheiro desse "poor lonesome cowboy". Os irmãos Dalton erguem-se perpetuamente sobre o caminho de Lucky Luke, isso que permite a esse último de persegui-los continuamente e de confiá-los à justiça. Outro personagem tradicional da série: Rantanplan, o cão mais estúpido do faroeste.

Lucky Luke é, com Asterix e Tintin, o mais célebre personagem da História da história em quadrinhos: essa série, acessível a todos, é tornada um mito graças a Morris e Gosciny. Esse personagem tem feito o essencial de sua formidável carreira nas páginas de “Spirou”, “Pilote” e “Le Journal de Lucky Luke”. Uma exploração merchandising e audiovisual (a qual nos Estados Unidos) tem permitido introduzir Lucky Luke junto de uma muito grande camada da população e junto de várias gerações de leitores. A notar que após o falecimento de Goscinny, vários roteiristas têm trabalhado na série: Vicq, De Groot, Fauche e Léturgie, Lodewijk, Lo Hartog Van Banda e Vidal. Uma parte dos álbuns de Lucky Luke foram editados pelas edições Dupuis. Todos os outros álbuns foram editados pela Lucky Comics.

Capa de “Lucky Luke” nº 21 “Daisy Town”, Lucky Comics.

Fonte: Dargaud Éditeur.


Lucky Luke acaba de alcançar 25 anos!

Dezembro de 1971, Lucky Luke tem 25 anos!

Para festejar dignamente o acontecimento, toda a equipe de “Pilote” se mobiliza para realizar um número especial “poor lonesome cowboy” (1). Brétécher, Got, Solé, Gotlin, Druillet, Martial, Briden, Loro se põem ao trabalho e Giraud em exclamar: “Eu sou capaz de desenhar Lucky Luke, eu posso fazê-lo!”. Logo dito, logo feito e Giraud oferece uma página extraída de “Pied tendre” como presente de aniversário. Para agradecer, Morris faz igual com uma página extraída de “La Mine de l’Allemand perdu”. E eis o resultado dessa troca de cortesias entre dois especialistas em western com estilos tão diferentes.

N. C.: 1) “Pilote” nº 631, 9 de dezembro de 1971, em cuja foram publicadas as pranchas "Lucky Luke. Pied tendre" por Jean Giraud e "Lucky Luke. La Mine de l'Allemandu perdu" por Morris.


Lucky Luke © René Goscinny, Morris e Jean Giraud 1971. Lucky Luke © René Goscinny e Morris 1967-1968

Lucky Luke © Jean-Michel Charlier e Morris 1971. Blueberry © Jean-Michel Charlier e Jean Giraud 1969

Fonte: Louis-Hugues Jacquin.


Homenagem a Jean Giraud

Em 2013, Hervé Darmenton, dito Achdé (nome artístico com as iniciais do seu nome, H-D), roteirista e desenhista francês de história em quadrinhos, entre as quais “Les Aventures de Lucky Luke d’Aprés Morris”, fez uma homenagem a Jean Giraud e, consequentemente, a Blueberry, Lucky Luke e seus autores, inspirado em duas ilustrações, publicadas no artbook “Blueberry’s”, realizadas pelo genial mestre falecido em 10 de março de 2012.



“Blueberry’s”, página 39. Acrílica e bico de pena. Pôster, Ed. Stardom, 1995. Blueberry, com Pearl, duelando em um saloon. A homenagem de Achdé nas suas próprias palavras: “Eu me diverti em transcrever à minha maneira duas ilustrações do saudoso Jean no mundo de Lucky Luke. Um pequeno exercício de estilo extrovertido dos enquadramentos “à la Morris””.




“Blueberry’s”, página 41. Acrílica e bico de pena. Pôster, Ed. Stardom, 1996. Blueberry, Jimmy McClure e Red Neck na apresentação de Chihuahua Pearl em um saloon. No desenho de Achdé, também estão presentes os Irmãos Dalton, os maiores adversários de Lucky Luke - no camarote do saloon.

Fonte: Afrânio Braga e Louis-Hughes Jacquin.
Fonte das imagens: BDGest: ilustrações de “Blueberry’s”. gribouillachde: desenhos de Achdé.

Afrânio Braga


Blueberry nº 28 Dust © Jean-Michel Charlier, Jean Giraud, Dargaud Éditeur 2005
Blueberry © Jean-Michel Charlier, Jean Giraud, Dargaud Éditeur
Lucky Luke © Morris, Goscinny, Dupuis
Lucky Luke © Morris, Goscinny, Lucky Comics
Les Aventures de Lucky Luke d’Aprés Morris & Goscinny © Autores diversos, Lucky Comics
Blueberry’s © Jean-Michel Charlier, Jean Giraud, Stardom Éditeur, 1997
Homenagem a Jean Giraud © Achdé 2013


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