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Ficha técnica
Blueberry tome 27 – OK Corral - N&B
Roteiro:
Jean Giraud
Desenhos
e capa: Jean Giraud
Cores:
preto e branco
Volume:
27
Data
de publicação: 2 de dezembro de 2016
Paginação:
56 páginas
Gênero:
Western
Preço:
18,95 €
Formato:
30x40 cm
Público:
Todos os públicos – Família
Dargaud
Éditeur, Paris, França
Fonte:
Dargaud Éditeur.
N.
C.: A capa apresenta um desenho inédito - de Mister Strawfield chegando em
Lucky Hand, mina de prata de sua propriedade - baseado no quadrinho 1 da
prancha 1 do álbum “OK Corral”.
Resumo de “Blueberry”
tome 27
De
Tombstone, de OK Corral, a lenda não tem retido que um famoso duelo coletivo
que tem visto, em uma manhã de 1881, quatro célebres vigaristas, o clã Clanton
e McLaury, tombar sob as balas dos não menos ilustres irmãos Earp, apoiados por
Doc Holliday. Mas esse foi, longe de ser o único acerto de conta que teve por
quadro, nesse dia ali, o mítico sangramento perdido do Arizona, situado a
algumas milhas da fronteira mexicana.
Ao
menos em acreditar que as últimas aventuras de Blueberry, decididamente sempre
nos aparatos quando a História se escreve. Não que se pudesse repreender esse
eterno cabeça de toucinho de ter ido em fuga do perigo e dos aborrecimentos.
Uma vez, não é costume, antes são as amolações e as confusões que têm vindo a
ele.
Desde
que aquele que se fez, doravante, chamar Mister Blueberry parece,
definitivamente, ter virado a costa ao exército e estar resignado à ideia que
Chihuahua Pearl nunca será a mulher de sua vida, ele tem se instalado,
desiludido, mas mais intransigente que nunca, em Tombstone. Mais precisamente
no Bird Cage, lugar mal-afamado, fazendo ofício de hotel, não mal de saloon e,
muito, de casa de jogo, em cujo ele não deixa mais as mesas de jogo.
Deve-se
dizer que Mike Blueberry, desmobilizado, no textual como no figurado, pode se
oferecer um prazer inédito: verificar, dia após dia, que sua sorte insolente
não o tem deixado, embora ele tenha passado, pela primeira vez, desde sua
juventude despedaçada, ao campo dos ricos. Esse Mister Blueberry dispõe, no
presente, de uma pequena fortuna, aquele tesouro dos Confederados, que a ele
tem deixado o presidente Grant em ressarcimento de seus numerosos anos
desperdiçados, de sua honra manchada por tempo demais.
É,
por conseguinte, para tirar uma linha, esquecer e se fazer esquecer que nosso
anti-herói miraculoso é vindo pousar em Tombstone. Um elegante reservista porta
a garrafa e o charuto, taciturno jogador divertindo-se nas alegrias de um
relativo anonimato em uma cidade mineira que já conta seu pequeno lote de
celebridades: os irmãos Earp – Wyatt, Virgil e Morgan -, que tentam fazer
reinar a lei ali, seu companheiro Doc Holliday, assim como os notórios fora da
lei do clã Clanton-McLaury. E, certamente, a vedete do Bird Cage, a morena
ardente Dorée Malone, cantora, dançarina e anfitriã de charme e de talento
incontestáveis.
Evidentemente,
se dirá que, em tal ambiente, nosso ex-tenente cabeça quente, rebelde a toda
figura de autoridade, alérgico a toda violência gratuita ou interesseira, e
sedutor, apesar dele, não poderia ficar tranquilo muito tempo. E, portanto, não
é seu natural, mas seu passado que vai apanhá-lo. Sob os traços de um pai
desejoso de vingar a morte de seu filho suicida, infeliz perdedor de uma
partida de pôquer contra Mike, de um escritor, desembarcado de Boston, vindo
recolher as memórias do homem que salvou a vida do Presidente dos Estados
Unidos e de um valoroso chefe indígena pressionado que ele cruzou outrora,
Gerônimo.
Da
mais estranha e inesperada das maneiras, Blueberry é condenado a faltar na
ação. Ao fim do primeiro álbum desse ciclo, iniciado em 1995, em cujo “OK
Corral” é o quarto volume, ele desmorona, o corpo trufado de chumbo. Morto. Ou
quase.
No
começo do episódio seguinte (“Ombres sur Tombstone”), ele retorna penosamente à
vida. Um divino renascimento que o verá, por um
bom momento, pregado à cama, cuidado pela deliciosa Dorée. A ocasião sonhada
para, enfim, se retornar, tirar ensinamento de seu tumultuado passado. Para que,
restabelecido, ele possa de novo avançar e, sobretudo, fazer explodir a
verdade, tentar salvar a cabeça de um bravo guerreiro, injustamente enganado e
acusado. Essa narrativa (“Géronimo, l’Apache”), ofegante, hesitante, sem
cessar, interrompida por seu frágil estado de saúde, ele a confia ao biógrafo
bostoniano, satisfeito, aterrorizado.
Enquanto
Blueberry revive, em sua cabeça, suas façanhas e erros passados, entorno de
Tombstone, os homicídios, os complôs e os golpes recheados se multiplicam.
Garoto embriagado de vingança, assassino contratado, com costumes de serial killer seriamente perturbado,
poderoso homem de negócios sem piedade, jovem apaixonado revoltado pelo
assassinato de sua noiva, uma tropa de sanguinários e gananciosos fanfarrões,
de altivos e arrogantes justiceiros e um punhado de Apaches manipulados:
lentamente, todos esses indivíduos violentos – por natureza ou por necessidade
–, de interesses divergentes, progridem rumo a uma inevitável tragédia.
Tal
é a trama, que não cessa de aumentar em intensidade tudo ao longo do
terrificante e palpitante duelo no OK Corral. Um atordoante e sombrio western
de ação duplicado do mais apaixonante dos percursos iniciadores, uma
vertiginosa colocação em abismo totalmente dominado, o resultado de uma das
mais longas, mais inspiradas passagens de testemunha da história da HQ.
Pois
como não ver nessa morte simbólica de Blueberry, nesse vai e vem incessante
entre o passado e o presente, uma monumental homenagem a Jean-Michel Charlier,
criador e roteirista da série até seu falecimento em 1989? Imobilizando,
temporariamente, seu personagem principal, Jean Giraud fez Mike portar o luto
de seu cogenitor de gênio, o força a considerar a existência excepcional e
insensata que o ex-tenente tem feito ele conduzir, as colossais experiências
vividas e bagagem psíquica que Blueberry tem legado a ele.
E
o desenhista de levantar o desafio com brio, de afirmar-se mais que digno de
prosseguir a aventura só, imaginando uma intriga rica, abundante e sofisticada,
na imagem de seu traço único, inúmeras vezes imitado, e sempre, quarenta anos
depois, em progresso.
O
ciclo Mister Blueberry inscrito, desde seu título em duplo sentido
(Mister/mistério) e ao desvio de cada prancha, sob o símbolo da dualidade (ele
poderia ser, de outro modo, da parte de um homem que abriga nele dois
desenhistas perfeitos, Giraud e Moebius, com estilos radicalmente opostos?) é
uma espantoso sucessão de audácias, tanto roteirísticas quanto gráficas.
Ao
mínimo não sendo de haver ousado, à maneira do jogo permanente e saboroso,
entre ficção e realidade, que Charlier se autorizava com a História e os mitos
do Oeste, de fazer tanto mesmo com a história de seu herói: Campbell, o
escritor, ele não cessa de tentar reescrevê-la?
Giraud,
na mais moderna das narrativas de Blueberry, revisita, assim, um dos maiores
clássicos do western, “L’Homme qui tua Liberty Valance” (1), onde se ouve essa
réplica imortal: “Se a lenda é mais bela que a verdade, imprima a lenda.” Em
2003, se isso já não está feito, Blueberry entra definitivamente na lenda. Do
Oeste ou da história em quadrinhos? Mistério...
Os
originais de Jean Giraud, escaneados em altíssima definição, e a sensação
última de tocar as pranchas tais como o mestre incontestado do desenho as
entregou. Essa edição, em grande formato, é um regalo absoluto para todos os
amantes da história em quadrinhos, uma magistral lição de beleza.
Fonte:
Dargaud Éditeur.
N. C.: 1) “L’Homme qui tua Liberty Valance”: “The Man Who Shot Liberty Valance” (título original em
inglês; “O Homem que Matou o
Facínora”, título no Brasil), filme western, de 1962, dirigido por John Ford. O
roteiro foi adaptado de um conto da escritora Dorothy M. Johnson. Com John
Wayne, James Stewart, Lee Marvin, Vera Miles, Andy Devine e grande
elenco. Fonte: Wikipédia, com adaptações.
Blueberry
tome 27 OK Corral N&B © Jean-Michel
Charlier, Jean Giraud, Dargaud Éditeur 2016
Afrânio Braga
Edições
do grupo Média-Participations na Amazon Brasil. Acesse a livraria por um dos links
abaixo:
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