domingo, 5 de fevereiro de 2017

“La Jeunesse de Blueberry”, as últimas histórias

“La Jeunesse de Blueberry”, as últimas histórias 




Após o ciclo de “La Jeunesse de Blueberry” em quatro volumes, desenhado por Michel Blanc-Dumont, se inicia uma sequência de histórias em dois volumes, com textos sempre de François Corteggiani, onde ainda uma vez Allan Pinkerton se revela a figura chave da série por conceber planos que garantem a supremacia da União.




No segundo ciclo, de fato, Pinkerton ordena a Mike e aos seus dois companheiros, o sargento Grayson e Homer, de ir recuperar Richard Jordan Gatlin, o inventor da metralhadora que dele recebe o nome, feito prisioneiro dos Confederados para obrigá-lo a inventar novos tipos de armas para o Sul.




Com o trio está também o agente secreto William Baumhoffer, fiel a Pinkerton, um personagem doravante recorrente, que parece superar Mike nas decisões a tomar e em ajudá-lo nos momentos de necessidade. Os autores parecem querer quase reduzir Mike a uma coadjuvante.




A ideia de fazer transitar os protagonistas no México, invadido pelo exército francês guiado pelo arquiduque Maximilien, enviado por Napoleão III para conquistar um império na América Latina, é válida. E, de fato, Mike se encontra com um destacamento do exército invasor.

Entre os raptores de Gatling destaca-se Snake, um pistoleiro sulista sem escrúpulos e piedade.




Há também a bela mexicana, Soledad San Miguel, que alguns anos após os acontecimentos narrados dará à luz um menino de nome Doroteo Arango, mais conhecido como Pancho Villa, o qual, como Corteggiani se precavera de advertir os leitores em uma vinheta, encontrará muito tempo depois um Blueberry envelhecido, para reunir-se no terceiro episódio da série “Les Gringos” escrita por Jean-Michel Charlier.



14. “Le Boucher de Cincinnati” (Dargaud, 2005)

Il macellaio di Cincinnati
Volume Alessandro Editore, 2005
“Skorpio” do nº 23 ao nº 26 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 23, Gazzetta dello Sport, 2015



15. “La Sirène de Veracruz (Dargaud, 2006)

La sirena di Veracruz
Volume Alessandro Editore, 2006
“Skorpio” do nº 27 ao nº 30 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 24, Gazzetta dello Sport, 2015






O terceiro ciclo torna a trazer Mike e os leitores no auge da guerra civil, com cenas de batalha, entre Norte e Sul, bem realizadas. A narrativa, dessa vez, versa sobre as origens indígenas do sargento Grayson e sobre um trem carregado de ouro proveniente das sucursais londrina e parisiense do banco Rothschild. Na narrativa entram em jogo também o presidente Lincoln e o fim inglorioso da Nação Cherokee.





16. “100 dollars pour mourir” (Dargaud, 2007)

“100 dollari per morire”
Volume Alessandro Editore, 2007
“Skorpio” do nº 31 ao nº 33 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 24, Gazzetta dello Sport, 2015



17. “Le Sentier des larmes” (Dargaud, 2008)

“Il sentiero delle lacrime”
Volume Alessandro Editore, 2009
“Skorpio” do nº 34 ao nº 36 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 25, Gazzetta dello Sport, 2015






O quarto ciclo vê sempre Pinkerton puxar a fila de uma tarefa para salvar a sombrinha do general Sheridan raptada pelos sulistas. O agente Baumhoffer e Mike são encarregados do resgate. No curso da narrativa encontramos um jovem general Custer. 





18. “1276 âmes” (Dargaud, 2009)

“1276 anime”
Volume Alessandro Editore, 2009
“Skorpio” do nº 37 ao nº 40 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 25, Gazzetta dello Sport, 2015



19. “Redemption” (Dargaud, 2010)

“Redenzione”
Volume Alessandro Editore, 2010
“Skorpio” do nº 41 ao nº 44 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 26, Gazzetta dello Sport, 2015






O último volume (por ora) é articulado sobre a batalha de Gettysburg, em cuja Mike, mais uma vez, parece uma folha ao vento que esvoaça de um campo a outro com uma sorte descarada. As pranchas de Blanc-Dumont sobre as cenas de guerra são de manual. A capa é uma reinterpretação daquela do primeiro volume de Giraud sobre a Jeunesse.



20. “Gettysburg” (Dargaud, 2012)

“Gettysburg”
Volume Alessandro Editore, 2012
“Skorpio” do nº 37 ao nº 40 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 26, Gazzetta dello Sport, 2015



Em nossa opinião, Corteggiani teria podido tranquilamente reduzir a extensão dos ciclos porque Blanc-Dumont tem utilizado grandes vinhetas sobre três tiras por páginas, com muitas cenas mudas que dilatam a ação; felizmente a arte do desenhista supre essa “artimanha”.




Em uma das tantas entrevistas, Blanc-Dumont responde assim à pergunta sobre Blueberry e Jonathan Cartland, personagens tão opostos:

À época, em cuja Laurence Harlé e eu temos criado Cartland, tínhamos um verdadeiro desejo de contar uma história próxima aos temas de “Mais Forte que a Vingança” ou “Pequeno Grande Homem”. Enquanto Gir tem iniciado nos anos Sessenta em plena idade de ouro do western. É essa diferença de cultura que tem determinado as nossas diferenças. Às referências cinematográficas, bibliográficas e iconográficas se acrescentavam as preocupações do fim dos anos Setenta: a guerra, a ecologia, a incompreensão racial e o choque das culturas. Mas o western no cinema é sempre o reflexo da época em cuja é filmado. Não é um acaso que “Pequeno Grande Homem” foi filmado durante a Guerra do Vietnam.




Rebatemos a sutil desilusão para como foi realizada a sequência de um personagem ícone da HQ francesa, mesmo se não era fácil recolher a herança de Charlier e Giraud. Desejamos que no futuro sejam escolhidos autores (Boucq, Rouge, Jodorowsky, por exemplo) que saibam dar um (re) choque ao nosso Mirtilo favorito.




Fonte: Blog Zona Bédé, Itália.

N. C.: Em 4 de dezembro de 2015, a editora Dargaud publicou “Le Convoi des bannis”, o volume 21 da série “La Jeunesse de Blueberry”, com roteiro de François Corteggiani e desenhos de Michel Blanc-Dumont.

La giovinezza di Blueberry, le ultime storie © Zona Bedé 2015

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.

La Jeunesse de Blueberry © François Corteggiani / Michel Blanc-Dumont - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

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