BIOGRAFIA
Jean
Giraud
é nascido em 8 de maio de 1938, em Nogent-sur-Marne, França. Seus pais se divorciam
então quando ele tem três anos e ele é educado, em parte, por seus avós. Todavia
é graças a seu pai que ele faz uma descoberta importante para si, entre quinze
e dezesseis anos: aquela da literatura de ficção científica, que ele lê nas
páginas da revista “Fiction”.
Após dois anos nas Arts Appliqués, ele desamarra
a história em quadrinhos no profissional. Ele começa em “Far West” e colabora
nas revistas católicas como “Coeurs Vaillants”. Cerca de 1955, ele parte e se
reúne à sua mãe, que vive no México, onde ela é casada. Ali, ele descobre, ao
mesmo tempo, a maconha, o be-bop e as experiências da idade adulta. Mais que um
título, Jean Giraud tem considerado o México como terra de predileção, até
dizer que, de certo modo, Moebius é nascido no México.
O retorno à França o faz desencantar-se.
Ele parte para o exército, passa seis meses na Alemanha e o resto na Argélia,
onde ele é, primeiramente, telefonista, depois ligado à vigilância de um
depósito de material. Ele não combate; ele passa todo o seu tempo livre a
desenhar.
De retorno ao continente, ele toma
contato com Joseph Gillain, dito Jijé, um dos pilares do hebdomadário belga
“Spirou”. Giraud se torna seu discípulo e colabora em uma das criações do
mestre, o western Jerry Spring, para
o episódio intitulado La route de
Coronado. Na França, o hebdomadário “Pilote”, fundado notavelmente por René
Goscinny, desejava ter uma série western. Sob a assinatura de Gir, é o começo
da colaboração com Jean-Michel Charlier. Ele gera Fort Navajo, denominação de origem das aventuras de Mike Steve Blueberry, que prosseguem
ainda hoje. Aparece no número de “Pilote” de 31 de outubro de 1963, a série
encontra um sucesso sempre maior a cada novo episódio. Ela conta, hoje, mais de
24 álbuns periodicamente reeditados.
Através dessa série, que constitui o
verdadeiro aprendizado de Giraud, o desenhista se liberta pouco a pouco da
influência de Jijé. Sob sua impulsão, o roteiro evolui igualmente e integra os
ingredientes estilísticos vindos do cinema, de John Ford a Sergio Leone
passando por Sam Pekinpah. Blueberry
adquire assim um tom moderno e dramático que ultrapassa os modelos da história
em quadrinhos franco-belga para a juventude. Na opinião dos aficionados, os
melhores episódios são os dois pórticos de La
Mine de l’Allemandu perdu e Le
Spectre aux balles d’or, e o ciclo Chihuahua
Pearl, L’Homme qui valait 500 000 $,
Ballade pour un cercueil, Le Hors-la-loi e Angel Face.
A assinatura Giraud, ou Gir, representa,
nessa fase, o desenhista de inspiração clássica ou neoclássica. Todavia outra
vertente criativa se desenvolve nele, para a qual ele assinará Moebius. A
princípio, para abordar uma veia satírica, na linha da revista americana “Mad”.
São as estreias do rótulo Moebius para a mensal, tola e travessa “Hara Kiri”, onde
ele desenha história curtas de humor negro. Mas, breve, a dualidade Gir/Moebius
vai tomar, totalmente, outra amplitude.
Em 1965, uma nova viagem ao México se
salda para uma decepção: Giraud se confronta com a solidão e a angústia. Ele
experimenta, pela primeira vez, os cogumelos alucinógenos. Quando ele volta,
ele se consagra, muito seguro, em sua produção para “Pilote”, mas aborda
igualmente a ficção científica pelo viés da ilustração ou do cartaz. Ele
colabora, regularmente, com as edições Opta, para o Club du Livre
d’Anticipation ou as revistas “Fiction” e “Galaxie”.
Enfim, entre 1973 e 1974, ele assina,
para “Pilote”, algumas histórias ao tom novo e livre, que anunciam a revolução
Moebius, em particular “La déviation”, que marcará gerações de desenhistas. Mas
é, então, um fenômeno mais vasto que atrai: o nascimento, na França, da
história em quadrinhos de autor ou, se quisermos, da história em quadrinhos “adulta”,
em cuja Moebius será uma das mais importantes referências através da revista
“Métal Hurlant”.
Uma diferença sobrevinda com seu editor
francês, Dargaud, a propósito de “Blueberry”, conduz à interrupção provisória
da série, durante quatro anos, de 1975 a 1979. A criação da revista “L’Echo des
Savanes”, em 1972, e o movimento da história em quadrinhos “adulta”, na França,
derivado do underground americano e
do desejo de ser libertar da censura ou dos limites impostos pela imprensa
jovem, permitem a Moebius florescer. Em 1974, ele publica, nas edições du
Fromage (emanação de “L’Echo des Savanes”), Le Bandard Fou. No mesmo ano, Etienne Robial publica o primeiro
álbum de história em quadrinhos que menciona, na capa, o nome do autor (e não
aquele de um personagem): é Gir, em Futuropolis.
1975 é uma nova data histórica: ela vê a
reunião de Moebius, Druillet, Dionnet e Farkas para a criação de “Métal
Hurlant” e de sua editora, Les Humanoïdes Associés. A assinatura Moebius ali
encontra totalmente seu sentido e gera, com um grande êxito experimental e uma
nova força de expressão, criações regularmente citadas entre as obras-primas incontestáveis
da história em quadrinhos: Arzach,
em 1976, Cauchemar Blanc, em 1977
(para “L’Echo des Savanes”), Les yeux du
chat, com Alejandro Jodorowsky, em 1978, e Major Fatal ou Le Garage
hermétique, em 1979. Cada uma a seu modo, essas obras revolucionaram a
compreensão da história em quadrinhos e impeliram os limites criativos.
Um novo período se abre, então, para
Moebius. Seu encontro com Alejandro Jodorowsky, sobre o projeto inacabado do
filme Dune, de uma parte o leva à
criação de L’Incal, de outra parte o
lança sobre múltiplas colaborações cinematográficas: Alien, do diretor Ridley Scott, o desenho animado de René Laloux, Les Maîtres du Temps, ou Tron, de Steven Lisberger, que integra
as sequências animadas por computador.
Paralelamente, Moebius conhece uma
entrega em causa existencial radical: se apaixonando pelas doutrinas
espirituais, logo ele se junta ao grupo Isozen, dirigido por Appel-Guéry. Ele
abandona tabaco, álcool ou toda outra substância produzida nos paraísos
artificiais, para se tornar vegetariano, se estabelecer durante alguns anos em
Béarn, próximo de Pau, depois se evaporar para o Tahiti, quando o grupo vai se
implantar. Sua estadia será de breve duração.
Atraído pelo cinema, ele se instala em
Los Angeles e toma suas distâncias com Isozen. L’Incal torna-se um sucesso e o equivalente em notoriedade para
Moebius, de Blueberry para Gir! Ele divide, então, sua existência entre Los
Angeles e Paris. Em 1984, ele cria, com Jean Annestay e Gérard Bonysse, uma
pequena editora em Paris, AEdena, que se consagra nas tiragens limitadas das
imagens de Moebius, nas coletâneas de suas ilustrações, assim como em um novo
ciclo de história em quadrinhos: Le
Monde d’AEdena, hoje retomado por Casterman.
Em Los Angeles, ele cria, com sua esposa
Claudine, Jean-Marc e Randy Lofficier, uma sociedade que o representa,
Starwatcher Graphic, e que vai permitir a tradução de sua obra completa, em
luxuosas graphic novels, pela Marvel, coroando assim sua dimensão de artista
internacional. Flexionando-se, de bom grado, aos costumes locais, Moebius
desenha, mesmo em 1988, dois episódios de um super-herói lendário: o Surfer d’Argent, sobre um roteiro de
seu criador, Stan Lee. Um de seus projetos mais importantes consiste em retomar
seu personagem fetiche, o Major Grubert,
e em estender Le Garage hermétique
às dimensões de um ciclo em diversas facetas.
Os anos 1988 e 1989 inauguram um novo
período para Giraud/Moebius. Ele coloca termo à sua “aventura americana”, volta
à França e altera o curso da sua vida, tanto naquilo que concerne sua vida
privada, quanto suas atividades profissionais.
No terreno editorial, ele não fica
inativo. A assinatura de Moebius vai, doravante, aparecer, muito regularmente,
no catálogo das edições Casterman, através de múltiplas criações. O
desenvolvimento do universo criado, primeiramente, na época das edições Aedena,
com o ciclo Le monde d’Edena (4
álbuns publicados). Em paralelo, sempre no registro onírico e instintivo, que
caracteriza seu tratamento da ficção científica, Moebius publica, pela mesma
editora, várias coletâneas de imagens (a última, em data, se intitula Fusions) reunindo uma boa parte de sua
produção “fora HQ”: rascunhos, estudos, aquarelas, ilustrações, etc. Enfim,
Casterman acolhi, igualmente, outra faceta de sua inspiração: muito admirador da
obra de Winsor McCay, Moebius propõe uma nova adaptação, em dois volumes, do
célebre Little Nemo (Le bon roi, Le mauvais roi), desenhada por Bruno Marchand.
Com seu velho cúmplice, Alejandro
Jodorowsky, ele inaugura, além disso, por Les Humanoïdes Associés, uma nova
série, Le cœur couronné: dois álbuns
são publicados (La folle du Sacré-Cœur,
Le piège de l’irrationnel), um
terceiro está, atualmente, em preparação.
Durante esse período, sempre atraído
pelo audiovisual e a animação, Giraud/Moebius fica em contato com o melhor do
cinema na França, como nos Estados Unidos, mas nenhum dos grandes projetos que ele
havia iniciado, quer seja Le Garage
hermétique, com o desenhista japonês Otomo, ou Starwatcher, longa metragem inteiramente em imagens de síntese, de
cujo cinco minutos têm sido realizados, não verá finalmente a luz.
Enfim, no capítulo das atividades, não
se integrando em um ciclo preexistente, Moebius tem assinado, aqui e ali,
alguns livros atípicos como Les
Histoires de Monsieur Mouche (com Jean-Luc Coudray, nas edições Hélyode),
criado uma pequena estrutura editorial, Stardom
(serigrafias, objetos, etc.), com sua ex-esposa Claudine, e visto se erigir um
fã-clube, que publica a Moebius Groove,
revista dando conta da atualidade da sua produção.
Mas se Moebius revela-se prolífico, Jean
Giraud não desaparece da paisagem para tanto. Sempre como roteirista, retoma,
pela Casterman, o personagem Jim Cutlass,
criado, na origem, por Jean-Michel Charlier, desenhado por Christian Rossi. 4
álbuns são publicados até o presente, o título do último, Tonnerre au Sud, se permitindo mesmo uma piscadela amigável a
Blueberry.
O qual Blueberry retoma, além disso,
rapidamente ao serviço. Primeiramente em Marshal
Blueberry, desenhado por William Vance, sobre roteiros de Giraud (dois
álbuns publicados, um terceiro a publicar proximamente) e, em seguida, em Arizona Love, títulos, inicialmente,
publicados por Alpen e retomados, depois, por Dargaud que, doravante, publica
todas as novidades da série, notavelmente esse “Mister Blueberry” que aparece
nestes dias.
N.
C.: Jean Giraud, dito Moebius, falece em 10 de março de 2012 em Paris, França.
BIBLIOGRAFIA
GIRAUD
BLUEBERRY
Com
Jean-Michel Charlier (roteiro)
ÉDITIONS
DARGAUD
Fort Navajo
Tonnerre à
l’Ouest
L’Aigle solitaire
Le Cavalier
perdu
La Piste des
Navajos
L’Homme à
l’étoile d’argent
Le Cheval de
fer
L’Homme au
poing d’acier
La Piste des
Sioux
Général
“Tête Jaune”
La Mine de
l’Allemand perdu
Le Spectre
aux balles d’or
Chihuahua
Pearl
L’Homme qui
valait 500 000 $
Ballade pour
un cercueil
Le
Hors-la-loi
Angel Face
Nez Cassé
Arizona Love
Mister
Blueberry
ÉDITIONS
DUPUIS
La Longue
Marche
La Tribu
fantôme
La Dernière
carte
Le Bout de
la piste
LA JEUNESSE
DE BLUEBERRY
Com Jean-Michel Charlier (roteiro)
ÉDITIONS DARGAUD
La Jeunesse
de Blueberry
Un Yankee
nomée Blueberry
Cavalier
bleu
François Corteggiani (roteiro) e Colin Wilson (desenho)
Trois hommes
pour Atlanta
Le Prix du
sang
Jean-Michel Charlier (roteiro) e Colin Wilson (desenho)
ÉDITIONS DUPUIS
Les Démons
du Missouri
Terreur sur
le Kansas
Le Raid
infernal
La Poursuite
impitoyable (com François Corteggiani)
MARSHAL
BLUEBERRY
Com William Vance (desenho)
ÉDITIONS DARGAUD
Sur ordre de
Washington
Mission
sherman
JIM CUTLASS
Com Jean-Michel Charlier (roteiro) e Christian Rossi
(desenho)
ÉDITIONS CASTERMAN
Mississippi
River
L’homme de
la Nouvelle Orléans
L’alligator
blanc
Tonnerre au
Sud
CRISTAL
MAJEUR
Com Marc Bati (desenho)
ÉDITIONS DARGAUD
Le cristal
majeur
L’île de la
licorne
Le secret
d’Aurélys
Les immortels
de Shinkara
HORS
COLLECTIONS
ÉDITIONS DARGAUD
L’univers de
Gir
ÉDITIONS FUTUROPOLIS
30x40 : Gir
ÉDITIONS LES HUMANOÏDES ASSOCIÉS
Le lac aux
émeraudes
Le tireur
solitaire
MOEBIUS
JOHN DIFOOL
Com
Alejandro Jodorowsky (roteiro)
ÉDITIONS LES HUMANOÏDES ASSOCIÉS
L’incal noir
L’incal
lumière
Ce qui est
en bas
Ce qui est
en haut
La cinquième
essence 1 : Galaxie qui songe
La cinquième
essence 2 : La planète Difool
Les mystères
de l’incal (com Alejandro Jodorowsky e
Jean Annestay)
LE CŒUR COURONNÉ
Com
Alejandro Jodorowsky (roteiro)
ÉDITIONS LES HUMANOÏDES ASSOCIÉS
La folle du
Sacré-Cœur
Le piège de
l’irrationnel
LE MONDE DU
GARAGE HERMÉTIQUE
Com
Jean-Marc Lofficier (roteiro), Eric Shanower (desenho) e Jerry Bingham (desenho
*)
ÉDITIONS LES HUMANOÏDES ASSOCIÉS
Le prince
impensable
Les quatre
royaumes
Le retour du
Jouk
Les terres
aléatoires *
Le seigneur
d’onyx *
LE MONDE D’EDENA
ÉDITIONS CASTERMAN
Sur l’étoile
Les jardins
d’Edena
La déesse
Stel
LITTLE NEMO
Com Bruno Marchand (desenho)
ÉDITIONS CASTERMAN
Le bon roi
Le mauvais
roi
OBRAS FORA DE
SÉRIE
ÉDITIONS LES HUMANOÏDES ASSOCIÉS
Le garage
hermétique
The long
tomorrow
La citadelle
aveugle
Escale sur
Pharagonescia
Le bandard
fou
Arzach
Les vacances
do Major
Chaos
La
complainte de l’homme-programme
Le
désintégré réintégré
Chroniques
métalliques
Arzach made
in USA
30x30
Les yeux du chat com
Alejandro Jodorowsky (roteiro)
Griffes
d’ange com
Alejandro Jodorowsky (roteiro)
ÉDITIONS AEDENA
La nuite de
l’étoile com
Marc Bati (desenho)
La cité feu com Geoff Darrow
(desenho)
ÉDITIONS GENTIANE
La mémoire
du futur
ÉDITIONS HÉLYODE
Les
histoires du Monsieur Mouche com Jean-Luc Coudray (roteiro)
ÉDITIONS CASTERMAN
Surfer
d’argent com
Stan Lee (roteiro)
Moebius Entrevista com Numa Sadoul
Tueur du
monde
Venise
céleste
Starwatcher
Made in L.A.
Quatre-vingt-huit
Fusions
N. C.:
Bibliografia até 1995.
Fonte: Mister Blueberry Dossier de
presse. Dargaud Éditeur, Paris, França, 1995.
Imagem: Afrânio Braga: Jean Giraud, dito Mœbius,
extraída da biografia publicada em “Mister Blueberry Dossier de presse”.
Mister Blueberry Dossier de presse © 1995 Jean-Michel
Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur
Afrânio Braga
Edições do grupo Média-Participations na Amazon Brasil. Acesse a
livraria por um dos links abaixo:
Muito bem feita essa biografia do grande Jean Giraud. Ele foi com certeza uma das maiores perda que tivemos nos últimos anos.
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