sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Blueberry de Colin Wilson

Blueberry de Colin Wilson




Exaurida a reedição das histórias curtas sobre a juventude de Blueberry, de Jean-Michel Charlier e Jean Giraud, publicadas nos “Super Pocket Pilote”, em 1985 iniciam as histórias longas e originais.

Para substituir, nos desenhos, a Jean Giraud, empenhado em outros projetos, é interpelado o desenhista neozelandês Colin Wilson.




Colin Wilson é um nome pouco notório no âmbito da Bande Dessinée, tem iniciado a trabalhar como ilustrador publicitário e em 1981 se é transferido à Inglaterra, onde tem realizado diversas histórias do Juiz Dredd, publicadas nas páginas da célebre revista “2000 A.D.”. Na França, para a Glénat, desenha a série pós-atômica “Dans l’ombre du soleil”. A sua colaboração às histórias de Blueberry o consagra a nível internacional e no mercado francês. Em 2000, tem desenhado o “Tex Gigante” nº 14, escrito por Claudio Nizzi. Atualmente vive na Austrália e prossegue a sua colaboração com “2000 A.D.”.




O choque para os admiradores de Jean Giraud é grande: no início, Colin Wilson não parece uma escolha feliz, porque em uma primeira olhada, a sua grafia, um pouco nervosa e desenquadrada, deixa-os perplexos, não parece adaptada a uma história em quadrinhos de ambientação western e não pode competir minimamente com aquela de Gir/Moebius. Em efeito, logo o seu Mike consegue conquistar pelo dinamismo complexo das pranchas.




Uma falha do artista são as figuras femininas, por exemplo: Nugget Harrington e madame Elisabeth não têm uma sensualidade minimamente comparável àquela das protagonistas desenhadas por Jean Giraud.




Nos seis volumes realizados por Colin Wilson estamos em plena Guerra de Secessão e as histórias são subdivididas em três ciclos de dois volumes cada um.




O ciclo de Quantrill

Nos primeiros dois volumes, “Les Démons du Missouri” e “Terreur sur le Kansas”, o jovem Blueberry deve ver-se com o famoso Quantrill, chefe de um terrível bando de debandados sulistas, os Bushwhackers, que ensanguentou aquelas terras no imediato pós-guerra.




Na narrativa, Jean-Michel Charlier propõe, portanto, uma história realmente ocorrida, a luta sangrenta entre a milícia de irregulares guerrilheiros de Quantrill contra a brigada de voluntários do Kansas, os Jayhawkers, do senador nortista James Henry “Jim” Lane, luta culminada em atrocidade perpetrada também contra civis inocentes de ambos os contendores.




O autor tem inserido, nos dois títulos, as palavras Missouri e Kansas próprio para sublinhar que os acontecimentos narrados se desenrolam na fronteira entre esses dois Estados.




Na narrativa é reportado o famoso massacre de Lawrence, no Kansas, realizado, em 1863, por Quantrill e pelos seus. Indubitavelmente é uma história deixada pela metade, em cuja os maus não são punidos e a palavra fim não foi escrita por Jean-Michel Charlier, mas pela História, aquela com H maiúsculo.



4. Les Démons du Missouri” (Novedi, 1985)

I demoni del Missouri
“L'Eternauta” do nº 65 ao nº 67, Comic Art, 1988
“Grandi Eroi” 56, Comic Art, 1990
“Skorpio” do nº 35 ao nº 38 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 18, Gazzetta dello Sport, 2014



5. “Terreur sur le Kansas” (Novedi, 1987)

Terrore sul Kansas
“L'Eternauta” do nº 70 ao nº 72, Comic Art, 1989
“Grandi Eroi” 57, Comic Art, 1990
“Skorpio” do nº 39 ao nº 42 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 18, Gazzetta dello Sport, 2014




O ciclo da ferrovia

O segundo ciclo, composto por “Le Raid infernal” e “La Poursuite impitoyable”, é caracterizado pelo falecimento de Jean-Michel Charlier e pela sua substituição por François Corteggiani, notório ao público italiano por haver escrito os argumentos de “Capitan Rogers”, desenhado por Giorgio Cavazzano, e de histórias para a Walt Disney Italia.




Ao jovem Blueberry são associados dois ombros, o sargento Grayson e Homer, homem negro, pelo momento que, por motivos cronológicos, Jimmy Mac Clure e Red Neck não podem ser utilizados nessa série, e para não se distanciar da regra áurea da história em quadrinhos aventurosa que quer, em uma série de sucesso, um trio de protagonistas.




Tomamos também conhecimento com o mau Henri Bowman. Os temas da ferrovia e da prisão (aquela de Rome, na Geórgia), desenvolvidos nessa narrativa, insinuam ao leitor a suspeita que François Corteggiani desenvolve, como se verá melhor em seguida, temáticas já por propostas por Jean-Michel Charlier.





A partir do volume “Le Raid infernal” muda a impostação gráfica da capa com uma imagem que cobre a capa e a contracapa, enquanto é eliminada a figura inteira do protagonista ao lado da lista dos títulos publicados, característica peculiar dos volumes Dargaud desde o início.



6. Le Raid Infernal (Novedi, 1990)

Il raid infernale
“L'Eternauta” do nº 89 ao nº 91, Comic Art, 1990
“Skorpio” do nº 43 ao nº 46 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 19, Gazzetta dello Sport, 2014




7. La Poursuite impitoyable (Novedi, 1992)

L'implacabile inseguimento (“Caccia spietata”)
“L'Eternauta” do nº 110 ao nº 112, Comic Art, 1992
Volume, Alessandro Distribuzioni, 1991
“Skorpio” do nº 47 ao nº 50 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 19, Gazzetta dello Sport, 2014




O ciclo de Atlanta

Em “Trois hommes pour Atlanta (1993) e “Le Prix du sang” (1994), o nosso herói está às ordens do célebre general nortista William Tecumseh Sherman, grande estrategista, mas também grande beberrão, o qual envia Mike, com os dois companheiros, à Atlanta, em mãos dos inimigos, para avaliar o estado das fortificações sulistas antes de lançar um ataque. 




Ao longo da narrativa, encontramos Bowman e um velho conhecido de Mike, o capitão Lewis Norton, seu desafortunado rival no amor e na guerra. Como de sólito, não faltam perseguições, tiroteios, em suma, todo o clássico repertório western e o nosso jovem insubordinado que consegue sair, sempre pronto a salvar quanto mais vidas possível, de qualquer parte que provenham, Norte ou Sul.




Com “Le Prix du sang” se fecha a experiência artística de Colin Wilson com Blueberry, que, como antecipado, não é completamente negativa, pelo contrário! A última prancha mostra um Mike que, após haver beijado Elisabeth, se distancia a cavalo, ao luar, sobre o gênero de “I’m a poor lonesome cowboy”



8. “Trois Hommes pour Atlanta” (Alpen Publishers, 1993)

Tre uomini per Atlanta
“L’Eternauta Presenta” 167, Comic Art, 1997
“Skorpio” do nº 51 de 2013 ao nº 2 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 20, Gazzetta dello Sport, 2014



9. “Le Prix du sang” (Dargaud, 1994)

Il prezzo del sangue
“L’Eternauta Presenta” 169, Comic Art ,1997
“Skorpio” do nº 3 ao nº 6 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 20, Gazzetta dello Sport, 2014


Fonte: Blog Zona Bedé, Itália.
Blueberry di Colin Wilson © Zona Bedé 2015

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud

La Jeunesse de Blueberry © Jean-Michel Charlier, Colin Wilson, Dargaud Éditeur
La Jeunesse de Blueberry © François Corteggiani, Colin Wilson, Dargaud Éditeur

Afrânio Braga


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