terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Blueberry em Portugal

Mister Blueberry, desenho de Jean Giraud.


Blueberry em Portugal

Em 1960, ao pesquisar informações para um episódio de “Buck Danny”, Jean-Michel Charlier fica deslumbrado com a história do far-west. Decide, então, criar um herói que atravesse a época da descoberta do Oeste selvagem norte-americano e convida Joseph Gillain, dito Jijé, para desenhista desta nova série. Sobrecarregado de trabalho, o autor de “Jerry Spring” amigavelmente recusa e aconselha um dos seus alunos, Jean Giraud.

Jean Giraud, assinando Gir, aceita e, em 31 de Outubro de 1963, é publicada a primeira prancha do tenente rebelde do exército norte-americano Mike Steve Donovan nas páginas do nº 210 do semanário “Pilote”.

Curiosamente, a série começou por chamar-se “Fort Navajo”, fortificação perto da fronteira mexicana para onde o tenente Blueberry é destacado para defender a zona dos peles-vermelhas. Corria o ano de 1868.

Jean-Michel Charlier descreve um western autêntico, onde reina a lei do mais forte. Mike “Blueberry” Donovan é um soldado rebelde, indisciplinado, mas justo com os índios, lutando contra a filosofia que “um índio bom é um índio morto”. A história do far-west dos finais do século XIX é retratada com a toda rudeza e frieza daqueles árduos tempos e Jean-Michel Charlier faz Blueberry percorrer o Oeste com os seus bons amigos, o velho beberrão Jimmy McClure, Red Neck, batedor e bom atirador, e a bela Chihuahua Pearl, cantora de saloon e apaixonada do protagonista.


Chihuahua Pearl e Blueberry, no alto, à direita, em um saloon. Desenho de Jean Giraud.


O sucesso da série leva a que inúmeras publicações franco-belgas a publiquem, tais como o “Tintin”, “Super-As”, “Métal Hurlant” e “L'Echo des Savanes”.

A partir de 1968, os criadores da série iniciam a série paralela “A Juventude de Blueberry”. Em 1985, Colin Wilson substitui Jean Giraud neste ciclo, iniciando um novo, onde se retrata a participação de Blueberry na Guerra da Secessão. Com a morte de Jean-Michel Charlier, “A Juventude de Blueberry” passa a ter o argumento da responsabilidade de François Corteggiani e, em 1998, Colin Wilson cede o seu lugar, no desenho, a Michel Blanc-Dumont, o criador do western “Jonathan Cartland”. Finalmente, em 1991, é lançada a trilogia “Marshal Blueberry” com textos de Jean Giraud e desenhos de William Vance, os dois primeiros álbuns, e Michel Rouge, o terceiro álbum. Contudo, desde 2007 não é lançada qualquer nova aventura de “Blueberry”, esperando-se que brevemente aconteça, conforme declarações dos herdeiros de Jean-Michel Charlier.

Em Portugal, apenas a série “A Juventude de Blueberry” não se encontra integralmente publicada. Fica aqui o ensaio de bibliografia portuguesa:

Blueberry

Forte Navajo (Fort Navajo), 1963, Giraud e Charlier, Álbum Editorial Íbis [1969]; Álbum Meribérica [1991]; Jornal da BD #81 a #88

Tempestade no Oeste (Tonnerre à l'Ouest), 1964, Giraud e Charlier, Álbum Editorial Íbis [1969]; Álbum Meribérica [1991]; Jornal da BD #89 a #96

A Águia Solitária (L'Aigle solitaire), 1964, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1993]

O Cavaleiro Perdido (Le Cavalier perdu), 1965, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1983]

A Pista dos Navajos (La Piste des Navajos), 1965, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1984]

O Homem da Estrela de Prata (L'Homme à l'ètoile d'argent), 1966, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1992]; Flecha 2000 #1 a #12; Flecha 2000 (DP) #19 a #27; Jornal da BD #17 a #24

O Cavalo de Ferro (Le Cheval de fer), 1966, Giraud e Charlier, Tintin #6 a #28/4º ano; Álbum Meribérica [1985]; Flecha 2000 (DP) #46 a #54; Álbum Público/ASA [2008]

A Pista dos Sioux (La Piste des Sioux), 1967, Giraud e Charlier, Tintin #14 a #36/7º ano; Álbum Meribérica [1986]; Jornal da BD #249 a #256; Álbum Público/ASA [2008]

O Homem do Punho de Aço (L'Homme au poing d'acier), 1967, Giraud e Charlier, Tintin #9 a #31/6º ano; Álbum Meribérica [1985]; Flecha 2000 (DP) #64 a #72; Álbum Público/ASA [2008]

General Cabeça Amarela (Général Tête Jaune), 1968, Giraud e Charlier, Tintin #11 a #19/9º ano; Álbum Meribérica [1986]; Álbum Público/ASA [2008]

A Mina do Alemão Perdido (La Mine de l'Allemand perdu), 1969, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1988]; Flecha 2000 #13 a #23; Jornal da BD #25 a #32; Álbum Público/ASA [2008]

O Espectro das Balas de Ouro (Le Spectre aux balles d'or), 1970, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1989]; Flecha 2000 #30 a #40; Jornal da BD #33 a #40; Álbum Público/ASA [2008]

Chihuahua Pearl (Chihuahua Pearl), 1970, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1990]; Selecções BD (1ª série) #22 a #26; Álbum Correio da Manhã* [2004]; Álbum Público/ASA [2008]

O Homem que Valia 500 000$ (L'Homme qui valait 500 000$), 1971, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1990]; Selecções BD (1ª série) #33 a #35; Álbum Correio da Manhã*[2004]; Álbum Público/ASA [2008]

Balada para um Caixão (Ballade pour un cercueil), 1972, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1992]; Álbum Correio da Manhã*[2004]; Álbum Público/ASA [2008]

O Fora-da-lei (Le Hors-la-loi), 1974, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1993]; Álbum Correio da Manhã*[2004]; Álbum Público/ASA [2008]

Angel Face (Angel Face), 1975, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1994]; Álbum Público/ASA [2008]

Nariz Partido (Nez Cassé), 1980, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1984]; Jornal da BD #105 a #112; Álbum Público/ASA [2008]

A Longa Marcha (La Longue marche), 1980, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1984]; Jornal da BD #113 a #120; Álbum Público/ASA [2008]

A Tribo Fantasma (La Tribu fantôme), 1982, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1984]; Jornal da BD #129 a #136; Álbum Público/ASA [2008]

A Última Cartada (La Dernière carte), 1983, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1984]; Jornal da BD #161 a #168; Álbum Público/ASA [2008]

O Fim da Pista (La Bout de la piste), 1986, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [198?]; Álbum Público/ASA [2008]

Arizona Love (Arizona Love), 1990, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1991]; Álbum Público/ASA [2008]

Mister Blueberry (Mister Blueberry), 1995, Giraud, Álbum Meribérica [1996]

Sombras sobre Tombstone (Ombres sur Tombstone), 1997, Giraud, Álbum Meribérica [1999]; Selecções BD (2ª série) #1 a #3

Gerónimo, o Apache (Geronimo, l'Apache), 1999, Giraud, Álbum Meribérica [2000]; Selecções BD (2ª série) #18 a #20

OK Corral (OK Corral), 2003, Giraud, Álbum Meribérica [2003]

Dust (Dust), 2005, Giraud, Álbum ASA [2006]

Apaches (Apaches), 2007, Giraud, Álbum Público/ASA [2008]

N. C.: Em 2008, a editora ASA, em parceria com o jornal “Público”, publicou 18 álbuns de “Blueberry”, de 4 de Junho a 1 de Outubro, distribuição semanal às quartas-feiras; a “Colecção Blueberry” começou em “Apaches”, seguido de “O Cavalo de Ferro” até “Arizona Love”. Em 2019, essa parceira lançou mais 10 álbuns de “Blueberry” - também em periodicidade semanal, às quintas-feiras, de 28 de Novembro de 2019 a 30 de Janeiro de 2020 - com as cinco histórias do primeiro ciclo da série, Forte Navajo. As Primeiras Guerras Indígenas, e as cinco histórias do último ciclo, Mister Blueberry. O Rei do Pôquer, ficando de fora “O Homem da Estrela de Prata”.


Capa de "Selecções BD", "Gerónimo, o Apache",
texto e desenhos de Jean Giraud, 
Editora Meribérica.


A Juventude de Blueberry

A Juventude de Blueberry (Le Jeunesse de Blueberry), 1968, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1987]; BDN #1 a #46

Um Ianque Chamado Blueberry (Un Yankee nommé Blueberry), 1979, Giraud e Charlier, Álbum Meribérica [1987]; BDN #62 a #65

Os Demónios do Missouri (Les Démons du Missouri), 1985, Wilson e Charlier, Álbum Meribérica [1987]

Terror no Kansas (Terreur sur le Kansas), 1987, Wilson e Charlier, Álbum Meribérica [1989]

O Raid Infernal (Le Raid infernal), 1990, Wilson e Charlier, Álbum Meribérica [1992]

A Perseguição Implacável (La Poursouite impitoyable), 1992, Wilson e Corteggiani, Álbum Meribérica [1999]

Três homens para Atlanta (Trois Hommes pour Atalanta), 1993, Wilson e Corteggiani, Álbum Meribérica [2003]

Capa de "A Juventude de Blueberry" nº 2, "Um
Ianque Chamado Blueberry", texto de Charlier e
desenhos de Giraud, Editora Meribérica.


Marshal Blueberry

À Ordem de Washington (Sur Ordre de Washington), 1991, Vance e Giraud, Álbum Meribérica [1995]
          
Missão Sherman (Mission Sherman), 1993, Vance e Giraud, Álbum Meribérica [1998]

Fronteira Sangrenta (Frontière sanglante), 2000, Rouge e Giraud, Álbum Meribérica [2002]

Capa de "Marshal Blueberry" nº 1, "À Ordem de
Washington", texto de Jean Giraud e desenhos
 de William Vance, Editora Meribérica.


Fonte: Blog BibloBD.

Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur
Chihuahua Pearl e Blueberry em um saloon © Moebius Production

Afrânio Braga


"Blueberry" nº 15 “Ballade pour un cercueil”

Capa de "Ballade pour un cercueil", uma das reedições.


Prancha 1.


Prancha 2.


Prancha 3.


Prancha 4.


Prancha 5.


Prancha 62.


Ficha técnica

Ballade pour un cercueil”
“Balada para um Caixão”
Roteiro: Jean-Michel Charlier
Desenhos e capa: Jean Giraud
Cores: Quadricromia
Volume: 15
Ano de publicação da primeira edição: 1974
Número de pranchas: 62
Gênero: Western
Preço: 11.99 €
Formato: 22,5x29,8 cm
Público: Todos os públicos – Família
Dargaud Éditeur, Paris, França

Fonte das imagens: Dargaud Éditeur: capa e pranchas 1 a 5. Booknode: prancha 62.



Prancha anúncio do episódio “Ballade pour un cercueil” publicada na revista “Pilote” nº 646 de 23 de março de 1972. Desenho de Jean Giraud.


Ballade pour un cercueil” - “Balada para um Caixão”

Terceiro e último álbum do ciclo Chihuahua Pearl. O Tesouro dos Confederados (álbuns 13 a 15) - México, Texas e Arizona. Verão de 1869. Acontecimento histórico: A lenda do Ouro dos Confederados. “Ballade pour un cercueil” é a segunda maior história blueberryana - com 62 páginas, a maior é “Dust” (“Dust”) com 68 – as outras seis que não tem 46 páginas são: “L’Homme à l’étoile d’argent” ("O Homem da Estrela de Prata", 47), “Général Tête Jaune” (“General Cabeça Amarela", 48), “Le Spectre aux balles d’or” ("O Espectro das Balas de Ouro", 52), “Le Hors-la-loi” ("O Fora da Lei", 44), “Nez Cassé” ("Nariz Partido", 47) e “Arizona Love” ("Arizona Love", 56).


Capa da 1ª edição.

Na capa da 1ª edição de “Ballade pour un cercueil”, a série recebeu o título “Lieutenant Blueberry”, voltando para “Une Avventure du Lieutenant Blueberry” naquela do episódio seguinte, “Le Hors-la-loi”, também de 1974, perdurando até o volume 19. No volume 20, “La Tribu fantôme”, publicado pela editora Hachette, em 1982, novamente a série passou a se chamar “Lieutenant Blueberry”, continuando por mais três álbuns. Em 1990, o volume 23, “Arizona Love”, apresentou a série com o título “Blueberry”, que mudou para “Mister Blueberry” no volume seguinte, se mantendo nos cinco últimos álbuns da série central.

Jean Giraud realizou a capa de "Ballade pour un cercueil" ("Balada para um Caixão"), 1974, inspirado em uma cena de "The searchers" ("La prisonnière du désert", título na França; "Rastros de Ódio", no Brasil; "A Desaparecida", em Portugal), filme de John Ford, lançado em 1956, com John Wayne (Ethan Edwards) e Jeffrey Hunter (Martin Pawley) na pista dos Comanches.  A capa, que mostra Mike Blueberry e Jimmy McClure, seu amigo e companheiro de aventuras, na pista do Tesouro dos Confederados, é considerada uma das mais belas das três séries blueberryanas – “Blueberry”, “La Jeunesse de Blueberry” e “Marshal Blueberry”.


A página de guarda de “Ballade pour un cercueil”. Desenho de Jean Giraud.


Contracapa da 1ª edição.


Nesse volume, foi publicada a biografia de Mike Steve Donovan, uma lenda autêntica do Velho Oeste, com fotografias daquele que inspirou Jean-Michel Charlier, o qual mesclou realidade com ficção e transformou o personagem em uma lenda autêntica das histórias em quadrinhos.

O ex-coronel Trevor guia o ex-capitão Finlay e o seu grupo de “hawkers” - que conta com ele próprio, Kimball e quatro homens - até a cidade-fantasma de Tacoma, aonde indica o túmulo de um certo Dawson como o local em cujo estava o Tesouro dos Confederados. Ao abrir o caixão, os ex-soldados sulistas encontram um cadáver decomposto; aproveitando a surpresa, Trevor joga o seu cavalo sobre aquele da sentinela e foge, porém Kimball abate o animal, fazendo com que a fuga do ex-coronel seja a pé entre as ruínas.

Na praça central de Tacoma, Trevor havia escondido um rifle; ele é surpreendido por um perseguidor, contudo mata o seu adversário, apanha a arma desse e se esconde. O ex-coronel organiza a sua defesa no andar superior da prefeitura, sem imaginar que o cômodo escolhido por ele está ocupado por um mexicano maltrapilho de nome Lazarito. Com o ombro machucado na queda do cavalo, Trevor espera a noite cair para reiniciar a fuga e enquanto atira em Finlay e seus comparsas, é morto pelas costas com um golpe de facão desferido por Lazarito – é o fim para o marido de Chihuahua Pearl.

O Coronel Lopez, e a sua tropa, chega ao esconderijo em cujo estão detidos Pearl e os três companheiros, que haviam decidido fugir mesmo sem armas e cavalos. Os quatro percebem a chegada dos homens que desciam pelas encostas para o fundo da gruta; Pearl mostra uma passagem secreta através de um pequeno armário. Os mexicanos deixaram duas sentinelas vigiando os cavalos, as quais são rendidas por Blueberry e companheiros, que roubam todas as montarias, deixando o ex-noivo de Pearl desiludido e a pé, pela segunda vez, no deserto.

Ao galoparem rumo a Tacoma, Blueberry e seus companheiros encontram Lazarito. Tudo corria bem, todavia Pearl reconhece as botas do marido, então eles detêm o mexicano, que se joga sobre Pearl e acaba morto por ela. Em uma das botas, Blueberry encontra um papel com um nome escrito.

Os quatro companheiros entram em Tacoma, sendo vigiados, à distância, por Fynlay e seus homens. Eles encontram e enterram Trevor; Blueberry diz algumas palavras enaltecendo a honra do falecido, porém Pearl fala que estão perdendo tempo, então leva um tapa de Mike por causa disso. Eles procuram em vão pelo túmulo de Arturo Leyba – o nome escrito no papel – no cemitério e decidem cavar na igreja, aonde têm mais sorte e encontram o caixão.


"Ballade pour un cercueil", prancha 31, quadrinho 5.


Entre vários ataques do governador Lopez, que morre, juntamente com a sua tropa, ao cair de uma ponte, diversas mortes, como de Finlay e Kimball, os quatro companheiros, à procura do Tesouro dos Confederados, descobrem, através do Comandante Vigo, que o ouro havia financiado, no México, a revolta de Juarez contra o Imperador Maximiliano.

Blueberry precisa prestar contas com Mac Pherson, entretanto os seus companheiros consideram que o General não acreditará na sua história, se recusam a acompanhar o amigo e aconselham que ele desapareça por uns tempos. Vigo aceita depor a favor de Mike, mas, no Forte Davis, trai o Tenente e esse vai para a prisão, para depois se tornar um fora da lei no próximo ciclo da série “Blueberry”.


Jimmy McClure e Red Neck em Salinas, prancha 62, tira 1.

Três dias depois, Jimmy McClure e Red Neck andam a cavalo, pela rua principal de Salinas, conversando sobre o paradeiro da loira cobiçosa de dólares, quando avistam uma faixa na fachada de um saloon: "Estreia da divina! Da toda bela Chihuahua Pearl". O julgamento de Blueberry resulta na sua condenação, cuja pena foi o rebaixamento de patente, a expulsão do exército e a reclusão por 30 anos na penitenciária militar de Francisville.

Fonte das imagens: BDzoom: prancha anúncio de Ballade pour un cercueil”.   Bedetheque: capa da 1ª edição.   Mister Jacq: página de guarda. CasaBD: prancha 31, quadrinho 5. Booknode: prancha 62, tira 1.

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry nº 15 Ballade pour un cercueil © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur 1974
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

"Blueberry" nº 14 “L’Homme qui valait 500.000$”

Capa, uma das reedições. 


Prancha 1.


Prancha 2.


Prancha 3.


Ficha técnica

L’Homme qui valait 500.000$
“O Homem Que Valia $500.000”
Roteiro: Jean-Michel Charlier
Desenhos e capa: Jean Giraud
Cores: Évelyne Tran-Lê
Volume: 14
Ano de publicação da primeira edição: 1973
Número de pranchas: 46
Gênero: Western
Preço: 11.99 €
Formato: 22,5x29,8 cm
Público: Todos os públicos – Família
Dargaud Éditeur, Paris, França

Fonte das imagens: Dargaud Éditeur: Capa. CoinBD: prancha 2. Sceneario: Prancha 3. 



Prancha anúncio do episódio “L’Homme qui valait 500.000$” publicada na revista “Pilote” nº 604 de 3 de junho de 1971. Texto de Jean-Michel Charlier e desenhos de Jean Giraud.


Capa da 1ª edição.

O título “Chihuahua Pearl” ainda tem o subtítulo “Fort Navajo une Aventure du Lieutenant Blueberry”, mas a partir do seguinte (“L’Homme qui valait 500.000$”) há apenas “Une Aventure du Lieutenant Blueberry”.
Primeiro ano de lançamento de “Chihuahua Pearl”: 1973 (início do ano). Primeiro ano de lançamento de “L’Homme qui valait 500.000$”: também 1973 (outono daquele ano). Portanto, a troca foi no curso de 1973.

Jean-Yves Brouard



Contracapa da 1ª edição.


L’Homme qui valait 500.000$ - “O Homem Que Valia $500.000”

Segundo álbum do ciclo Chihuahua Pearl. O Tesouro dos Confederados (álbuns 13 a 15) - México, Texas e Arizona. Verão de 1869. Acontecimento histórico: A lenda do Ouro dos Confederados. No álbum anterior, Blueberry é surpreendido conversando com Chihuahua Pearl, cantora americana, rainha das noites tumultuosas de Chihuahua, em seu camarim, pelo Coronel Lopez e seus homens, e, beijando a cantora na boca, consegue manter a sua missão em segredo. Com essa atitude, atrai o ódio de Lopez, extremamente ciumento da provocante loira.

Richard Harris, ator inglês, no papel do capitão confederado Benjamin Tyreen em "Major Dundee" ("Juramento de Vingança", título no Brasil), filme de Sam Peckinpah, lançado em 1965, inspirou Jean Giraud na definição do visual do Capitão Finlay, também oficial confederado, no Ciclo Chihuahua Pearl. O Tesouro dos Confederados. O Capitão Finlay aparece pela primeira vez, no Ciclo Forte Navajo. As Primeiras Guerras Indígenas, com um visual distinto daquele da sua segunda participação na série "Blueberry".

Os Federais do Comandante Vigo, revestido de poderes especiais por Benito Juarez, presidente do México, e os "hawkers" (ex-soldados sulistas tornados fora da lei) de Kimball e Finlay chegam em Chihuahua, uma pequena e ensolarada cidade mexicana perdida nas serras selvagens, aonde somente as serpentes, os coiotes e os Apaches conseguem sobreviver. Militares, mexicanos e foras da lei, perseguem o mesmo homem: Mike Steve Blueberry, falso desertor do exército americano e agente secreto do governo de Washington, que atravessou clandestinamente a fronteira dos Estados Unidos da América com o México com a missão de evadir um antigo coronel sulista de nome Trevor, preso por bandidismo, sob o nome falso de Lindsay, na prisão-fortaleza de Corvado, residência do Coronel Luis Emiliano Lopez, governador do Estado de Chihuahua. O ex-Tenente está na pista do prisioneiro por meio da exuberante Chihuahua Pearl.

Qual motivo poderia ser tão importante para atrair a Chihuahua tantos personagens distintos entre si? Um só, porém o mais irresistível: a febre do ouro! Blueberry, Vigo, Chihuahua Pearl, Lopez, Finlay, Kimball, Mac Clure, Red Neck, Boudini. Esse ouro, 500 mil dólares do tesouro de guerra dos Confederados, escondido, desde a época da rendição do Exército Sulista, pelo presidente Jefferson Davis e jamais encontrado... Entretanto, somente um homem sabia onde estava escondido, o ex-coronel Trevor, aliás, Lindsay: o homem que valia 500 mil dólares.

Boudini, ou Budini, vende Blueberry para Lopez, que tortura o ex-Tenente antes de enviá-lo para a mesma prisão de Trevor. O coronel propõe uma troca a Chihuahua: a vida de Mike por ela; mas a loira também faz uma proposta: ela pela liberdade de Blueberry, a qual o governador aceita com a condição de um casamento entre ele e a bela loira. Blueberry e Lindsay são humilhados por Lopez; quando os dois vão ser torturados pelo chinês Chang-Li, Trevor fala que Lopez não poderá se casar com Pearl, pois essa já era casada com ele – os dois prisioneiros são salvos por Jimmy McClure, Red Neck e a dupla Kimball e Finlay com o seu bando de desertores.


Chihuahua Pearl foge de Lopez, prancha 41.

Chihuahua Pearl escapa do casamento ao roubar a arma de Budini e sequestrar o noivo, o Coronel Lopez, deixando-o no deserto a jurar vingança, após uma troca de tiros com o agora condutor da charrete nupcial, o ilusionista traidor Budini, cujo termina morto pela sagaz cantora.

Kimball e Finlay serviram sob as ordens de Trevor, no 25º Regimento de Cavalaria da Geórgia, contudo desertaram antes do final da Guerra de Secessão e não arriscaram a pele para salvar o antigo comandante, agiram somente pelos 500 mil dólares. Pearl encontra-se com o grupo, é feita prisioneira juntamente com Trevor, Jimmy, Red Neck e Blueberry. O tesouro fora escondido dentro de um caixão, enterrado substituindo o corpo de um soldado sulista no cemitério de Tacoma. Trevor faz uma proposta para os seus ex-comandados, a qual é aceita por Kimball: localiza o ouro em troca da liberdade de sua esposa e dos ianques.


O esconderijo dos “hawkers” e os seus prisioneiros 
Blueberry, Jimmy, Red Neck, Pearl e Trevor. Prancha 42B.


Mike Blueberry, Jimmy McClure, Red Neck e Chihuahua Pearl ficam em uma gruta isolada, sem vigilância, mas não tendo como escapar, porque estavam sem cavalos e eram perseguidos pelo Governador Lopez e o seus homens. Enquanto isso, o restante do grupo – os “hawkers” e o Coronel Trevor - sai em busca do caixão com o tesouro dos Confederados.

Fonte das imagens: adesso.blogspace: prancha anúncio de L’Homme qui valait 500.000$.   Bedetheque: capa e contracapa da 1ª edição, e prancha 41. johnmanders.files.wordpress: prancha 42B.

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry nº 14 L'Homme qui valait 500.000$ © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur 1973
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil

sábado, 4 de janeiro de 2014

"Blueberry" nº 13 “Chihuahua Pearl”

Capa, uma das reedições.


Prancha 1.


Prancha 2.


Prancha 3.


Prancha 4.


Prancha 5.


Prancha 7.


Ficha técnica

Chihuahua Pearl
“Chihuahua Pearl”
Roteiro: Jean-Michel Charlier
Desenhos e capa: Jean Giraud
Cores: Évelyne Tran-Lê
Volume: 13
Ano de publicação da primeira edição: 1973
Número de pranchas: 46
Gênero: Western
Preço: 11.99 €
Formato: 22,5x29,8 cm
Público: Todos os públicos – Família
Dargaud Éditeur, Paris, França

Fonte das imagens: Dargaud Éditeur: Capa e pranchas 1 a 5. Sceneario: Prancha 7.



Prancha anúncio do episódio “Chihuahua Pearl” publicada em “Pilote” nº 565 de 3 de setembro de 1970. Texto de Jean-Michel Charlier e desenhos de Jean Giraud. Fonte: Jean-Yves Brouard.


Capa, 1ª edição.

O título “Chihuahua Pearl” ainda tem o subtítulo “Fort Navajo une Aventure du Lieutenant Blueberry”, mas a partir do seguinte (“L’Homme qui valait 500.000$”) há apenas “Une Aventure du Lieutenant Blueberry”.
Primeiro ano de lançamento de “Chihuahua Pearl”: 1973 (início do ano). Primeiro ano de lançamento de “L’Homme qui valait 500.000$”: também 1973 (outono daquele ano). Portanto, a troca foi no curso de 1973.

Jean-Yves Brouard


Contracapa, 1ª edição.

Chihuahua Pearl - “Chihuahua Pearl”

Primeiro álbum do ciclo Chihuahua Pearl. O Tesouro dos Confederados (álbuns 13 a 15) - México, Texas e Arizona. Verão de 1869. Acontecimento histórico: A lenda do Ouro dos Confederados. A capa portuguesa é distinta daquela francesa, em cuja está ilustrada a personagem-título; a editora Meribérica utilizou a capa americana, na qual está o rosto de Blueberry com a assinatura de Mœbius, como era mais conhecido Jean Giraud na terra das aventuras blueberryanas.

Jean Giraud se inspirou no visual de sua primeira esposa, Claudine Giraud, para compor aquele de Lily Calloway, a famosa cantora loira. Entretanto, a inspiração para a capa do álbum "Chihuahua Pearl", 1973, foi a publicidade da Ultra Brite em "Pilote", Nº 674, outubro de 1972. Há três versões de inspirações, de Jean Giraud, para a capa do álbum "Chihuahua Pearl": duas em dois anúncios do creme dental Ultra Brite e uma no rosto de Rita Scherrer, atriz e modelo europeia dos anos 1960 e 1970.


Chihuahua Pearl no palco do saloon Casa Roja em Chihuahua. 
Prancha 39B. N. C.: Edição belga.

Claudine Giraud foi a musa inspiradora do visual de Lily Calloway, que, certamente, também apresenta traços das atrizes Brigitte Bardot e Marilyn Monroe. Contudo, a célebre namorada de Blueberry, mais conhecida como Chihuahua Pearl, teve a sua primeira aparição, no álbum "Chihuahua Pearl", prancha 39B, inspirada na atriz americana Jayne Mansfield, igualmente célebre, loira e bela, em atuação na comédia western "The Sheriff of fractured jaw" (“Apuros de um Xerife”, título no Brasil), 1958, dirigida por Raoul Walsh.


Homenagem de Giraud a Charlier. Prancha 7, quadrinho 2. 
N. C.: Edição americana da Epic Comics.

Na página 7, quadrinho 2, de “Chihuahua Pearl” (“Chihuahua Pearl”), álbum publicado em 1973, Jean Giraud homenageou Jean-Michel Charlier com as iniciais desse, JM, na parede da cela, acima do joelho direito do preso Mike Blueberry.


Blueberry e o cartaz anunciando o show de 
Chihuahua Pearl no saloon Casa Roja. Prancha 
38, quadrinho 4. N. C.: Edição americana.

Chihuahua é a capital do Estado mexicano de mesmo nome e está localizada a cerca de 400 km da fronteira com os Estados Unidos da América. Chihuahua Pearl (Pérola de Chihuahua) é o apelido de Lily Calloway, cantora e dançarina, bela loira inspirada por Jean Giraud em Claudine Giraud, a sua esposa na época, que aparecerá na vida de Blueberry nessa história e ficará até o fora de ciclo Sob Domínio de Pearl. O segundo retorno à vida civil – 11 álbuns em 17 anos –; em pouco tempo, crescerá uma grande paixão entre os dois.

É também o primeiro encontro de Blueberry com o comandante mexicano Vigo - que retornará no volume "A Última Cartada" do ciclo do Segundo Complô parte 2. A Reabilitação de Blueberry -, perseguidor, com sua tropa, de um cavaleiro que portava uma importante mensagem. O General Mac Pherson, conselheiro militar do Presidente dos Estados Unidos da América, inicia a sua participação na saga do Tenente e lhe confia a missão de recuperar o histórico Tesouro da Confederação – meio milhão de dólares em ouro – mesmo a contragosto do insubordinado oficial cabeludo e com barba de três dias.

Blueberry, em uma farsa do exército, é expulso e vai para o México como procurado por assassinato e roubo; no caminho, segue em busca do seu antigo companheiro, Jimmy Mc Clure, que havia apanhado outra vez a febre do ouro, em uma velha concessão para prospecção, ali encontra o beberrão dormindo junto a uma garrafa de aguardente – Jimmy é o lado cômico das aventuras, fazendo os leitores rirem bastante das situações criadas por ele.

O primeiro encontro de Blueberry e Chihuahua Pearl. Prancha 42, quadrinho 9. N. C.: Edição americana.


Em Chihuahua, Blueberry, através do ilusionista Boudini, encontra o espião ianque "El Cuchillo" (“A Faca”), que é a própria artista Chihuahua Pearl, cujo governador do Estado de Chihuahua, Coronel Lopez, está apaixonado por ela, porém sem ser correspondido. A peça chave para encontrar o ouro é um ex-oficial sulista, o Coronel Trevor, que está preso com o nome falso de Lindsay. Pearl enviou a mensagem do início da trama e tem um interesse especial por Lindsay, fato percebido e comentado por Blueberry.


Chihuahua Pearl. Óleo sobre tela de Francis Girault, pintor e escultor.


Passaram-se muitos anos, quase uma vintena, desde quando o Tenente Blueberry, da Cavalaria dos Estados Unidos, dava início às suas aventuras de "western fantástico" nas páginas da revista de historias em quadrinhos francesa "Pilote". Entre aquele 31 de outubro de 1963 e a atualidade, a série "Blueberry" refletiu, a sua volta, múltiplas influências modificando progressivamente a própria imagem.

A primeira constatação é que a história em quadrinhos criada pelo roteirista Jean-Michel Charlier e pelo desenhista Jean Giraud constitui já uma longa saga, com mais de vinte episódios, retrocedendo também à distante juventude do protagonista, que se apresenta como um monumento narrativo sempre em marcha rumo ao futuro; ao mesmo tempo transforma Blueberry, através de um abandono da sua original configuração militarista, em um mito representativo da cultura popular contemporânea.

De fato, mesmo a ascensão de Blueberry, rumo à sua mitificação, teria encontrado apoio válido na lenta deterioração das suas "virtudes heroicas", típicos cânones alienantes, esses últimos, de tantos westerns pueris. Passo a passo que a série de Charlier e Giraud avançava, o seu protagonista tornava-se um anti-herói, um perdedor, sublineando-se sintomaticamente tal evolução com os contrastes, quando não os desencontros com seus próprios companheiros de armas, e com a contraposta reaproximação aos seus inimigos tradicionais: os índios.

Pode-se supor que essa obra, inicialmente inspirada no clássico western de Hollywood, tenha assumido pouco a pouco o caráter crepuscular e amargo com o qual foi tratado o tema do Oeste nos modernos filmes americanos, seguindo uma linha traçada um tempo por John Ford e explodida finalmente com Sam Peckinpah. Mas a essa influência cinematográfica se unia paralelamente à tomada de consciência da juventude que provocou o maio francês de 1968, e sucessivamente o difundido ceticismo gerado por aquela experiência contestatória. Daqui por diante um claro desejo de desmistificação conduziu mesmo à plenitude mítica de Blueberry, em um paradoxo não de todo ilógico para uma História em Quadrinhos que tem sabido manter-se fiel a si mesmo graças à progressiva autodestruição dos seus postulados de partida.

A chave de tudo isso devemos procurá-la na contínua equidistância de dois processos evolutivos; aquele de Blueberry na fantasia e aquele de Giraud na realidade. É preciso recordar que quando Giraud começou Blueberry já tinha debutado na sua segunda personalidade artística, aquela de Mœbius, porque esse fato nos faz pensar que o universo experimental da nova identidade do artista tenha influenciado cada vez mais o roteirista Charlier que, em um momento determinado, não hesitará em codividir as coordenadas ideológicas do desenhista.

Mas voltamos agora ao conceito inicial dessa apresentação e concluímos que "As Aventuras do Tenente Blueberry", obra muito complexa da sua prolongada construção e da pessoal evolução de Jean Giraud-Mœbius, se eleva ao nível de uma grande saga western e penetra no âmbito de uma ampla e profunda reflexão sobre os homens que viveram um dos episódios mais indignos do século XIX: a conquista do Oeste.

Na saga de Blueberry, como os cavalos nos vastos desertos, a narrativa galopa lúcida de suor, o corpo possante e o espírito nítido, sobre as desgraças da História. O dinamismo de Giraud e a fantasia de Mœbius, personalidade indissolúvel de um grande artista, cavalgando também esse rumo aos horizontes que o passado procurou em vão destruir.

Javier Coma

N. C.: Apresentação publicada nos álbuns da série "Le Avventure del Tenente Blueberry", Collana Eldorado, Edizioni Nuova Frontiera, Roma, Itália, anos 1980.

Fonte das imagens: Bedetheque: capa e contracapa da 1ª edição. Stripspeciaalzaak: prancha 39B. Theairtightgarage: prancha 7, quadrinho 2. Enciclopediavisualblueberry: prancha 38, quadrinho 4; prancha 42, quadrinho 9. Francis Girault: retrato de Chihuahua Pearl, pintura óleo sobre tela.

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry nº 13 Chihuahua Pearl © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur 1973
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil



Editora Trem Fantasma


Young Chihuahua, desenho de Gir.