domingo, 18 de fevereiro de 2018

Blueberry e o amor

Blueberry e o amor


    N. C.: Pearl e Mike. Ilustração da capa da Tirage de tête, em preto e 
branco, de “Arizona Love”, publicada, em francês, por Alpen Publishers e, 
em alemão, pela parceria da Alpen com a editora Ehapa Verlag, em 1991.


Em 1989, falece Jean-Michel Charlier, por cujo seja Gir como Blueberry devem tomar uma decisão importante: o primeiro toma em mãos as rédeas da série para completar o roteiro de “Arizona Love” deixado incompleto à página 22, enquanto o segundo, dado baixa do exército, decide colocar ordem na própria vida e de contrair núpcias com a sempre mais bela Chihuahua Pearl, a única mulher capaz de opor-lhe resistência e que parece ter-lhe entrado no coração.




Então, nesse álbum de ruptura com a tradição aventurosa da saga de Blueberry, cuja os dois autores nos habituaram, prossegue a obra de humanização do personagem levada adiante por Giraud. A longa saga iniciou no distante 1963 e durou até 1990, ano de publicação desse volume, através de 23 episódios e 5 editoras diferentes: Dargaud, Fleurus, Hachette, Novedi e Alpen Publishers!




Nessa narrativa, Mike Blueberry não deve salvar nenhuma comunidade indígena, nem resolver conflitos militares ou desvendar complôs aos danos do governo dos Estados Unidos da América, mas, mais simplesmente, decide pensar em si mesmo interpondo-se, ainda uma vez, entre a bela aventureira Chihuahua Pearl e as suas núpcias com o rico Duke Stanton, já encontrado em “La Tribu fantôme”, tentando “salvá-la” de um matrimônio por interesse.




A irrupção de Mike na igreja, para interromper a cerimônia de núpcias entre a bela e Stanton, recorda muito aquele final do filme “Il Laureato”! (2) Depois do quê é um suceder-se de perseguições e reviravoltas à Charlier. Atraem a atenção do leitor as onipresentes rochas e cavernas, que fazem por muda cenografia a uma noite de amor entre os dois.

2) “The Graduate” (“A Primeira Noite de um Homem”, título no Brasil) é um filme estadunidense de 1967, uma comédia romântica dirigida por Mike Nichols e estrelada por Dustin Hoffman, Anne Bancroft e Katharine Ross. Fonte: Wikipédia.




Que se trata de um episódio diverso do resto da saga é demonstrado pela presença, pela primeira vez, das agradáveis formas do nu de Pearl, de uma cena onírica sonhada pelo bom Mike e pelo fato que não há nenhum morto, não obstante repetidas cenas de violência.




Infelizmente, a cobiça por dinheiro da aventureira leva a melhor sobre Cupido. No episódio há um frenético clima de contínuas perseguições, de peça teatral à Feydeau (3), em cuja todos os protagonistas se perseguem: Stanton persegue Mike, que raptou Pearl, Mike persegue Pearl, que lhe roubou o dinheiro do tesouro de Vigo, o guarda-costas Traber persegue Pearl para roubá-la, por sua vez, o butim.

N. C.: 3) Georges Léon Jules Marie Feydeau (1862 - 1921) foi um dramaturgo francês. Ficou particularmente famoso como autor de “Vaudeville”. Fonte: Wikipédia.




Os únicos a manter a calma, nesse clima frenético, são o xerife e o seu jovem ajudante, e também com a ausência de Red Neck e Jimmy Mac Clure, são os dois representantes da lei que asseguram, ao mesmo tempo, uma sutil veia humorística em subfundo que torna agradável a leitura da narrativa. Neles se podem entrever alguns arquétipos dos personagens criados para o ciclo sucessivo.




A capa de Giraud é copiada, ao contrário, do cartaz do célebre filme “...E o Vento Levou”, com Mike e Pearl ligados como Rhett Buttler (Clark Gable) e Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), talvez para sublinhar a ambientação de uma história rosa (4) no Oeste e de considerá-lo um episódio interlocutório entre os vários ciclos de “Blueberry”. Somente que, nesse caso, será a mulher a abandonar o homem e não vice-versa como no filme de Victor Fleming. Ao desiludido Mirtilo não resta que andar a atolar-se em uma cidade de fronteira, para esquecer a única e esplêndida Pearl.

N. C.: 4) História rosa. Literatura. a) Romance rosa, de natureza sentimental. Fonte: La Repubblica. b) Que assinala a presença de mulheres, de argumento amoroso. Fonte: Corriere della Sera.




Em suma, o autor parece ter aplicado nesse caso quanto por ele afirmado em uma entrevista com Numa Sadoul (1981): “A história em quadrinhos de aventuras ainda é cheia de novos interessantes argumentos por encontrar com uma nova problemática: problemas financeiros, sentimentais, sexuais, familiares, vida cotidiana, contexto político, projetos pessoais, sonhos falecidos, etc., tudo isso pode ser integrado e formar uma trama excitante.”.




Para a descrição, na primeira edição, a narrativa inicia com um duplo erro de Charlier. O primeiro: na última prancha de “Le Bout de la piste”, no quadrinho 8, em cujo Blueberry decidiu dirigir-se a Sacramento, Califórnia, para assistir às núpcias de Pearl, enquanto em “Arizona Love” a cerimônia se desenrola em Tacoma, Novo México! O segundo erro é sobre as datas: o episódio atual se desenrola em julho de 1889, enquanto naquele precedente os autores nos mostram o presidente Grant durante uma campanha eleitoral para a reeleição, fato histórico acontecido em 1872, e no quadrinho 9 da prancha 20 um jornal tem a data de 1886! Essa, como outras datas, será retificada nas reedições sucessivas.


N. C.: Para a nova página de guarda da série "Blueberry", publicada em "Arizona Love", álbum lançado, em 1990, pela editora Alpen Publishers, Jean Giraud fez o desenho "Mike "Blueberry" Donovan e os Sichinovi, cerca de 1901" inspirado em uma fotografia da época, substituindo o segundo índio, no centro da imagem, por Blueberry, mudando somente a cabeça. A fotografia foi feita por Adam Clark Vroman (1856-1916), fotógrafo americano.


23 – “Arizona Love
Álbum Alpen Publishers em 1990

Arizona Love
“Il Grifo” do nº 5 de 1991 ao nº 9 de 1992, Editori del Grifo
(volume) “Nuova Mongolfiera” 48, Editori del Grifo, 1993
(volume) Alessandro Editore, 2002
“Skorpio” do nº 22 ao nº 26 de 2012, Editoriale Aurea
Álbum “Blueberry” 12, Editoriale Aurea, 2014
“Collana Western” 13, Gazzetta dello Sport, 2014

Fonte: Blog Zona BéDé, Itália.

Blueberry e l’amore © Zona BéDé 2014

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

As mulheres de Blueberry



As mulheres de Blueberry



Michael Stephen Donovan
Conhecido como Mike Steve Blueberry, ele vive as suas aventuras, inclusive as amorosas, sendo tenente, xerife, marshal e jogador profissional de pôquer; e ainda Tsi-Na-Pah (“Nariz Partido” em apache), quando proporciona uma das mais belas cenas de amizade da saga – exposta no alto: o carinhoso abraço de despedida em Chini.




Harriet Tucker
A primeira pretendente de Mike Blueberry. Filha de um rico produtor de algodão no Deep South, herdeira de uma das maiores fazendas da Geórgia.
“La Jeunesse de Blueberry” nº 1 “La Jeunesse de Blueberry” (a), nº 2 “Un Yankee nomée Blueberry” (a) e nº 3 “Cavalier bleu” (a).








Nugget Harrington
O primeiro love affair de Blueberry. Proprietária do trading post “The Golden Nugget”, isolado nas montanhas do Missouri.
“La Jeunesse de Blueberry” nº 4 “Les démons du Missouri” (b) e nº 5 “Terreur sur le Kansas” (b).








Elisabeth Reynes
A líder de uma fazenda, cuidada somente por mulheres, ganha um beijo de despedida, na boca, de Blueberry, cujo diz que isso era como uma candeia que iluminava a noite.
“La Jeunesse de Blueberry” nº 9 “Le Prix du sang” (c).








Éléonore Mitchell
Membro do Partido da Paz e da seita secreta “O Punhal de Sangue”, no decorrer da mudança de colega nas investigações para inimiga jurada de Blueberry, a agente dupla foi o seu segundo love affair.
“La Jeunesse de Blueberry” nº 10 “La Solution Pinkerton” (d), nº 11 “La Piste des maudits” (d), nº 12 “Dernier train pour Washington” (d) e nº 13 “Il faut tuer Lincoln” (d).









Soledad San Miguel
Em missão no México, o tenente Mike Steve Blueberry tem um caso amoroso com a sereia de Vera Cruz.
“La Jeunesse de Blueberry” nº 14 “Le Boucher de Cincinnati” (d) e nº 15 “La Sirène de Veracruz” (d).









Virginia Kidman
A bruxa morava em uma cabana na floresta das Montanhas Ozarks, recebia informações de uma coruja e dizia que transformava os amantes em porcos - exceção feita a Blueberry.
“La Jeunesse de Blueberry” nº 19 “Rédemption” (d).









Caroline Younger
Oito meses após a Guerra de Secessão, Blueberry servirá em Forte Mescalero. Durante a viagem, antes de ser transferido para Forte Navajo, ele conhece e corteja a filha do reverendo Younger.
“Blueberry” nº 25 “Ombres sur Tombstone” (e), nº 26 “Geronimo l’Apache” (e), nº 27 “OK Corral” (e), nº 28 “Dust” (e) e HC “Apaches” (reescrita do primeiro encontro entre Blueberry e Gerônimo narrado nos cinco episódios do ciclo Mister Blueberry) (e).








Muriel Dickson
A sobrinha do comandante de Forte Navajo foi cortejada simultaneamente pelos tenentes Blueberry e Graig, gerando rivalidade entre os dois oficiais.
“Blueberry” nº 1 “Fort Navajo” (a), nº 2 “Tonnerre à l’Ouest” (a) e nº 4 “Le Cavalier perdu” (a).







Katie Marsh
A valente professora de Silver Creek recebe a estrela de xerife de presente, na despedida de Blueberry, o qual é convidado para retornar, de vez em quando, a fim de ver a estrela, para o quê ela estará esperando. 
“Blueberry” nº 6 “L’Homme à l’étoile d’argent” (a).








Tess Bonaventura
Baleado durante a sua missão em Heaven, Marshal Blueberry é levado para o rancho dessa sufragista moderna, que cuida do seu ferimento e torna-se um de seus love affairs.
“Marshal Blueberry” nº 2 “Mission Sherman” (f) e nº 3 “Frontière sanglante” (g).








Chihuahua Pearl
Lily Calloway é o nome verdadeiro da cantora loira que, com o apelido de Chihuahua Pearl, proporcionou a mais longa e conturbada love story de Mike Blueberry.
“Blueberry” nº 13 “Chihuahua Pearl” (a), nº 14 “L’Homme qui valait 500 000 $” (a), nº 15 “Ballade pour un cercueil” (a), nº 19 “La Longue Marche” (a) e nº 23 “Arizona Love” (h).


 






Chini
Tsi-Na-Pah foi pretendente da filha de Cochise, cuja mão desistiu em prol de Vittorio, seu rival, e, principalmente, por causa de certa cantora loira.
“Blueberry” nº 18 “Nez Cassé” (a), nº 19 “La Longue Marche” (a) e nº 20 “La Tribu fantôme” (a).








Dorée Malone
Habitual jogadora de pôquer, como o seu tenente reservista, a compositora, cantora e violonista é a última namorada de Mister Blueberry.
“Blueberry” nº 24 “Mister Blueberry” (e), nº 25 “Ombres sur Tombstone” (e), nº 26 “Geronimo l’Apache” (e), nº 27 “OK Corral” (e) e nº 28 “Dust” (e).




Autores: Roteiro e Desenhos: a) Jean-Michel Charlier e Jean Giraud. b) Jean-Michel Charlier e Colin Wilson. c) François Corteggiani e Colin Wilson. d) François Corteggiani e Michel Blanc-Dumont. e) Jean Giraud. f) Jean Giraud e William Vance. g) Jean Giraud e Michel Rouge. h) Jean-Michel Charlier e Jean Giraud – roteiro alterado e concluído por Jean Giraud. Editor: Dargaud Éditeur, Paris, França.

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
© Os autores e o editor, e os seus herdeiros legais.

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil