sexta-feira, 30 de junho de 2017

As Guerras Indígenas de “Blueberry”

As Guerras Indígenas de “Blueberry”




A cavalo dos anos Sessenta, na França, são publicados dois grandes semanais para rapazes em grande difusão: “Vaillant” (depois tornado “Pif”), o periódico para rapazes editado pelo Partido Comunista Francês, e “Pilote, Le Journal de Astérix et Obélix”, editado pela editora Dargaud. O jovem desenhista Jean Giraud (25 anos) decide revolver-se a esse último, em cuja redação encontra o belga Jean-Michel Charlier, redator-chefe do semanal e prolífico roteirista aventuroso (“Buck Danny”, “Barbe Rouge”, “Tanguy et Laverdure”), o qual quer escrever uma série western. O resultado aparece no número 210 de 31 de outubro de 1963 com o primeiro capítulo de “Fort Navajo” da série “Lieutenant Blueberry”, a partir do nome do personagem, que em inglês significa mirtilo, e por ele assinada com o pseudônimo Gir (1).

N. C.: 1) Jean Giraud usava dois pseudônimos: Gir, para as histórias em quadrinhos western, e Mœbius, para aquelas de ficção científica.




Em seguida, aprenderemos que o verdadeiro nome de Blueberry é Mike Steve Donovan, um filho do profundo sul que, por uma série de causas, é constrito a passar para o lado dos nortistas durante a Guerra de Secessão americana. O rosto do personagem, nos primeiros episódios, é traçado sobre aquele do ator Jean-Paul Belmondo, à época adequado a papéis de simpático canalha, assim como se revela bem rápido a criatura de Charlier e Gir.




Trata-se de fato de um personagem a seu modo incômodo, um anti-herói, intolerante de a disciplina militar, frequentemente constrito pelos eventos a ultrapassar os limites do lícito, generoso como todos os heróis que se respeitam, sobretudo defensor dos indefesos, mas também amante do uísque, das mulheres, do pôquer e das contendas amigáveis, em breve tudo ao contrário dos adiamantados heróis em quadrinhos da época: um por todos, o nosso Tex Willer!


A produção em “Blueberry” pode ser resumida em diversos ciclos temáticos.




O primeiro ciclo é composto por cinco episódios: “Fort Navajo, “Tonnerre a l’Ouest”, “L’Aigle solitaire”, “Le Cavalier perdu e “La Piste des Navajos(1), que tratam de guerra contra os Apaches. Blueberry, de serviço em Forte Navajo, deve enfrentar uma sangrenta rebelião apache, provocada pelo ódio demonstrado pelo seu superior, o major Bascom, nos confrontos com aquele povo. Blueberry rápido conhece Jimmy Mc Clure, um velho beberrão que se torna o seu ombro, como convém a um filme hollywoodiano e, com efeito, nessa história em quadrinhos se acham reunidos todos os clichês dos filmes sobre a 7ª Cavalaria dos Estados Unidos: intrépidos guerreiros Apaches, ataques ao forte tenazmente defendido, perseguições nos cânions, lutas corporais, o todo temperado com aquele espírito de revalorização da população indígena americana, misturado à condenação pelo genocídio praticado sobre a mesma, que tem permeado a cultura europeia, e não só aquela, nos anos 1960 e que na França e na Bélgica tem dado vida a Le Nouveau Western, um novo tipo de western mais maduro nas Bandes Dessinées.

N. C.. 1) “Fort Navajo” – “Forte Navajo”, “Tonnerre a l’Ouest” – “Tempestade no Oeste”, “L’Aigle solitaire” – “Águia Solitária”, “Le Cavalier perdu” – “O Cavaleiro Perdido”, e “La Piste des Navajos” – “A Pista dos Navajos”.




De um ponto de vista gráfico, é evidente a influência do mestre Joseph Gillain, em arte Jijé, que além de quê assina algumas pranchas e uma capa do ciclo, em demonstração da estreita ligação entre os dois autores.


Tal influência se nota nos rostos dos guerreiros apaches, também se em Gir o conjunto da construção da prancha desenhada apresenta um agradável efeito dinâmico graças a uma maior busca nos detalhes e um maior vigor no representar os cavalos. Os quatro episódios têm sido recoloridos abolindo os fundos cor verde e cor fúcsia (poucos verossímeis) da primeira elaboração.



1. Fort Navajo
“Pilote” do nº 210 de 31/10/1963 ao nº 232 de 02/04/1964
Álbum Dargaud em 1965

Capas de “Pilote” nº 210 e do álbum realizadas por Jijé



2. Tonnerre à l'Ouest
“Pilote” do nº 236 de 30/04/1964 ao nº 258 de 01/10/1964
Álbum Dargaud em 1966

8 pranchas desenhadas por JiJé
Da prancha 29 (“Pilote” nº 250 de 06/08/1964)


à prancha 36 (“Pilote” nº 253 de 27/08/1964)


e o primeiro quadrinho da prancha 37




3. L'Aigle solitaire
“Pilote” do nº 261 de 22/10/1964 ao nº 285 de 08/04/1965
Álbum Dargaud em 1967


4. Le Cavalier perdu 
“Pilote” do nº 288 de 29/04/1965 ao nº 311 de 07/10/1965
Álbum Dargaud em 1968

22 pranchas desenhas por JiJé
Da prancha 17 (“Pilote” nº 296 de 24/06/1965)


à prancha 38 (“Pilote” nº 307 de 09/09/1965)




5. La Piste des Navajos 
“Pilote” do nº 313 de 21/10/1965 ao nº 335 de 24/03/1966
Álbum Dargaud em 1969



Fonte: Blog Zona Bédé, Itália.

Le guerre indiane di Blueberry © Zona Bédé 2014

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.

Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





sábado, 17 de junho de 2017

“La Jeunesse de Blueberry” nº 17 “Le Sentier des larmes”

Capa. N. C.: Tenente Blueberry, sargento Grayson,
xamã John Bear’s Fingers e índios Cherokee


Prancha 1. 


Prancha 2. 


Prancha 3. 


Prancha 4. 


Prancha 5. 


Contracapa.

Ficha técnica

“Le Sentier des armes”
“O Caminho das Lágrimas”
Roteiro: François Corteggiani
Desenhos e capa: Michel Blanc-Dumont
Cores: Claudine Blanc-Dumont
Volume: 17
Ano de publicação: 2008
Número de pranchas: 46
Gênero: Western
Preço: 11,99 €
Formato: 22,5x29,5 cm
Público: Todos os públicos – Família
Dargaud Éditeur, Paris, França

Edição: Anotado “Primeira edição”.

Fonte: Dargaud Éditeur e Bedetheque.


N. C.: A dedicatória da página 2:

Para meu amigo Georges Ramaïoli, índio francês de coração e verdadeiro homem da fronteira.

F. Corteggiani

N. C.: Georges Ramaïoli, desenhista e roteirista francês de história em quadrinhos. Como roteirista, ele assina os seus álbuns com o pseudônimo de Simon Rocca.


Blueberry, acompanhado de seus fiéis acólitos e de um xamã índio sujeito a visões terrificantes, está sobre a pista de um trem recheado de ouro. Mas uma horda de Confederados está igualmente à procura dessa fortuna que poderia mudar o destino dessa imensa carnificina que foi a Guerra de Secessão. Cavalgadas, batalhas, duelos e perseguições são conduzidos à mão de mestre por um Michel Blanc-Dumont no ápice de sua arte e um François Corteggiani que se diverte em desdobrar toda a panóplia roteirística do grande Charlier.

Fonte: Dargaud Éditeur.





Em 2008, quando da publicação do segundo álbum desse díptico, a editora Dargaud publicou o estojo La Jeunesse de Blueberry tomes 16 et 17 – Aventure complete (“Aventura Completa”) contendo os volumes 16 e 17 e um baralho com o rei (Blueberry), a rainha (Éléonore Mitchell, extraída da capa do álbum “Le Dernier train pour Washington”), o valete (um índio Cherokee) em todos os naipes, dois coringas (um preto e um vermelho, ambos com outro desenho de Blueberry) e o verso das cartas com a ilustração de Blueberry publicada nas contracapas dos volumes, da série “La Jeunesse de Blueberry”, de autoria de François Corteggiani e Michel Blanc-Dumont.

A capa do estojo é composta por uma montagem com extratos dos quadrinhos 1 (a ponte de Roebling (1), “Suspension Bridge”, ligando os Estados Unidos ao Canadá, próxima às cataratas do Niágara) e 4 (Blueberry) da prancha 24 de “Le Sentier des larmes”. A contracapa apresenta uma montagem do quadrinho 1 da prancha 13 de “Le Sentier des larmes”, os títulos e as capas dos dois volumes e o seguinte texto (o mesmo do resumo da editora Dargaud para “Le Sentier des larmes”):

Blueberry, acompanhado de seus fiéis acólitos e de um xamã índio sujeito a visões terrificantes, está sobre a pista de um trem recheado de ouro. Mas uma horda de Confederados está igualmente à procura dessa fortuna que poderia mudar o destino dessa imensa carnificina que foi a Guerra de Secessão.

Cavalgadas, batalhas, duelos e perseguições são conduzidos à mão de mestre por um François Corteggiani e um Michel Blanc-Dumont no ápice de sua arte.

A ilustração da página de guarda dos álbuns da série “La Jeunesse de Blueberry, de François Corteggiani e Michel Blanc-Dumont, compõe os versos da capa, da contracapa e das orelhas e o fundo das orelhas, em cujas estão um índio Cherokee (quadrinho 8 da prancha 3 de “Le Sentier des armes”) e o xamã John Bear’s Fingers (extraído invertido da capa do mesmo álbum).

N. C.: 1) John Augustus Roebling, nascido Johann August Röbling, foi um engenheiro civil alemão que imigrou para os Estados Unidos. É famoso por seus projetos de pontes suspensas com cabos de aço, em particular o projeto da Ponte do Brooklyn. Fonte: Wikipédia.


A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.

Fonte das imagens: BDfugue: capa, pranchas 1, 2, 3, 4, 5 e contracapa. Afrânio Braga: estojo La Jeunesse de Blueberry tomes 16 et 17 – Aventure complète.

La Jeunesse de Blueberry nº 17 Le Sentier des larmes © François Corteggiani, Michel Blanc-Dumont, Dargaud Éditeur 2008
La Jeunesse de Blueberry tomes 16 et 17 – Aventure complete © François Corteggiani, Michel Blanc-Dumont, Dargaud Éditeur 2008


Afrânio Braga