domingo, 26 de novembro de 2017

Blueberry e o Ciclo do Atentado

Blueberry e o Ciclo do Atentado


N. C.: 1) O anúncio de “L’Outlaw” em “Pilote” nº 699, de 29 de março de 
1973, apresenta extrato do quadrinho 6 da prancha 2 da história, que foi 
publicada com parte do título em inglês, no semanal a partir do número 
seguinte, e com o título em francês, “Le Hors-la-loi”, em álbum, em 1974.


Le Hors-la-loi(2) e “Angel Face(2) representam a continuação do ciclo precedente. Seria mais correto definir esses dois álbuns um dos quatro subciclos da ampla narrativa que começa com “Chihuahua Pearl(2) e que se conclui em “Le Bout de la piste(2), para um total de dez volumes.

2) Álbuns publicados em português pela extinta editora Meribérica e pela parceria do jornal “Público” com a editora ASA, todos de Portugal. “Le Hors-la-loi” – “O Fora-da-lei”, “Angel Face” – “Angel Face”, “Chihuahua Pearl” – “Chihuahua Pearl”, “Le Bout de la piste” – “O Fim da Pista”.




Em “Le Hors-la-loi”, os autores mostram Mike Steve Blueberry que, de encarcerado na penitenciária militar de Francisville, Alabama, e com os cabelos raspados a zero, é obsecado pela ideia de reentrar no México para constranger o comandante Vigo a dizer a verdade sobre o ouro confederado. Nos acontecimentos sucessivos à sua evasão para alcançar esse objetivo, encontra dois personagens mais resurgidos de toda a saga: Guffie Palmer e Marmaduke o’Saughtnessy, um rapaz da face de anjo. Será, sobretudo, o segundo a ficar impresso na memória dos leitores e a dar o título à segunda parte do díptico, “Angel Face”.








Le Hors-la-loi” pode parecer um episódio de ligação sem demais reviravoltas, aparentemente subtom, inferior àquelas do ciclo precedente. Na realidade, nesse álbum a ação cede o posto à reflexão, às revelações, à inquietude. A coloração original, desejada provavelmente pelo próprio Giraud e não mais modificada sucessivamente como sucedeu aos primeiros álbuns, apresenta personagens com rostos verdes, fundos e primeiros planos virados sobre o azul claro, como para criar perplexidade e sentido de incômodo utilizando sem moderação as tonalidades frias!




Todo de outra massa é, ao invés, o sucessivo “Angel Face”. Charlier idealizou a história de um complô conspirado aos danos do presidente Grant, durante uma visita eleitoral a Durango, envolvendo o nosso herói na trama, que torna a ser o bode expiatório ideal, mas essa vez de uma culpa bem mais grave que de um tesouro roubado.








O ritmo da narrativa é decisivamente mais cerrado, nisso se encontra a capacidade de Charlier de atrair a atenção do leitor e de mantê-la ligada da primeira à última página. As pranchas são mais arejadas, com um menor número de quadrinhos, Giraud evitou sobrecarregar os desenhos, tornados mais fluidos, limitando o uso excessivo do preto como fundo. Graças ao uso do microtracejado e às detalhadas reconstruções cenográficas, “Angel Face” resulta um dos melhores episódios de toda a série.

Por notar que a ideia brilhante das cenas urbanas sobre telhados e ao longo das ruas apinhadas foi utilizada por Giraud em “Mister Blueberry”, enquanto a ideia do atentado foi retomada e ampliada por François Corteggiani na série “La Jeunesse de Blueberry”.

Algumas mudanças de estilo entre as duas partes podem também depender do lapso de tempo intercorrido entre a publicação da primeira e a segunda metade do “complô contra Grant”: de fato, passam mais de dois anos. “Le Hors-la-loi” é pré-publicado em capítulos, como todos os precedentes episódios, no periódico “Pilote”, que, porém, cessa a vida como semanal em junho de 1974. “Angel Face” não aparecerá no mensal que toma o posto da revista, antes das muitas reencarnações do glorioso título, mas só em setembro de 1975 no primeiro número de “Nouveau Tintin”, prosseguimento, com modificação do título e nova numeração, da edição francesa do semanal belga.




Desse momento, as histórias de Blueberry, não mais reguladas pelas apertadas necessidades de um periódico, se farão esperar: passarão mesmo muitos anos entre um álbum e o sucessivo. A frequência de dois álbuns ao ano se tornará uma bela recordação e os leitores das primeiras edições deverão armar-se de muita paciência para seguir as vicissitudes do seu amado “tenente”.


Blueberry
Textos de Jean-Michel Charlier e desenhos de Jean Giraud

16 – Le Hors-la-loi
“Pilote” do nº 700 de 05/04/1973 ao nº 720 de 23/08/1973
Álbum Dargaud em 1974

Il fuorilegge
“Skorpio” do nº 10 ao nº 13 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 16, Nuova Frontiera, 1986
“Blueberry” 16, Alessandro Editore, 2014
Álbum “Blueberry” 9, Editoriale Aurea, 2014
“Collana Western” 10, Gazzetta dello Sport, 2014


17 – Angel Face
“Nouveau Tintin” do nº 1 de 16/09/1975 ao nº 9 de 11/11/1975
Álbum Dargaud em 1975

“Angel Face
“Skorpio” do nº 14 ao nº 17 de 1981, Eura Editoriale
“Collana Eldorado” 17, Nuova Frontiera, 1986
Álbum “Blueberry” 9, Editoriale Aurea, 2013
“Collana Western” 10, Gazzetta dello Sport, 2014

Fonte: Blog Zona BéDé, Itália.

Blueberry e il ciclo dell’attentato © Zona BéDé 2014

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Blueberry © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud - Dargaud Éditeur

Afrânio Braga

Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





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