Uma fotografia de Blueberry
A fotografia do cowboy a
galope é pouco conhecida, mas a muitos recordará algo. O quê? O desenho que
segue, utilizado para as páginas de guarda dos álbuns cartonados de Blueberry, onde Mike Donovan1 cavalga solitário sobre um clássico e evocativo
cenário do Oeste.
Mas na fotografia, autêntica e remonta aos
anos 1960, o personagem a galope não é um êmulo do tenente dos casacas azuis2,
em uma espécie de cosplay3 ante litteram4, mas um tanto
quanto notório autor de histórias em quadrinhos.
Trata-se de Jean-Claude Mézières, o desenhista de uma fascinante saga espacial5
publicada também na Itália.
Em 1965, antes de começar as aventuras de Valérian e Aureline, Mézières
partiu para os Estados Unidos, onde trabalhou, como cowboy, do Montana ao
Arizona. Essa fotografia, tirada no Utah, durante uma sua jornada de trabalho,
foi utilizada por Jean Giraud para
as páginas de guarda dos álbuns de Blueberry.
Durante a estadia nos Estados Unidos, Mézières encontrou o seu amigo de
infância Pierre Christin, com o qual
iniciou a longa colaboração que prossegue ainda hoje.
Una
foto di Blueberry © Blog Zona Bédé 2014
Fonte:
Blog Zona Bédé, Itália.
Notas
do copilador:
1 Mike Donovan: De Michael Stephen Donovan, o nome
verdadeiro do tenente Mike Steve Donovan, aliás, tenente Mike Steve Blueberry.
2 Casacas azuis: Apelido dado pelos Índios aos soldados,
devido à cor azul do uniforme do exército norte-americano, na expansão
territorial para o Oeste.
3 Cosplay: É um termo em inglês, formado pela junção das
palavras costume (fantasia) e roleplay (brincadeira ou interpretação).
É considerado um hobby onde os participantes se fantasiam de personagens
fictícios da cultura pop japonesa, porém podem também englobar qualquer outro
tipo de caracterização que pertença à cultura pop ocidental.
4 Ante litteram: A expressão latina ante litteram é usada
para definir obras, personagens, correntes de pensamento, movimentos culturais
que precedem e, de alguma forma, tornam precursor de fenômenos ou eventos mais
comuns e com características semelhantes. Ante litteram também é um fenômeno
histórico ou cultural que antecipa características típicas de fenômenos
posteriores.
5 “Valérian”: É uma série de história em quadrinhos
franco-belga de ficção científica criada por Pierre Christin, roteirista,
Jean-Claude Mézières, desenhista, e Évelyne Tranlé, colorista. A sua primeira
aparição foi na edição 420 da revista "Pilote" de 9 de novembro de
1967, sendo posteriormente publicada em álbum pela Dargaud a partir de 1970. É
uma das séries francesas mais antigas. Em 2007, no quadragésimo aniversário da
criação da série, com o lançamento de “L'Ordre des Pierres”, a série muda de
nome para "Valérian et Laureline". A partir dessa data, as
reimpressões dos álbuns, passaram a ter esse título. Depois de vários testes de
Mézières e Christin, “Valérian et Laureline” ganha uma série animada em 2007,
uma produção franco-japonesa inspirada em animes. Foi apresentada pela primeira
vez na França, em 7 de novembro de 2007, no Canal+ Family, mantendo-se a continuação
da série no canal France 3. "Valérian et la Cité des mille planètes"
("Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" no Brasil e em Portugal;
"Valerian and the City of a Thousand Planets" nos Estados Unidos) é
um filme francês de ficção científica, lançado em 2017, escrito, dirigido e
produzido por Luc Besson, baseado na série de quadrinhos "Valérian et
Laureline”. O filme foi inspirado pelo sexto álbum da série,
"L'Ambassadeur des ombres", publicado em 1975. Fonte:
Wikipédia, com adaptações.
“Blueberry, sou eu!”
«Como nós não tivemos êxito em nos
encontrar nas nossas viagens americanas recíprocas, Giraud e eu nos encontramos em Paris no fim de 1966. Ao ver essa fotografia de mim a cavalo em Utah – onde eu trabalhei como cowboy no
Dugout Ranch, antes de começar as histórias de “Valérian” -, Giraud a adaptou
para as páginas de guarda de seus primeiros álbuns. Isso me permetia afirmar:
“Blueberry, sou eu!”»
Jean-Claude Mézières
Fonte: CHARLIER, Jean-Michel,
GIRAUD, Jean. L’Intégrale Blueberry tome
1. Paris, França: Dargaud Éditeur, 2012.
Afrânio Braga
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