quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Moebius: um punhado de mirtilos – Entrevista



Moebius: um punhado de mirtilos
MAGALI AUBERT / 10 DE MARÇO DE 2012 


Jean Giraud, dito Moebius, desenhista e roteirista das aventuras de Blueberry, é morto, hoje, à idade de 73 anos. Nós o temos encontrado em 2009, ele nos falou de flores, de maconha e ria de suas “ideias todas feitas, que remontam à infância”.




Cacique planador e visionário da história em quadrinhos, Moebius continua a colher os feitos de sua vida em “Inside Moebius”, esplêndida autobiografia new age. Pela saída do quinto volume, ele nos acolhe em seu ateliê.


De onde é vindo esse desejo de autobiografia em 2004?

Moebius: Era uma época onde eu viajava muito. Eu tenho começado a preencher os diários de viagens no hotel, em lugar de olhar a cabeça. Eu desenhava a lápis, à aquarela. Fora, eu me aplicava não em representar aquilo que eu via, mas antes Mickey prestes a saltar acima de uma poltrona bergère! Em seguida, sobretudo com minha esposa, eu tenho tomado a decisão de parar de fumar baseados.


Isso entravava você?

Não basta sonhar, se deve trabalhar. Ser audacioso se cultiva, como um músculo ou uma flor. Muitas das minhas produções, como Arzach (1976) ou Le Major Fatal e Le Garage hermétique (1979), têm sido tarefas profissionais, mesmo se elas guardam um aspecto transgressivo. Ao lado, há coisas mais deslocadas: as compilações de ilustrações, de publicidades e de desenhos pessoais tais como Made in L.A. (1988), Fusion (1995) ou La Mémoire du Futur (1983). Se existe através de etapas atravessadas, que é difícil de sintetizar em uma forma. Mas se pode tentar. É isso a obra ao fundo, aquela resultante de todos os momentos: os sonhos, as falhas, os fracassos e os êxitos. Ao mesmo tempo, isso não é somente o resultado de uma natureza profunda, é também uma construção interior. O território é infinito. E o estilo se trabalha ao fio dos anos.


Você fuma muito?

Não, pouco, uma vez por semana ou com os colegas. Isso deixa um monte de alcatrão, enquanto que eu tinha parado os cigarros depois de muito tempo, e como eu me aproximava dos sessenta, a maconha tirava minhas reservas de cálcio, de vitamina C. Isso me tem dado um tema, a ocasião de desenhar de maneira descontraída, não premeditada, sem montagem, sem perspectiva.


E, portanto, a ideia de fazer de você um personagem.

Sim, com uma linguagem espontânea, isso me diverte muito. É parte de um golpe no sonho – eu não poderia me mostrar sentado em uma cadeira, o discurso devia tornar-se irremediavelmente metafórico. Eu tenho preenchido o primeiro caderno a toda rapidez; o segundo tem ficado em ancoradouro dois, três meses, eu tenho começado o terceiro, em seguida, eu tenho feito os três de uma ordenha. Eu tenho seis álbuns terminados e o sétimo, acabado em dois terços, vai encerrar a série. Eu não quero me tornar um funcionário da confidência, mas há um oitavo, já começado, sem diálogos, sobre o tema da “mutação onírica da imagem” que se difrata, se quebra, proteiforme. No volume 5, eu já sofri essas mutações. Isso me agrada muito, pelo prazer coreográfico do divertimento.


Esse balanço é seu modo de se impelir em continuar?

De ficar vivo, sim. Eu sou alguém bastante instável ao nível psíquico, emocional e mental, gerador de angústias. Eu tenho um lado depressivo também, onde eu penso que eu sou apenas um subexcremento, e meus momentos maníacos, onde eu sou o gênio, onde tudo aquilo que eu faço é marcado pelos deuses (ele se farta de rir)! Eu tento positivar esse defeito. Eu tenho dificuldade em desenhar duas vezes a mesma cabeça, isso é muito grave em HQ. Blueberry não tem nunca, duas vezes, o mesmo rosto, mas se o reconhece todo tempo. Eu tento manter uma coerência, uma epiderme sobre a qual isso se move, isso migra.      


Você tem medo de cair na rotina?

Envelhecendo, pode ser, eu tenho um pouco de medo. Eu tenho visto demais desenhistas de qualidade dar um aspecto patético de imitação de si mesmos, da resistência desesperada à mudança que se opera neles. Na caligrafia do grafismo, se lê também a velhice, a lassitude, o endurecimento das artérias e dos pensamentos, e as ideias todas feitas, que remontam à infância, à expressão parental (ele ri), muito difíceis em combater. Aquilo que é válido no sentido da queda é também naquele da ascensão: em certos períodos, eu tenho sido muito alto para ligação a mim mesmo e eu não me lembro como períodos de felicidade. Minha exigência aumentava ao fio de minha ascensão, paralelamente à minha insatisfação, minha severidade a respeito de mim mesmo.


Buscar, para evitar se dessecar?

Sim. O princípio de liberdade me guia e me faz muito medo. Conformar-se às palavras de ordem, mesmo muito bonitas, me parece sempre perigoso. Eu não programo nada, salvo um máximo de espontaneidade, utilizando minhas propensões mais culpáveis. Eu tenho um gosto pelo aperfeiçoamento de um nicho gráfico. Quando eu encontro um tema, eu amo entrar dentro e eu tenho dificuldade em ficar estável, horizontal. Depois, à força de amassar um conceito, eu devo abandoná-lo.


Semelhante para a técnica?

É preciso não cair no obsessivo. As cinco primeiras páginas de Inside Moebius são no aleatório e no bizarro, pois, de um só golpe, isso toma forma a um crescimento de complexidade e de aperfeiçoamento. Os dois primeiros volumes são edições por extenso da versão original. Para o terceiro, há alguns retoques na paleta gráfica. O quarto tem um terço dos desenhos refeitos, das páginas e as imagens têm sido bagunçadas. O quinto parte de uma ótica clássica, de rascunhos digitalizados em cinza claro e redesenhados na paleta gráfica, eles são também trabalhados como Blueberry ou Le Garage hermétique. Está-se longe da pequena HQ sobre um canto de toalha de mesa de restaurante.


O futuro?

O volume 6 deveria estar pronto em fevereiro. Em seguida, eu considerei a sequência do Chasseur déprime, saída em junho, depois aquela de Arzach, esse diamante enquistado na camada geológica. Esse não será mudo e enigmático como à época, haverá diálogos e uma aventura.


E esse de sua editora?

Para o momento, ela terá um só artista em seu catálogo, Moebius. Pode ser que um dia terá Gir (outro pseudônimo dele mesmo), isso fará dois. Nós trabalhamos em três, com Isabelle (sua companheira) e sua irmã Claire, imprimindo cada álbum entorno de três ou quatro mil exemplares. Nós temos reeditado recentemente 40 days dans le désert B (1999), que está em sua quarta tiragem – é um pouco nosso best-seller e eu estou muito orgulhoso. Nós temos também relançado Le Chasseur déprime. É um investimento de tempo, de dinheiro, de energia, de emoções, de medo. Tem-se muito, muito pouco de planejamento de promoção, nos somos ajudados pelos aficionados e estritos profissionais da história em quadrinhos.


Você tem retornado ao México, quadro de vários episódios de Blueberry?

Eu tenho passado uma quinzena de dias, em Guadalajara, com minha família. Há dois anos. Não se tem passado nada de extraordinário, simplesmente o prazer de reencontrar a língua, a atmosfera, a arquitetura, as pessoas, os índios e de fazê-lo viver à minha esposa e meus filhos como uma iniciação.


Revisão de Jean-Emmanuel Deluxe,  fotografia de  Christophe Delory em Standard nº 22, janeiro de 2009.

Agradecimentos a Isabelle Giraud e Claire Champeval.




Minha vida como um western
1938 – Jean Giraud/Moebius nasce em Nogent-sur-Marne, França.
1950 – Estadia no México e nos Estados Unidos.
1965 – Primeiro “Blueberry” com Jean-Michel Charlier, “Fort Navajo”.
1974 – Criação da revista de ficção científica “Métal Hurlant” com Jean-Pierre Dionnet, entre outros.
1975 – Encontro com Alejandro Jodorowsky. Eles concebem “L’Incal” (1981-1988).
1977  “Cauchemar Blanc”, adaptado por Mathieu Kassovitz, em curta-metragem, em 1991.
1988 – Seu “Surfeur d’Argent” causa uma grande impressão em Mike Mignola (“Hellboy”).
2004-2009  “Inside Moebius”, volumes 1 a 6.

Fonte: Stardand Magazine nº 22, janeiro de 2009, Paris, França.

Moebius : une poignée de myrtilles © Magali Aubert - Standard Magazine 2009, 2012


Afrânio Braga

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Blueberry de Colin Wilson

Blueberry de Colin Wilson




Exaurida a reedição das histórias curtas sobre a juventude de Blueberry, de Jean-Michel Charlier e Jean Giraud, publicadas nos “Super Pocket Pilote”, em 1985 iniciam as histórias longas e originais.

Para substituir, nos desenhos, a Jean Giraud, empenhado em outros projetos, é interpelado o desenhista neozelandês Colin Wilson.




Colin Wilson é um nome pouco notório no âmbito da Bande Dessinée, tem iniciado a trabalhar como ilustrador publicitário e em 1981 se é transferido à Inglaterra, onde tem realizado diversas histórias do Juiz Dredd, publicadas nas páginas da célebre revista “2000 A.D.”. Na França, para a Glénat, desenha a série pós-atômica “Dans l’ombre du soleil”. A sua colaboração às histórias de Blueberry o consagra a nível internacional e no mercado francês. Em 2000, tem desenhado o “Tex Gigante” nº 14, escrito por Claudio Nizzi. Atualmente vive na Austrália e prossegue a sua colaboração com “2000 A.D.”.




O choque para os admiradores de Jean Giraud é grande: no início, Colin Wilson não parece uma escolha feliz, porque em uma primeira olhada, a sua grafia, um pouco nervosa e desenquadrada, deixa-os perplexos, não parece adaptada a uma história em quadrinhos de ambientação western e não pode competir minimamente com aquela de Gir/Moebius. Em efeito, logo o seu Mike consegue conquistar pelo dinamismo complexo das pranchas.




Uma falha do artista são as figuras femininas, por exemplo: Nugget Harrington e madame Elisabeth não têm uma sensualidade minimamente comparável àquela das protagonistas desenhadas por Jean Giraud.




Nos seis volumes realizados por Colin Wilson estamos em plena Guerra de Secessão e as histórias são subdivididas em três ciclos de dois volumes cada um.




O ciclo de Quantrill

Nos primeiros dois volumes, “Les Démons du Missouri” e “Terreur sur le Kansas”, o jovem Blueberry deve ver-se com o famoso Quantrill, chefe de um terrível bando de debandados sulistas, os Bushwhackers, que ensanguentou aquelas terras no imediato pós-guerra.




Na narrativa, Jean-Michel Charlier propõe, portanto, uma história realmente ocorrida, a luta sangrenta entre a milícia de irregulares guerrilheiros de Quantrill contra a brigada de voluntários do Kansas, os Jayhawkers, do senador nortista James Henry “Jim” Lane, luta culminada em atrocidade perpetrada também contra civis inocentes de ambos os contendores.




O autor tem inserido, nos dois títulos, as palavras Missouri e Kansas próprio para sublinhar que os acontecimentos narrados se desenrolam na fronteira entre esses dois Estados.




Na narrativa é reportado o famoso massacre de Lawrence, no Kansas, realizado, em 1863, por Quantrill e pelos seus. Indubitavelmente é uma história deixada pela metade, em cuja os maus não são punidos e a palavra fim não foi escrita por Jean-Michel Charlier, mas pela História, aquela com H maiúsculo.



4. Les Démons du Missouri” (Novedi, 1985)

I demoni del Missouri
“L'Eternauta” do nº 65 ao nº 67, Comic Art, 1988
“Grandi Eroi” 56, Comic Art, 1990
“Skorpio” do nº 35 ao nº 38 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 18, Gazzetta dello Sport, 2014



5. “Terreur sur le Kansas” (Novedi, 1987)

Terrore sul Kansas
“L'Eternauta” do nº 70 ao nº 72, Comic Art, 1989
“Grandi Eroi” 57, Comic Art, 1990
“Skorpio” do nº 39 ao nº 42 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 18, Gazzetta dello Sport, 2014




O ciclo da ferrovia

O segundo ciclo, composto por “Le Raid infernal” e “La Poursuite impitoyable”, é caracterizado pelo falecimento de Jean-Michel Charlier e pela sua substituição por François Corteggiani, notório ao público italiano por haver escrito os argumentos de “Capitan Rogers”, desenhado por Giorgio Cavazzano, e de histórias para a Walt Disney Italia.




Ao jovem Blueberry são associados dois ombros, o sargento Grayson e Homer, homem negro, pelo momento que, por motivos cronológicos, Jimmy Mac Clure e Red Neck não podem ser utilizados nessa série, e para não se distanciar da regra áurea da história em quadrinhos aventurosa que quer, em uma série de sucesso, um trio de protagonistas.




Tomamos também conhecimento com o mau Henri Bowman. Os temas da ferrovia e da prisão (aquela de Rome, na Geórgia), desenvolvidos nessa narrativa, insinuam ao leitor a suspeita que François Corteggiani desenvolve, como se verá melhor em seguida, temáticas já por propostas por Jean-Michel Charlier.





A partir do volume “Le Raid infernal” muda a impostação gráfica da capa com uma imagem que cobre a capa e a contracapa, enquanto é eliminada a figura inteira do protagonista ao lado da lista dos títulos publicados, característica peculiar dos volumes Dargaud desde o início.



6. Le Raid Infernal (Novedi, 1990)

Il raid infernale
“L'Eternauta” do nº 89 ao nº 91, Comic Art, 1990
“Skorpio” do nº 43 ao nº 46 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 19, Gazzetta dello Sport, 2014




7. La Poursuite impitoyable (Novedi, 1992)

L'implacabile inseguimento (“Caccia spietata”)
“L'Eternauta” do nº 110 ao nº 112, Comic Art, 1992
Volume, Alessandro Distribuzioni, 1991
“Skorpio” do nº 47 ao nº 50 de 2013, Editoriale Aurea
“Collana Western” 19, Gazzetta dello Sport, 2014




O ciclo de Atlanta

Em “Trois hommes pour Atlanta (1993) e “Le Prix du sang” (1994), o nosso herói está às ordens do célebre general nortista William Tecumseh Sherman, grande estrategista, mas também grande beberrão, o qual envia Mike, com os dois companheiros, à Atlanta, em mãos dos inimigos, para avaliar o estado das fortificações sulistas antes de lançar um ataque. 




Ao longo da narrativa, encontramos Bowman e um velho conhecido de Mike, o capitão Lewis Norton, seu desafortunado rival no amor e na guerra. Como de sólito, não faltam perseguições, tiroteios, em suma, todo o clássico repertório western e o nosso jovem insubordinado que consegue sair, sempre pronto a salvar quanto mais vidas possível, de qualquer parte que provenham, Norte ou Sul.




Com “Le Prix du sang” se fecha a experiência artística de Colin Wilson com Blueberry, que, como antecipado, não é completamente negativa, pelo contrário! A última prancha mostra um Mike que, após haver beijado Elisabeth, se distancia a cavalo, ao luar, sobre o gênero de “I’m a poor lonesome cowboy”



8. “Trois Hommes pour Atlanta” (Alpen Publishers, 1993)

Tre uomini per Atlanta
“L’Eternauta Presenta” 167, Comic Art, 1997
“Skorpio” do nº 51 de 2013 ao nº 2 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 20, Gazzetta dello Sport, 2014



9. “Le Prix du sang” (Dargaud, 1994)

Il prezzo del sangue
“L’Eternauta Presenta” 169, Comic Art ,1997
“Skorpio” do nº 3 ao nº 6 de 2014, Editoriale Aurea
“Collana Western” 20, Gazzetta dello Sport, 2014


Fonte: Blog Zona Bedé, Itália.
Blueberry di Colin Wilson © Zona Bedé 2015

A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud

La Jeunesse de Blueberry © Jean-Michel Charlier, Colin Wilson, Dargaud Éditeur
La Jeunesse de Blueberry © François Corteggiani, Colin Wilson, Dargaud Éditeur

Afrânio Braga


domingo, 20 de dezembro de 2015

Blueberry em “Revista do Clube Tex Portugal” nº 2

HERÓIS DO OESTE
BLUEBERRY


Rui Cunha




Entre muita gente, boa e má, com quem Tex Willer se cruza nas suas aventuras pelo Oeste fora, nunca aconteceu ter-se cruzado com Mike S. Donovan, também conhecido como Mike Steve Blueberry, ou Mike Blueberry, ou apenas Blueberry, outro cowboy que, tal como Tex, viveu imensas aventuras no mítico velho Oeste.

A série, imaginada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud, desenhada por Giraud, transporta-nos para o Oeste Selvagem, que se estende desde as pradarias dos Estados Unidos até ao Novo México, tudo admiravelmente recriado, com todos os pormenores e as suas referências, algumas delas históricas, como a Guerra de Secessão ou a construção do Caminho de Ferro.

As origens de Blueberry podem ser encontradas em “Frank et Jeremie”, os primeiros trabalhos sobre temas do Oeste, desenhados por Giraud quando ele tinha apenas 18 anos, para a revista “Far West” e na sua colaboração, em 1961, com Jijé em “Jerry Spring”, que apareceu na revista franco-belga “Spirou”.

Por volta de 1961-62, Jean Giraud, admirador da obra de Jean-Michel Charlier, convidou-o para escrever os argumentos de uma nova série sobre o Oeste para a revista “Pilote”. Charlier recusou, já que nunca sentira grande empatia com o género. Mas, quando em 1963, a revista enviou Jean-Michel Charlier para fazer uma reportagem à Base Aérea de Edwards, situada no deserto do Mojave, na Califórnia, ele aproveitou a oportunidade para descobrir o Oeste Americano. Encantado com tudo aquilo que viu, Charlier regressou a França com uma enorme vontade de escrever sobre o Oeste. Começou por convidar Jijé para desenhar a série, mas este, querendo evitar um conflito de interesses, já que era um colaborador regular da revista “Spirou”, que era concorrente direta da “Pilote”, recusou, mas o desenhador indicou o seu protegido, Jean Giraud, como desenhador.

A primeira aventura de “Blueberry”, apareceu no número da revista “Pilote” que foi publicada no dia 31 de Outubro de 1963. Intitulada “Fort Navajo”, a história tinha 46 páginas que foram publicadas nos números seguintes da revista. Nesta aventura, Blueberry é apenas uma de muitas personagens que vão surgindo e é-nos apresentado como sendo uma espécie de vagabundo do Oeste: jogador, batoteiro, rufia, que gosta de beber o seu copo de vez em quando, mas que, ao longo do livro, vai mostrando um outro carácter que lhe trará coisas boas, mas também alguns amargos de boca.




A personagem, segundo Charlier, foi inspirada na aparência física do actor francês Jean–Paul Belmondo, cujo nome, “Blueberry”, nasceu quando da sua viagem americana, a qual, foi feita na companhia de um outro jornalista que adorava doce de mirtilo, a quem, Charlier, alcunhou de “Blueberry” e “quando comecei a delinear a série e as coisas a comporem-se, eu decidi usar a alcunha do meu amigo porque gostei dela e achava que era um nome engraçado… só não imaginava que se iria tornar tão popular, que iria tornar-se sinónimo da série e que ficaríamos presos a esse nome para sempre”.

Entre 1963 e 1973, as histórias de Blueberry eram inicialmente publicadas na revista “Pilote”, antes de serem publicadas em álbum. Até 1990 (altura em que a morte de Charlier, ocorrida em 1989, pareceu que a série iria terminar), a lenda de Blueberry foi aumentando, assim como os volumes da série. Artisticamente, a série variou muito para melhor. Num mesmo álbum, paisagens de cortar a respiração contrastavam com grandes momentos de acção, muito graças ao perfeccionismo que Giraud punha no seu trabalho.

Assistimos também, neste período criativo de ambos os autores, a uma evolução da personagem que passa a ser uma espécie atípica do Oeste: ele não é aquele homem da lei que vagueia de terra em terra à procura dos vilões e confrontá-los com a justiça; nem é aquela personagem simpática (o vulgar bom da fita) que chega à cidade, resolve os problemas, torna-se o novo xerife e casa com a professora da escola; não! Em qualquer situação, ele pensa naquilo que deve ser feito e faz o que tem a fazer.

O sucesso da série, assim como a evolução da narrativa onde as pontas deixadas, propositadamente soltas, permitiram o desenvolvimento da acção e a criação de novos títulos. Surgiram assim novos ciclos dentro da mesma série: “Blueberry” (que se dividirá em dois sub-ciclos), “A Juventude de Blueberry”, “Marshall Blueberry” e “Mister Blueberry”, cada um deles situado em determinado período de tempo.

A Juventude de Blueberry”, funciona como uma espécie de prequela de toda a série (apesar de se ter iniciado a sua publicação na década de 70), a acção passa-se entre 1861 e 1864, traça os primeiros anos de Blueberry, enquanto filho de um rico plantador do sul e as razões que o levaram, durante a Guerra de Secessão Americana, a trocar os estados sulistas pelos do norte e a tornar-se corneteiro no exército “Yankee” e narra também as suas aventuras posteriores. Os primeiros esboços desta série apareceram na revista “Super Pocket Pilote”, no final da década de 60. Mais tarde foram redesenhados e coloridos para poderem aparecer no formato álbum.

La Jeunesse de Blueberry” – “A Juventude de Blueberry”, a primeira aventura do jovem Michael Steven Donovan, é publicada em 1975, sob um argumento de J.-M. Charlier e o desenho de Jean Giraud. Nela assistimos a como o jovem escolhe o nome “Blueberry” a partir dum arbusto de mirtilo que vê quando foge dos seus compatriotas. Mantendo duas séries em paralelo, ao longo das duas décadas, “Blueberry” foi adquirindo o seu espaço dentro do universo da BD.

Tex também, em algumas das suas muitas aventuras, se viu envolvido em acontecimentos que, directa ou indirectamente, se relacionavam com a famigerada Guerra de Secessão que assolou os Estados Unidos entre 1861 e 1864, como por exemplo na história que começa com “Entre Duas Bandeiras” (revista nº53) e termina com “A Batalha Sangrenta” (revista nº55).

A 10 de Junho de 1989, J.-M. Charlier morre, deixando vários argumentos escritos para obras posteriores de Blueberry. O último álbum da juventude que teve um argumento seu, apesar de parcialmente completado por François Corteggiani, foi “Le Raid InfernalO Raid Infernal” (1990).

Em termos de arte, Jean Giraud desenhou os três primeiros álbuns da série da juventude. Alegando querer focar-se somente na série principal e também explorar diferentes caminhos da BD através de Moebius, o seu pseudônimo criado exclusivamente para isso, Giraud, a partir do quarto álbum, “Les Démons du MissouriOs Demónios do Missouri” (1985), passa o pincel a Colin Wilson, desenhador Neo-Zelandês, que além de outros trabalhos de BD, desenhou “O Último Rebelde”, uma aventura de Tex, com argumento de Claudio Nizzi, em que o ranger, juntamente com o seu inseparável companheiro, Kit Carson, vai tentar neutralizar um exército de confederados que recusam aceitar o final da guerra. A dupla François Corteggiani e Colin Wilson irá desenvolver o passado de Blueberry nos álbuns seguintes. Em 1998, por querer dedicar-se a uma BD própria, porque Blueberry não lhe dava espaço criativo suficiente, Colin Wilson sai da série e foi substituído por Michel Blanc-Dumont, o criador da série “Jonathan Cartland”, passada no Oeste americano, em “La Solution Pinkerton”, o décimo álbum da juventude e daqui para a frente tem desenhado as aventuras todas, sempre com argumento de François Corteggiani.

A série principal de Blueberry, quase integralmente feita pela dupla J.-M. Charlier e Jean Giraud, é a mais longa e compreende três ciclos passados em distintos períodos da história: “Blueberry”, “Marshall Blueberry” e “Mister Blueberry”. A série “Blueberry”, cuja acção se situa, num primeiro momento entre 1867 e 1868 e num segundo momento, entre 1869 e 1881, compreende dois ciclos e dois subciclos: Os ciclos são “Forte Navajo”, que começa no álbum “Forte Navajo” (1963) e termina no álbum “La Piste des Navajos” – “Na Pista dos Navajos” (1968), compreende os cinco primeiros álbuns publicados e nos quais Blueberry, com a patente deTenente, é colocado no Forte Navajo, que fica no limite do território de domínio branco. Com a ajuda de Jim McClure, um velho mineiro bêbado, que se vai tornar num dos seus companheiros em futuras aventuras, tenta impedir que aconteça uma guerra entre brancos e índios. Segue-se o primeiro sub-ciclo, que se pode intitular “Xerife Blueberry”, que compreende três álbuns. Começa com “L'Homme à l'étoile d'argent” – “O Homem da Estrela de Prata”(1969), onde Blueberry é recrutado pela população da cidade de Silver Creek para ocupar o lugar de Xerife, deixado vago pelo assassínio do anterior homem da lei da cidade às mãos dum grupo de cowboys que querem dominar a cidade. É uma das melhores aventuras de Blueberry, não só porque ficamos a conhecer uma faceta ainda desconhecida do militar, como também, este álbum acaba por ser uma grande e justa homenagem dos autores, principalmente de Charlier, a um dos melhores westerns do cinema, “Rio Bravo” que Howard Hawks realizou em 1959, 10 anos antes da publicação desta história.

Também a Tex, a posição de homem da lei não é estranha já que grande parte da sua vida aventurosa foi passada como Ranger do Texas, a defender a lei e a Justiça tal como se vê na história “O Xerife Tex” (revista “Tex Férias” nº11).

O sub-ciclo termina com “O Espectro das Balas de Ouro” (1972) e não deixa de ser curioso que, tal como Howard Hawks fez uma trilogia dedicada à figura do xerife, realizando “El Dorado”, em 1966 e “Rio Lobo” em 1970, Charlier também o fez neste sub-ciclo de três álbuns, a que se junta “A Mina do Alemão Perdido” (1972). Aqui também Tex andou metido em sarilhos parecidos como se pode constatar em “A Mina do Fantasma” (revista nº394) e “As Montanhas Malditas” (revista nº395).



Blueberry e Tex, desenhados por Colin Wilson.



A imagem em que se inspirou Giraud para o seu “Blueberry. L'Homme à
l'étoile d'argent – “O Homem da Estrela de Prata” (1969), é um fotograma
de “Night Moon (“O comboio apitou três vezes”) com Gay Cooper, que
Fred Zinnerman realizou em 1952. Aurelio Galleppini utilizaria a imagem
(invertida) do cartaz do filme “Hondo”, de 1953, realizado por John Farrow,
com John Wayne, como modelo para a capa de “Una Stella per Tex
(“Tex Gigante” 2ª serie nº 181, de 1975), que seria mais tarde motivo
para um desenho de Claudio Villa, em homenagem a Galleppini.


Em 1866, depois da Guerra de Secessão de má memória, uma epopeia fantástica anima os Estados Unidos: a construção do caminho-de-ferro que irá ligar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, através de todo o continente. Duas companhias rivais são encarregadas de fazer a obra: a “Union Pacific” que parte do Leste e a “Central Pacific” que parte da costa Oeste. As duas linhas avançam uma em direcção à outra e as duas companhias rivais querem chegar primeiro que a outra e não olham a meios para conseguir o seu objectivo. É esta a ideia que predomina no segundo sub-ciclo de Blueberry, que se chama “Saga do Caminho-de-Ferro”. São quatro álbuns que começam com “Le Cheval de Fer” – “O Cavalo de Ferro” (1970) e termina com “Général Tête Jaune” – “O General Cabeça Amarela” (1971) e é uma das aventuras mais emocionantes de toda a série, não só por ser baseada em factos reais (a construção do caminho de ferro, as guerras com os índios), com personagens reais (como o general Dodge), grande sentido de acção e qualidade nas personagens secundárias (como Jethro “Steelfingers”), mas também no modo como transforma o comboio e a linha em construção nas personagens principais, relegando para segundo plano o ser humano. De salientar que é em “O Cavalo de Ferro” que surge a personagem de “Red Neck Wooley”, o pisteiro que se junta a Blueberry e a McClure e ainda participará noutras aventuras.

O segundo ciclo da série decorre entre 1869 e 1881. Compreende onze álbuns que formam uma saga que a torna a mais longa da série, à qual se pode chamar “Saga da Perseguição” e será novamente dividida em dois sub-ciclos. O primeiro, intitulado “Caça ao tesouro sulista” (título da minha responsabilidade), tem “Chihuahua Pearl” (1973) como primeiro álbum e desenvolve-se ao longo de mais quatro álbuns terminando com “Angel face” (1975). Ao longo deste sub-ciclo, Blueberry volta a reencontrar velhos amigos, como Guffie Palmer, a dona dum bordel em “O Cavalo de Ferro” e também o General Allister, um velho inimigo. Esta aventura começa com a descoberta do cadáver de um homem que tem na sua posse uma carta dirigida ao presidente dos Estados Unidos, Ulysses S. Grant e levará Blueberry e os seus companheiros até ao México em busca de um antigo oficial sulista.

O oficial em questão é o único a saber da localização dum tesouro confederado escondido, pelo presidente Jefferson Davis, nos últimos dias da Guerra de Secessão, cujo valor ascende a mais de 500.000 dólares. O problema é que o militar se encontra preso e doente numa prisão mexicana e ninguém sabe quem ele é. Mas o enredo ainda se complica mais quando, no regresso da sua missão, Blueberry se vê acusado de roubo e cai, literalmente, no meio duma conspiração para assassinar o presidente Grant.

Os dois últimos álbuns deste sub-ciclo , “Le Hors-la-loi” – “O Fora-da-Lei” e “Angel Face” ligam directamente ao segundo subciclo desta série que se pode intitular “Blueberry fugitivo” (uma vez mais, o título é da minha responsabilidade). O sub-ciclo, composto por seis álbuns, começa com “Nez Cassé”- “Nariz Partido” (1980) e termina com “Arizona Love” (1990) que foi também o último argumento escrito por Charlier.

Blueberry é considerado um traidor e acusado de tentar matar o presidente Grant. Para escapar aos militares e ao pelotão de fuzilamento que certamente o aguarda, vê-se obrigado a fugir e encontrar refúgio junto daqueles que já combateu no passado e que o consideram como um bravo: os índios Apaches chefiados por Cochise, outra personagem verídica do Oeste que já apareceu em outras aventuras, onde assume o nome de “Tsi-Na-Pah”, que quer dizer “Nariz Partido”. Eventualmente, Blueberry acabará por se entregar às autoridades em troca da vida de Chini, a filha de Cochise, que se encontra nas mãos dos brancos. Sabe que será condenado, mas ainda não jogou a sua última cartada, nem se livrou de alguns dos seus inimigos de outras aventuras.

Como sempre acontece, todo o bom herói passa a vida metido em sarilhos e alguns deles bastante graves, principalmente quando são os poderes instituídos que correm perigo. Assim, tal como Blueberry se viu metido numa conspiração para assassinar o presidente Grant, também Tex se vê metido numa alhada parecida que se estende por quatro revistas e que começa em “O Grande Golpe” (nº107), continua em “Em Nome da Lei” (nº108) e em “A Cela da Morte” (nº109) e só termina em “A Sombra do Patíbulo” (nº110).

O chefe Cochise também surge em destaque numa aventura de Tex, com o título de “Arizona em Chamas”, escrita por Claudio Nizzi e desenhada por Victor De La Fuente. Nela, os nossos heróis vêem-se a braços com um grupo de Voluntários do Arizona que querem expulsar os índios das suas terras e para isso não hesitam em exterminar todos aqueles que encontram.

Curiosamente, tanto Blueberry, como Tex, são amigos dos índios e defendem-nos quando é preciso. Tex, a dada altura da sua vida aventurosa, refugia-se no meio dos índios Navajos, assume o nome da “Águia da Noite”, casa com uma índia, filha do chefe da tribo, de nome “Lilyth”, tem um filho, “Kit Willer” (cujo nome índio é Falcão Pequeno) e, além de Kit Carson (nome inspirado no pioneiro do Oeste com o mesmo nome), tem também como companheiro em inúmeras aventuras, “Jack Tigre”, um índio Navajo.


O Cochise de Giraud e o de Lètteri.


No início da década de 90, a série principal sofre uma interrupção que permitiu a Jean Giraud, agora também argumentista, desenvolver outra variante na personagem e criar um novo ciclo dentro da série que se chama “Marshall Blueberry”, cuja acção se situa em 1868, pouco depois dos acontecimentos narrados em “O General Cabeça Amarela”. Blueberry está novamente colocado no Forte Navajo, onde os colonos das novas terras se refugiam para fugir aos ataques e consequente extermínio levado a cabo por um bando de Apaches, chefiados por Chato, é-lhe pedido que intervenha junto do velho chefe para se livrar do índio renegado antes que comece nova guerra com os índios. Ao mesmo tempo um enviado de Washington pede ao militar que, agindo com plenos poderes autorizados, ponha fim ao tráfico de armas que acontece no território. Este ciclo compreende três álbuns escritos por Giraud e os dois primeiros desenhados por William Vance, autor de diversas bandas desenhadas nas quais se incluem “Bruno Brazil” ou “XIII”, entre outras e o terceiro desenhado por Michel Rouge.

A partir de 1995, já com Jean Giraud a desenhar e a escrever os argumentos, inicia-se o último ciclo da saga principal da série. “Mister Blueberry”, assim se chama o ciclo, cuja acção decorre em 1881. Blueberry, livre de todas as acusações que pendiam sobre si, demitiu-se do exército e foi viver para Tombstone onde se dedica aos seus vícios pessoais: o álcool, o jogo e, ocasionalmente, mulheres. Campbell, um escritor de Boston, e Billy, o seu adjunto, vão até à cidade para o entrevistar sobre os acontecimentos em que o ex-militar esteve envolvido, nomeadamente o ter salvo a vida ao presidente Grant. Mas ainda não será desta vez que Blueberry poderá desfrutar da sua “reforma” antecipada, pois o passado volta a vir ao seu encontro e desta vez trará consequências graves.

Este ciclo, composto por cinco álbuns começa com “Mister Blueberry” – “Mister Blueberry” (1995) e termina com “Dust” – “Dust” (2005). Algures no meio, enquanto Blueberry jaz em perigo de vida por ter sido baleado, relembra (numa série de flashbacks) um episódio ocorrido quando ele ainda era um jovem tenente e se encontra a primeira vez com Gerónimo, o Apache.

No quarto álbum da saga, “Ok Corral” (2003), Giraud, agarra no seu herói, levanta-o da cama, onde jazia a recuperar de ferimentos, e coloca-o na pista de Dorée Malone, uma cantora de cabaré que o vela durante a sua recuperação, mas que se encontra desaparecida e quase que o envolve no famoso duelo que dá título ao álbum e homenageia um dos mais famosos episódios da história do Oeste: o “Duelo de OK Corral”. Depois do cinema e da televisão, foi a vez da banda desenhada homenagear este episódio famoso na história do velho Oeste ocorrido em Tombstone, em 1881, entre os irmãos Earp, homens da lei, “Doc” Holliday, jogador e amigo da família Earp e o bando da família Clanton que, com a ajuda do misterioso e frio pistoleiro Johnny Ringo (outra personagem verídica), que pretendia dominar a cidade e impor a sua lei à base de armas.

Tex, se não passou por este famoso episódio do Oeste, andou lá perto, pois as aventuras “Os Justiceiros de Vegas” (revista nº501) e “Duelo no Sunset Corral” (revista nº502) são disso exemplo, até a capa do nº 502, desenhada por Claudio Villa, é uma homenagem descarada ao episódio, mas também às cenas que filmes como “My Darling Clementine” – “Paixão dos Fortes” (John Ford, 1946), “Gunfight at the OK Corral” – “Duelo de Fogo” (John Sturges, 1957), “Tombstone” – “Tombstone” (George Pan Cosmatos, 1993) ou “Wyatt Earp” – “Wyatt Earp” (Lawrence Kasdan, 1994) tão bem souberam reproduzir.



Blueberry, Tex e Carson, acompanhados por Jean Giraud (sentado) e François 
Corteggiani (em pé), numa homenagem de Emanuele Barison, autor que 
recentemente terminou uma aventura de Tex e que vai ser publicada em breve.



Tex Willer visto por Jean Giraud num desenho feito para Fabio Civitelli.


O último álbum da série, “Apaches” (2007), relata o primeiro encontro entre o jovem tenente Blueberry e o chefe índio Gerónimo, descrito por Blueberry ao escrivão de Boston durante os “flashbacks” que aparecem nos cinco álbuns de “Mister Blueberry” e, sendo um álbum sozinho, podemos encará-lo como uma espécie de história que Campbell poderá ter escrito depois de ter entrevistado Blueberry. Cronologicamente poderemos situar este álbum e considerá-lo como uma espécie de ligação entre o final da Guerra de Secessão, descrita nos álbuns da juventude e “Forte Navajo”, o primeiro álbum da série principal.

Jean “Moebius” Giraud faleceu a 10 de Março de 2012.

Para terminar, devo dizer que tenho pena que nem Tex Willer nem Mike “Blueberry”, sendo contemporâneos um do outro, viveram alguns episódios reais do Oeste, conheceram algumas das mais famosas personagens que povoaram o velho Oeste, viveram entre os índios, foram ambos homens da lei, nunca se tenham cruzado em nenhuma aventura um do outro.

A banda desenhada tem destas coisas!




© 2015 Clube Tex Portugal

Agradecimentos ao Clube Tex Portugal e a Rui Cunha pela gentil permissão para publicar o artigo "Heróis do Oeste. Blueberry" no blogue Blueberry.

Afrânio Braga