domingo, 8 de setembro de 2013

“The Blueberry Saga. Confederate Gold”

Capa. Ilustração de Jean Giraud.


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Introdução

“The Blueberry Saga” é em parte um híbrido de duas formas clássicas da cultura popular americana: as publicações western e as histórias em quadrinhos. Ironicamente, embora a inspiração básica seja americana, o projeto, do artista Mœbius (Jean Giraud) e do escritor Jean-Michel Charlier, é uma importação da França e apresenta uma forte influência dos arenosos filmes western “spaghetti” filmados na Espanha e na Itália. Esse tipo de polinização cruzada internacional resultou em um único produto, parte mítico 19th Century West, parte tom moderno e perspectiva.

Os leitores não devem se surpreender que os europeus escrevam sobre o Oeste. Existem muitos, incluindo meus amigos George Fronval, autor de vários livros de western histórico para leitores franceses, e Thomas Jeier, que escreve para publicadores alemães.

De certa forma, “Blueberry” é um território familiar para mim. Como um menino que cresceu, nos anos 1930, em um rancho, no oeste do Texas, a 14 quilômetros da cidade, com pouco entretenimento, eu me tornei devoto de ambos: as publicações western e as histórias em quadrinhos. Essas ajudaram a me levar, eventualmente, para a carreira de romancista western.

(...)

Em muitos aspectos, a saga “Blueberry” reflete suas raízes nas publicações western e nas histórias em quadrinhos mais recentes. Em outros, a saga é a geração X com sabor europeu. Seu excelente trabalho de arte é frequentemente uma reflexão acurada de cenários westerns genuínos, remanescente de fotografias do século passado, retratando cidades de Fronteira, postos do Exército, paisagens desérticas e costumes. Às vezes, assemelha-se ao trabalho de tão bons ilustradores de publicações western, como o novato Nick Eggenhofer.

Contudo, em termos de violência explícita - e linguagem - vai mais além do que muitas das publicações ou das histórias em quadrinhos recentes. É mais Clin Eastwood do que Zane Grey ou Walt Coburn. Suas origens europeias o fazem mais Karl May – o mais jovem escritor alemão de western fantasioso – do que Louis L’Amour. Ele flerta constante, e ocasionalmente, com um tema tabu, o sexo, que, através disso, fica menos explícito do que a violência.

Eu tive os álbuns “Blueberry” quando mais jovem, eu os amava. Mas, eu os mantive escondidos de minha mãe. Ela não os teria dado, ela os teria queimado, junto com parte do meu traseiro.

“Blueberry” deve ser lido como ele é, uma fantasia de ação e puro entretenimento, não como uma representação verdadeira do Velho Oeste, mais do que um modo superficial. É uma extensão do mítico Oeste inventado por Ned Buntline e seus contemporâneos, com novas dimensões adicionadas pelos revisionistas de hoje. É um Oeste imaginado como ele deveria ter sido ou, na visão de alguém, deve ter sido, repleto de agitação e heroísmo, punhais golpeando e armas brilhando, chapéus brancos e chapéus pretos... muitos chapéus pretos.

O personagem Blueberry, ele próprio, não é o tradicional mocinho western, mais de dois metros de altura e invencível. Bem, ele, às vezes, parece ser muito alto, mas ele não é invencível, nem é sempre puro em pensamentos e ações. Ele tinha seu lado sombrio e um humor sarcástico que teria dado créditos a Humphrey Bogart, ou pelo menos a Lash LaRue.

Ele não é para crianças... Exceto uns crescidinhos que ainda relembram a magia a ser descoberta em uma tira de história em quadrinhos bem desenhada.

Elmer Kelton
San Angelo, Texas
Abril de 1996

N. C.: Trechos da introdução.


THE LIFE AND TIMES OF
BLUEBERRY
por Randy & Jean-Marc Lofficier
baseado em um ensaio de Jean-Michel Charlier

OS PRIMEIROS ANOS (1843 a 1861)

JOVEM BLUEBERRY (1861 a 1865)

APÓS A GUERRA CIVIL (1865 a 1868)


FORTE NAVAJO (fevereiro a agosto de 1868)


Página 16. N. C.: Red Neck, Mike Blueberry e Jimmy McClure, os 
três companheiros de aventuras. Jean Giraud, Portfolio Gentiane, 1983.


A CONSTRUÇÃO DA FERROVIA TRANSCONTINENTAL (setembro a novembro de 1868)


Página 20. N. C.: Mike Blueberry. Jean Giraud, 1975.


MARSHAL BLUEBERRY (dezembro de 1868 a outubro de 1869)

O OURO DOS CONFEDERADOS (novembro de 1869 a novembro de 1872)

OS ÚLTIMOS ANOS (MISTER BLUEBERRY)

N. C.: “The Life and Times of Blueberry” (“A Vida e a Época de Blueberry”) foi baseado na biografia de Blueberry, escrita por Jean-Michel Charlier, publicada no álbum “Ballade pour un cercueil” (“Balada para um Caixão”), Dargaud Éditeur, 1974 – essa biografia, em parte, também foi publicada no blog Blueberry, uma Lenda do Oeste.


Blueberry na página 1 de “Angel Face”, não publicada em 
“The Blueberry Saga. Confederate Gold”. Jean Giraud, 1975.


BOOK 1: CHIHUAHUA PEARL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


BOOK 2: THE HALF-A-MILLION DOLLAR MAN


BOOK THREE: BALLAD FOR A COFFIN






















BOOK FOUR: THE OUTLAW





















N. C.: A Mojo Press supriu a primeira página da quinta história. Assim, não é informado o título do último episódio (“Angel Face”), que consta apenas, como o anúncio original, no final de “The Outlaw”. Tampouco a editora informou o número de páginas do livro. Abaixo, duas imagens de “Book Five: Angel Face”:

 


THREE BLACK BIRDS

N. C.: História curta de Jean Giraud, em preto e branco, sem balões de diálogos, com a narrativa nos rodapés dos 28 quadrinhos - em "The Blueberry Saga. Confederate Gold" são dois quadrinhos, na vertical, por página. Essa história também foi publicada, em preto e branco, no estojo “Three Black Birds”, com os quadrinhos em separado e tiragem de 300 exemplares, numerados e assinados pelo autor, e, em cores, no artbook "Blueberry’s”, ambos da Stardom Éditeur.




















N. C.: Falta, no blog Blueberry, o quadrinho 20, cujos  textos são: “I DON’T SEE NO BLOOD!” “WHERE’S THE LOOT? SHIT!” “MAKE SURE HE’S GOOD’N DEAD.” “WE’LL BURY’IM RIGHT THERE. O’HEARN, GO AN’GIT THE SPADE!” “HEY! MEBBE HE AIN’T REALLY DEAD!”


N. C.: O quadrinho 20 na edição belga de "Portfolio Blueberrys", 
que contém a história "Three Black Birds", Stardom Éditeur, 1995.











N. C.: Retrato de J.-M. Charlier por Giraud. 
© Aedena, 1986.

JEAN-MICHEL CHARLIER

Um dos “pais fundadores” da Idade de Prata da história em quadrinhos franco-belga, Jean-Michel Charlier nasceu em Liège, Bélgica, em 30 de outubro de 1924. Após obter o Ph.D em Direito e um bacharelato em Letras na Universidade de Liège, ele começou a trabalhar como jornalista para vários jornais. Aos vinte anos, sua paixão por história em quadrinhos o leva a trabalhar em “Spirou”, a famosa revista para crianças, para a qual ele escreveu artigos semanais.

(...)


Jean Giraud. © Greg Preston.

JEAN “MŒBIUS” GIRAUD

Jean Giraud, também conhecido como Mœbius, é um artista cujo trabalho, como ilustrador, tem ganhado muitos dos mais prestigiosos prêmios a nível mundial. Giraud tem sido amplamente reconhecido como sendo uma das principais influências, dos dias atuais, no campo das artes visuais.

(...)

N. C.: Trechos das biografias dos autores, cujas estão publicadas no blog Blueberry, uma Lenda do Oeste.


Contracapa.


Textos da contracapa:

BLUEBERRY, o nome de uma figura sombria do Oeste americano, está em todo lugar, mas em lugar nenhum. "BLUEBERRY" é uma história de aventura, ação e ouro. BLUEBERRY – o melhor western que você já tenha lido... ou visto.


"Repleto de agitação e heroísmo, punhais golpeando e armas brilhando, chapéus brancos e chapéus pretos... muitos chapéus pretos."
Da introdução de Elmer Kelton


"Admiradas composições inspiradas, surpreendente
trabalho de pintor e grandes personagens criando
um western mítico em forma de sonho, que
deve ser mantido... VIVA MŒBIUS!"
Tim Truman ("Jonah Hex", "Lone Ranger")


"O quê Sergio Leone (“Por um Punhado de Dólares”) fez para os filmes western, a dupla Charlier e Mœbius fez no ambiente das histórias em quadrinhos. “Blueberry” é um clássico, uma narrativa interessante e um trabalho de arte estupendo."
Jack Jackson ("Comanche Moon", "Los Tejanos")


Ficha técnica

“The Blueberry Saga. Confederate Gold”
("A Saga Blueberry. O Ouro dos Confederados")
Histórias: "Chihuahua Pearl", "The Half-a-million Dollar Man", "Ballad for a Coffin", "The Outlaw" e "Angel Face" – "Chihuahua Pearl", "O Homem que Valia 500.000 Dólares", "Balada para um Caixão", "O Fora da Lei" e "Angel Face".
“O Ouro dos Confederados”. Integral dos ciclos Chihuahua Pearl. O Tesouro dos Confederados ("Chihuahua Pearl", "O Homem que Valia 500.000$" e "Balada para um Caixão") e do Primeiro Complô Contra Grant. A Decadência de Blueberry ("O Fora da Lei" e "Angel Face").
Roteiros: Jean-Michel Charlier.
Desenhos: Jean "Mœbius" Giraud.
Tradutores e editores: Randy & Jean-Marc Lofficier.
Editores originais: Margareth Clark e Marie Javins.
Letristas: Phil Felix, Kenny Lopez, Jim Novak e Gaspar Saldino.
Cores: as cinco histórias são em preto e branco, não sendo utilizado o original em “noir et blanc” e sim uma passagem direta das páginas em cores para o preto e branco.
"Three Black Birds". História curta de Blueberry, em preto e branco, roteiro e desenhos: Jean "Mœbius" Giraud, letras: Doug Potter.
Capa: Jean "Mœbius" Giraud. A capa não é de nenhuma das histórias do integral, e sim aquela do álbum "Le Bout de la piste" ("O Fim da Pista"), o último volume do ciclo do Segundo Complô Contra Grant. O Crepúsculo da Nação Apache e a Reabilitação de Blueberry.
Formato: 17,7X22,8 cm.
Páginas: não numeradas, no total de 276.
Preço: US$ 12.95 / $ 17.50 CAN.
Editora: Mojo Press.
Publicador: Ben Ostrander.
Editor: Richard Klaw.
The Blueberry Saga: Confederate Gold. Arte e história © 1973, 1974, 1975, 1996 Jean-Michel Charlier & Jean Giraud. Tradução e texto © 1989 Starwatcher Graphics, Inc. Originalmente publicado por Dargaud Éditeur. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse livro pode ser impresso ou reproduzido em qualquer forma, quer seja mecânica ou eletrônica, sem a permissão dos autores. Todos os personagens que aparecem nesse livro e suas distintas imagens são uma marca registrada de Jean-Michel Charlier & Jean Giraud. Introdução © 1996 Elmer Kelton. Impresso no Canadá.
Essa edição © Mojo Press
Mojo Press, Austin, Texas, Estados Unidos da América, 1996.


Blueberry no Monument Valley, 
região dos Estados Unidos, 
situada na Reserva dos Navajos, 
comum a Utah, Colorado, Novo 
México e Arizona, em cuja se 
encontra monumento "As 
Quatro Esquinas", que marca 
o ponto de divisas desses 
quatro Estados.
Capa do álbum “Le Bout de la piste” 
(“O Fim da Pista”), volume 22 de “Blueberry”, publicado em 1986. 
Desenho de Jean Giraud.







A ilustração de Jean Giraud, 1986, e a capa de “The Blueberry Saga. Confederate Gold”, 1996.


A ilustração da página “0”, feita por Jean Giraud para “Ballade pour un cercueil”, mostrando Finlay, Kimball e os renegados confederados, que aprisionam Trévor, e o levam a Tacoma, em busca do Tesouro dos Confederados, publicada, em página inteira e em cores, em “Blueberry 1. Ballad for a Coffin”, Epic Comics, 1989. A chegada do grupo, à cidade-fantasma, foi retratada de maneira distinta no álbum “Ballade pour un cercueil” (“Balada para um Caixão”) publicado, em 1974, por Dargaud Éditeur.


Prancha 1 da história “Angel Face”, não publicada em
“The Blueberry Saga. Confederate Gold”.


Quadrinho 2 de “Three Black Birds”, apresentando o conjunto 
das duas versões da história: em preto e branco e em cores.


Capa do álbum “Blueberry 1. Chihuahua Pearl”, contendo “Book 1: Chihuahua Pearl” 
e “Book 2: The Half-a-million Dollar Man”, publicado por Epic Comics, em 1989.


Capa do álbum “Blueberry 2. Ballad for a Coffin”, contendo “Book Three: Ballad 
for a Coffin” e “Book Four: The Outlaw”, publicado por Epic Comics, em 1989.


Capa do álbum “Blueberry 3. Angel Face”, contendo “Book Five: Angel 
Face” e “Book Six: Broken Nose”, publicado por Titan Books, em 
parceria com Marvel Comics e Epic Comics, em 1989.


Fontes das imagens: Bedetheque: capa de “The Blueberry Saga. Confederate Gold”, página 1 de “Book Three: Ballad for a Coffin”, página 1 de “Book Four: The Outlaw”, página 46 de “Book Five: Angel Face”, capas dos álbuns americanos “Blueberry” números 1, 2 e 3; Blueberry-soundarss: páginas 1, 3, 4 e 26, retrato de Jean-Michel Charlier, fotografia de Jean Giraud; Oranofactory: página 16; Comic-historietas: página 20, 28 quadrinhos de “Three Black Birds”, díptico da ilustração de Blueberry no Monument Valley e capa de “The Blueberry Saga. Confederate Gold”, díptico da página “0” de “Ballade pour un cercueil”; Encheres.catawiki: quadrinho 20 de "Three Black Birds"; Theairtightgarage: 46 páginas de “Book 1: Chihuahua Pearl”, página 45 de “Book Five: Angel Face”, ilustração de Blueberry no Monument Valley para a capa de “Le Bout de la piste”; Catawiki: contracapa de “The Blueberry Saga. Confederate Gold”; Dargaud Éditeur: capa de “Le Bout de la piste”; Afrânio Braga: “The Blueberry Saga. Confederate Gold” em parte de sua BBteca.


"The Blueberry Saga. Confederate Gold", terceiro livro, da esquerda para a direita, em parte da minha BBteca.

O ciclo do Tesouro dos Confederados parece ser o preferido dos editores para ser publicado em um integral: Estados Unidos (“The Blueberry Saga. Confederate Gold”), Portugal (“Os Clássicos da Banda Desenhada”) e Itália (“I Classici del Fumetto di Repubblica Serie Oro”). Esse ciclo é considerado, pelos leitores de Blueberry, como um dos melhores da saga, juntamente com aquele de Prosit Luckner. O Ouro da Sierra, os quais mostram como o ouro sempre foi um metal cobiçado pelo homem.

No fim dos anos 1980 e durante os anos 1990, "Blueberry" foi publicado, em cores, nos Estados Unidos da América – país onde viveu as suas aventuras, com quaisquer incursões pelo México – e obteve muito sucesso devido ao próprio personagem, à fama de seus criadores (Jean Giraud era mais conhecido, em terras americanas, pelo seu pseudônimo Mœbius), ao gênero western e a um grande público consumidor de "comic book". O ciclo do Tesouro dos Confederados somente se encerraria na história “Le Bout de la piste” ("O Fim da Pista"), com Mike Blueberry recebendo o ouro sulista como recompensa e dividindo, na metade, com os seus companheiros Jimmy McClure e Red Neck.

Blueberry foi inspirado, durante uma viagem de Jean-Michel Charlier, no início dos anos 1960, ao Oeste americano, na vida de soldados insubordinados da Cavalaria, que, como punição, eram enviados aos postos do Exército nas regiões mais inóspitas da Fronteira. Michael Steven Donovan, o nosso Mike Steve Blueberry possivelmente existiu, contudo, apenas quem poderá revelar isso é o seu criador literário, Charlier, que cavalga nas pradarias celestiais desde 1989 – quem sabe ao lado daquele que o Oeste tanto amou: Blueberry.

Afrânio Braga


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