quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O massacre dos bisões americanos

Nas fotografias acima: no centro, uma gigantesca pilha de crânios de bisões abatidos durante as revoltantes décadas de caça desenfreada; à direita, Buffalo Bill e, à esquerda, um espécime de búfalo.



O massacre dos 

bisões americanos


No século XIX, o mundo presenciou uma das ações mais devastadoras do homem sobre a natureza. O número de bisões americanos (Bison bison) - também conhecidos como búfalos -, antes estimados em torno de 30 milhões, sofreu um declínio beirando a extinção em questão de décadas. Dados da época mostram que o número populacional desses animais foi derrubado para ridículos 325 sobreviventes, antes de campanhas de conservação ser adotadas.

E por que esse massacre? Durante 4 mil anos, os nativos norte-americanos caçaram os búfalos de forma sustentável, mas com a chegada dos euro-americanos e a introdução dos cavalos e armas de fogo, a caça ganhou escalas industriais, tornando-se terrível a partir de 1800. A pele (usada para vários fins) e a língua (usada em pratos muito apreciados) eram praticamente as únicas partes de interesse na maior parte do tempo, com o resto sendo deixado para trás apodrecendo. Muitos nativos recebiam pesado incentivo para caçar os animais, assim como as famílias europeias que chegavam para se fixar.

As pessoas matavam os bisões sem dó, sem parar, dia e noite. Isso, somando-se à perda de habitat para os crescentes assentamentos humanos no território norte-americano, competição com o gado, caça por necessidade pelos nativos (eram animais sagrados para muitas tribos e fonte inestimável de recursos) e mudanças climáticas, gerou ainda mais a carnificina. Os bisões eram fáceis de matar, porque quando um morria, outros do grupo se aglomeram em volta do corpo, deixando-os ainda mais vulneráveis. A adoção de cavalos pelos nativos, trazidos pelos europeus, e a introdução das armas de fogo também foram grandes fatores de destruição.

Durante a Guerra Civil, os bisões eram caçados também para abastecer as tropas. Nesse período, surgiu também um dos mais famosos caçadores desses animais, William "Buffalo Bill" Cody. Mas também existia outro fomentador dessa caça desumana: a guerra contra os nativos.

Em 1873, o Secretário do Interior escreveu em nota: "Eu seriamente não me arrependeria se os búfalos desaparecem completamente das nossas planícies do Oeste, considerando o efeito que isso traria sobre os nativos." Sim, outro fator importante para a dizimação das populações de búfalo foi a vontade de acabar com um dos principais recursos utilizados pelos nativos norte-americanos. Muitas áreas almejadas pelas forças governamentais eram protegidas pelos nativos e isso gerava inúmeros conflitos.

Em 1874, o General Philip Sheridan, um veterano da União e um fanático pelas guerras contra os nativos, aplaudiu a carnificina contra os animais, gritando "Estamos acabando com os recursos dos nativos!" e "Matem, escalpelem e vendam o que puderem até os búfalos serem exterminados!" E eles quase conseguiram.

Fonte: Vamos falar de História? - página do Facebook.


Prancha 1 de “Les sœurs Austin”, roteiro de Tiburce Oger, desenhos e cores de Dominique Bertail, em “Go West Young Man”, editora Bamboo Édition, coleção Grand Angle, 2021.

Vinheta 1: “As Irmãs Austin”. Norte do Texas, novembro de 1875.
Vinheta 2: “É por isso que nós estamos aqui!...”
Vinheta 3: “Esses fodidos caçadores de bisões! Eles massacram o alimento dos índios. Então, esses, morrendo de fome, atacam as fazendas e matam os colonos.”
Vinheta 4: “E esses selvagens assassinam os bebês e violentam as jovens moças... Bom Deus!!!”


Bisão-americano. O bisão-americano, bisonte-americano ou búfalo-americano (Bison bison) é uma espécie de bisão (bisonte) que habita a América do Norte. Pastam nas pradarias, em grandes manadas, migrando para o sul durante o inverno, e já foi extremamente abundante. Fonte: Wikipédia.



No sentido horário:


§ Tanned hide – couro curtido: mocassins, berços, mantos de inverno, camisas, perneiras, cintos, vestidos, bolsas de cachimbo, aljavas, coberturas de tendas tipi, coberturas de arma de fogo, brinquedos de criança.

§ Rawhide – couro cru: recipientes, escudos, baldes, solas de mocassim, cintos, coberturas para a cabeça, bolsas de medicamentos, tambores, cordas, selas, estribos, coldres de faca, chicotes, braçadeiras, cartucheiras de balas.

§  Horns - chifres: copos, colheres, conchas, ornatos para a cabeça.

§  Brains – miolos: preparação de couro.

§  Skull – crânio: altar e cerimônias religiosas.

§  Tongue – língua: melhor parte do alimento.

§  Beard – barba: ornamentos de armas.

§ Hair – pelo: ornatos para a cabeça, enchimento de almofada de sela, travesseiros, cordas, cabrestos.

§  Hooves – cascos: colas, chocalhos.

§  Stomach – estômago: baldes, copos, pratos, panelas para cozinhar.

§  Dung – esterco: combustível.

§ Bones – ossos: facas, pontas de flecha, pás, raspadores, trenós de inverno, colunas de sela, clavas de guerra, jogo de dados.

§  Fat – gordura: sabão, óleo para cozinhar.

§  Tail – rabo: decorações, espanador de mosca, chicotes.

§  Muscles – músculos: fonte de energia, carne para carne-seca.


Fonte: South Dakota State Historical Society, Pierre, Dakota do Sul, Estados Unidos da América.


Índios caçando bisões por Don Oelze, pintor americano.









Os bisões em “Blueberry” nº 7 “Le Cheval de fer” – “O Cavalo de Ferro”. Mike Blueberry e Red Neck fugindo do estouro de uma manada; depois os dois companheiros encontram diversos cadáveres de bisões. Pranchas 6, 7, 8 e 9.










A série Blueberry foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.

Blueberry tome 7 Le Cheval de fer © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud – Dargaud Éditeur

Go West Young Man © 2021 Tiburce Oger et al. – Bamboo Édition
O Massacre dos Bisões Americanos © Vamos Falar de História?
Indians Hunting Bisons © Don Oelze

Agradecimento a Tiburce Oger, Don Oelze e à equipe de Vamos Falar de História?

Afrânio Braga


Edições do grupo Média-Participations na Livraria Amazon Brasil





Um comentário:

  1. Bela postagem. A foto da pilha de crânios é impressionante. Bacana ver o momento histórico também capturado nas pranchas. Quadrinho é cultura !
    Cada tempo com seu massacre. Hoje as espécies que estão caminhando para desaparecer são outras, e infelizmente são muitas.

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