terça-feira, 15 de outubro de 2013

50 anos de “Blueberry”

Mike Steve Blueberry, à esquerda, em trajes de tenente da Cavalaria americana e, à direita, em trajes civis. Desenhos de Jean Giraud.


Em 31 de outubro de 1963, no número 210 de “Pilote”, no quinto ano da revista semanal francesa, publicada pela editora Dargaud, foi lançada a história “Fort Navajo”, em capítulos, que originou a série “Fort Navajo, les aventures du Lieutenant Blueberry”, em seguida chamada de “Les aventures du Lieutenant Blueberry”, depois “Lieutenant Blueberry” e, enfim, “Blueberry”. Inicialmente, o personagem principal seria o próprio Forte Navajo, contudo, o Tenente Blueberry, no decorrer das narrativas, assumiu esse lugar.


O anúncio de lançamento do álbum "Fort Navajo" na revista "Pilote" nº 323, de 21 de outubro de 1965:
FORT NAVAJO Primeiro álbum da série das aventuras do célebre Tenente Blueberry, herói 
de "Pilote", ACABA DE SAIR Toda a história das guerras apaches O melhor "WESTERN" 
das publicações juvenis À venda em toda parte ao preço de 5,90 Francos


Dois Jean foram os criadores de Mike Steve Blueberry, personagem western da história em quadrinhos franco-belga, que ficou famoso no mundo inteiro: Jean-Michel Charlier, o Alexandre Dumas da Bande Dessinée, escritor belga, o maior roteirista de BD francófona, foi o criador literário, e Jean Giraud, também conhecido por Mœbius, o maior desenhista de HQ de todos os tempos, foi o criador gráfico.


Jean-Michel Charlier e Jean Giraud, por Mœbius. © Aedena.


Michael Stephen Donovan, nome verdadeiro do Tenente mais amado do Oeste, foi inspirado, por Jean-Michel Charlier, durante uma viagem pelos locais das futuras aventuras blueberryanas, em oficiais que existiram no Exército americano, cujos, por causa das insubordinações a determinadas ordens dos seus superiores, eram transferidos a postos isolados na Fronteira para combater os peles-vermelhas e, se possível, encontrar a morte naquelas regiões remotas da Conquista do Oeste.


Blueberry, aliás, Tsi-Na-Pah, prestes a matar uma águia, levá-la à aldeia central
dos Apaches e entregá-la a Chini, sua pretendente a noiva, para que essa enfeite
o seu enxoval de casamento. Prancha 21 do álbum "Nez Cassé" ("Nariz Partido"),
de Jean-Michel Charlier e Jean Giraud, publicado por Dargaud Éditeur em 1980.


Foi Jean Giraud, ao ler o sumário de um antigo volume da revista “National Geographic”, quem escolheu o nome Blueberry para o personagem, que é referência no gênero western e também conhecido por outro apelido, Tsi-Na-Pah (Nariz Partido), entre os índios, por causa do seu nariz quebrado, durante a Guerra de Secessão, pelo General Dodge, fato narrado na série “A Juventude de Blueberry”. O cabeçudo, tinhoso, teimoso, desobediente tenente tem um apelido insólito, Blueberry, dado por ele mesmo, no primeiro episódio de sua juventude, cujo se trata de uma fruta muita apreciada, a qual é chamada, em português, de mirtilo.


O chefe Vittorio, Chini, sua futura esposa, à frente dos Apaches, em fuga para o
México, na ilustração da capa do álbum "La Tribu fantôme" ("A Tribo Fantasma"),
de Jean-Michel Charlier e Jean Giraud, publicado por Hachette em 1982.


Ladeado por valentes companheiros, como o garimpeiro Jimmy McClure e o guia Red Neck, e várias namoradas, entre as quais Harriet Tucker, Nugget Harrington, Soledad San Miguel, Tess Bonaventura, Chihuahua Pearl (Lily Calloway) e pretendentes, a exemplo de Katie Marsh e Chini, a filha do chefe Cochise, Blueberry vive as suas aventuras marcadas pela coragem, astúcia e, principalmente, amizade.


Blueberry e Chihuahua Pearl em uma noite romântica, passada em uma gruta. 
Prancha 14 do álbum "Arizona Love" ("Arizona Love"), de Jean-Michel 
Charlier Jean Giraud, publicado por Alpen Publishers em 1990.


No tempo em que era tenente, Blueberry foi xerife, em duas ocasiões, na série “Blueberry”, e delegado federal, na série “Marshal Blueberry”. Após dar baixa do exército, ele passou a viver na célebre Tombstone, no Arizona, fazendo, no seu retorno à vida civil, aquilo que mais gostava: jogar pôquer, beber uísque, fumar charutos e namorar uma bela mulher, dessa vez Dorée Malone, morena de olhos verdes e cantora de saloon, um dos lugares preferidos de Mike.


Blueberry, em uma mesa de pôquer, com Jimmy McClure à sua esquerda, por Giraud.


O universo de Blueberry evoluiu conjuntamente com a arte dos seus criadores. Os roteiros de Jean-Michel Charlier se desenvolveram com mais suspense e reviravoltas e os desenhos de Jean Giraud, que assinava Gir nas histórias em quadrinhos western e Mœbius naquelas de ficção científica, apresentaram pranchas com quadrinhos distribuídos de forma inédita, para a época, e um enquadramento cinematográfico, que fizeram escola a nível mundial.


O quadrinho 6 da prancha 29 do álbum "Mister Blueberry" ("Mister Blueberry"),
 de Jean Giraud, roteiro e desenhos, publicado por Dargaud Éditeur em 1995.


Em 2013, a série “Blueberry” completa 50 anos de vida editorial. A saga do Tenente Blueberry é e/ou foi publicada em diversos países como Alemanha, Brasil, Bélgica, Bulgária, Croácia, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Itália, Índia, Inglaterra, Iugoslávia, Japão, Noruega, Polônia, Portugal, Sérvia, Sri Lanka, Suécia, e distribuída em vários outros como Canadá, Liechtenstein, Luxemburgo, Mônaco, San Marino e Suíça.


Mike Steve Blueberry, por Jean Giraud.


Enquanto Jean-Michel Charlier e Jean Giraud cavalgam nas pradarias celestiais, em meio a índios, soldados, cowboys, donzelas, garimpeiros, Blueberry continua a fascinar milhões de leitores em toda a Terra.

Afrânio Braga


Fonte das imagens: theairtightgarage: o Tenente Blueberry, ao lado de um escudo indígena e uma cabeça de búfalo; a página 21 do álbum “Nez Cassé”; a página 14 do álbum “Arizona Love”; Blueberry, jogando pôquer, e Jimmy McClure; o quadrinho 6 da página 29 do álbum “Mister Blueberry”; Orano Factory: Blueberry sentado, com um rifle; jmcharlier.com: o anúncio, na revista “Pilote”, da estreia do álbum “Fort Navajo”; comic-historiestas: os retratos de Charlier e de Giraud por Mœbius; “Blueberry”, apontando um revólver, em trajes civis; artcurial: a ilustração da capa do álbum “La Tribu fantôme”.

As datas de publicações dos álbuns referem-se ao ano de lançamento na França.

Blueberry © Jean-Michel Charlier, Jean Giraud, Dargaud Éditeur


4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Você sabe com quê número se corresponde este quadro? O primeiro dos que aparecem no link que especifico; obrigado

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  3. http://ccaa.elpais.com/ccaa/2013/04/11/quadern/1365633874_484114.html

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  4. Prezado Adrián Landon,
    você pode ver essa vinheta extraída de um dos álbuns de "Blueberry" em:

    http://blueberrybr.blogspot.com.br/2015/01/blueberry-n-23-arizona-love.html

    Abrazo.

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