Capa. Blueberry, sobre um
fundo com o esboço de uma prancha de "Arizona Love",
que foi consideravelmente modificada para a versão definitiva da história, por Giraud. |
Il était une fois Blueberry
Era uma vez Blueberry
Criado, em 1963, por Charlier e
Giraud, Mike Steve Donovan, aliás, Blueberry, está no coração de uma série
situada no universo western puro e duro que sente a poeira, o uísque
falsificado e o suor! Blueberry apareceu, em sua estreia, sob o uniforme do exército
americano: cabeça quente, resmungão, ele deserta rápido. Perseguido por
traição, ele findará por ser reabilitado e conhecerá aventuras agitadas, no
curso das quais cruza seu caminho personagens como McClure, Angel Face,
Chihuahua Pearl, Red Neck, etc.
Fonte: Dargaud Éditeur.
Uma monografia sobre o Tenente
Blueberry, casaca azul, herói de história em quadrinhos, criado por Charlier e
Giraud. A partir de numerosas pesquisas, o autor estuda o personagem, seu
desenvolvimento, seus autores, também muito o plano gráfico, como o narrativo.
Para um fã de HQ.
Fonte: Renaud-Bray.
Trechos do livro:
ÍNDICE DOS ASSUNTOS
OS CAMINHOS DA CRIAÇÃO
Gir, o Aventureiro do Traço
A aprendizagem
A herança do mestre
O discípulo se liberta do mestre
O desabrochar de um estilo pessoal
Duas obras-primas
Uma qualidade gráfica distinta
O retorno de Blueberry, 1ª parte
O retorno de Blueberry, 2ª parte
Charlier, o Alexandre Dumas das Histórias em Quadrinhos
Os ciclos
Um romancista moderno
Estrutura da narrativa
A forma da narrativa
Gir Roteirista
Arizona Love
Mister Blueberry
As vidas paralelas de Blueberry
A Juventude
Marshal Blueberry
O OESTE COM DUAS CARAS
O Oeste de Charlier
Agricultores, criadores e pioneiros
O ouro
A estrada de ferro
O exército
As guerras indígenas
Galeria de Retratos
O marshal
A mulher
O mexicano
Os foras da lei
Herói ou anti-herói?
O Oeste de Gir
Hollywood
Cinecittà
Fotogenia do western
A MAGIA DO OESTE
A natureza hostil
O simbolismo da natureza
O espaço
A matéria
Percepções
CONVERSA
N. C.: Entrevista com Jean Giraud.
1995. Blueberry, em
plena forma, cavalga novamente entre nós. Foi com um verdadeiro prazer que eu
dei minha modesta contribuição ao conhecimento de uma série que encanta
gerações de leitores. Jean-Michel Charlier e Jean Giraud dedicaram
mais de trinta anos em nos maravilhar, nos fazer sonhar, ou nos comover. Eles
se reuniram a essa pesada tarefa com François Corteggiani, Colin
Wilson e William Vance. Tantos talentos, aos quais esse livro é dedicado.
Blueberry ainda pode combater, por muito tempo, todos os patifes e outros
condenados fígados amarelos desse lado do Pecos!
D.P.
Página
17. À esquerda: Red Neck torturado pelas
hachuras em "O Cavalo de Ferro". À direita e abaixo: dois quadrinhos extraídos de “General Cabeça Amarela”. |
Gir foi
discípulo de Joseph Gillain, dito Jijé, que foi um dos pilares da escola belga.
“Fort Navajo” ("Forte Navajo"), “Tonnerre à l’Ouest” ("Tempestade
no Oeste"), “L’Aigle solitaire” ("A Águia Solitária") e “Le
Cavalier perdu” ("O Cavaleiro Perdido"), os quatro primeiros álbuns,
assentam as bases da série. Graficamente, a influência de Jijé é a mais forte.
Mas o jovem Jean Giraud se distingue, portanto, de seu mestre, sob certos
pontos. À descontração de Jijé, ele opôs um estilo mais "cerebral".
Álbuns de
transição, “La Piste des Navajos” ("A Pista dos Navajos") e “L’Homme
à l’étoile d’argent” ("O Homem da Estrela de Prata") marcam uma
reviravolta. Jean Giraud se encaminha rumo a um estilo pessoal que não deveria,
dentro em pouco, mais nada a Jijé. Ele tornou-se doravante mestre.
Os quatro
álbuns, “Le Cheval de fer” ("O Cavalo de Ferro"), “L’Homme au poing d’acier”
("O Homem do Punho de Aço"), “La Piste des Sioux” ("A Pista dos
Sioux") e “Général Tête Jaune” ("General Cabeça Amarela"),
marcam um período de experimentação sutil. Jean Giraud alcança a maturidade
gráfica ao curso desse ciclo. Nós identificaremos em breve, sem dúvida alguma,
uma imagem assinada Gir.
“La Mine
de l’Allemand perdu” ("A Mina do Alemão Perdido") e “Le Spectre aux
balles d’or” ("O Espectro das Balas de Ouro") são duas obras-primas,
nas quais Giraud chegou então ao seu apogeu, inovando graficamente a um nível
jamais esperado nos quadrinhos da época, ou mesmo na sua produção ulterior de
Blueberry.
O Ciclo do
Tesouro Sulista agrupa cinco álbuns: “Chihuahua Pearl” ("Chihuahua
Pearl"), “L’Homme qui valait 500 000 $” ("O Homem que Valia 500.000 Dólares"),
“Ballade pour un cercueil” ("Balada para um Caixão"), “Le Hors-la-loi”
("O Fora da Lei") e “Angel Face” ("Angel Face"). Esse longo
percurso transportou Blueberry se enterrando em seu destino à medida de um
cenário sempre mais complexo.
A série
muda quatro vezes de editor, em seis álbuns, para finalmente voltar a Dargaud
em 1994.
“Nez Cassé”
("Nariz Partido") inaugura um ciclo que como se sabe apela, por
escolha, ao fim das guerras indígenas ou ao fim do tesouro sulista. Ele compreende
“La Longue Marche” ("A Longa Marcha"), “La Tribu fântome” ("A
Tribo Fantasma"), “La Dernière carte” ("A Última Cartada") e “Le
Bout de la piste” ("O Fim da Pista"). Inútil pesquisar uma comum
unidade estilística. Cada edição contribui com sua pedra à construção gráfica
da série.
Publicado
em 1986, “Le Bout de la piste” ("O Fim da Pista") marca um retorno a
uma inspiração clássica.
Página
36. Corte da meia prancha 45 de “O Homem da Estrela de Prata”
por Charlier e sua tradução gráfica por Gir. |
Quatro
anos mais tarde, com a publicação de “Arizona Love” ("Arizona Love"),
a série parte sobre novas bases. Após o falecimento de Charlier, Gir estava na
época sozinho com o comando e anunciou o seu desejo de renovar a série.
N. C.: O livro de Daniel Pizzoli
apresenta os seguintes Ciclos:
As Guerras Indígenas - “Fort
Navajo” ("Forte Navajo"), “Tonnerre à l’Ouest” ("Tempestade no
Oeste"), “L’Aigle solitaire” ("A Águia Solitária"), “Le Cavalier
perdu” ("O Cavaleiro Perdido") e “La Piste des Navajos” ("A
Pista dos Navajos"). Mac Clure aparece pela primeira vez em "O
Cavaleiro Perdido", quando Blueberry inicia uma longa convivência com o
velho Jimmy Mac Clure, beberrão inveterado, garimpeiro baixinho e barrigudo que
trocou a Escócia pelo Arizona, porém não perdeu o gosto por um bom uísque.
Caminho de Ferro e Novas Guerras Indígenas. “L’Homme à l’étoile d’argent” ("O Homem da Estrela de Prata")
se intercala entre esse ciclo e o precedente. Blueberry foi enviado como o
xerife para um pequeno povoado aterrorizado por um rico proprietário. O segundo
período das guerras indígenas foi contado em quatro álbuns: “Le Cheval de fer”
("O Cavalo de Ferro"), “L’Homme au poing d’acier” ("O Homem do
Punho de Aço"), “La Piste des Sioux” ("A Pista dos Sioux") e “Général
Tête Jaune” ("General Cabeça Amarela"). "O Cavalo de
Ferro" vê chegar Red Neck - guia, batedor, entre outras coisas - ocorrendo
o primeiro encontro com Blueberry. Doravante está formada a trinca de amigos e
companheiros de aventuras: Blueberry, Mac Clure e Red Neck.
O Ouro de Prosit Luckner. Os dois
álbuns “La Mine de l’Allemand perdu” ("A Mina do Alemão Perdido") e “Le
Spectre aux balles d’or” ("O Espectro das Balas de Ouro") formam um
novo parêntese entre dois ciclos.
O Tesouro Sulista. O ciclo
engloba “Chihuahua Pearl” ("Chihuahua Pearl"), “L’Homme qui valait
500 000 $” ("O Homem que Valia 500.000 Dólares") e “Ballade pour un
cercueil” ("Balada para um Caixão").
A Decadência de Blueberry e O Complô contra Grant. A sua decadência se confirma em “Le Hors-la-loi” ("O Fora da Lei")
e “Angel Face” ("Angel Face").
O Fim da
Nação Apache e A Reabilitação. A
estreia desse ciclo compreende três álbuns: “Nez Cassé” ("Nariz
Partido"), “La Longue Marche” ("A Longa Marcha") e “La Tribu
fântome” ("A Tribo Fantasma").
N. C.: A reabilitação de Blueberry.
Blueberry
vive sua vida. Em “Arizona Love” ("Arizona
Love"), Blueberry encara suas incertezas na prova mais difícil de toda a
sua carreira: partir à conquista da linda Chihuahua Pearl. Ele não consegue o
sucesso esperado. Para se consolar, derrama suas mágoas em todas as mesas de
pôquer do país. E foi em pleno jogo que nós o reencontramos, um belo dia de
julho de 1881, em Tombstone, objeto do álbum “Mister Blueberry” ("Mister
Blueberry"), que inaugura um novo ciclo.
Jean
Michel Charlier fazia o "story-board" de cada prancha, às vezes para
meia prancha, antes de passar a Gir. O esboço era detalhado, constava das
cenas, diálogos e sons. Após a morte de Charlier, Giraud prossegue sozinho o
roteiro de "Arizona Love", parado na prancha 22. Nesse estágio, as
bases da história já estavam no lugar.
Mister Blueberry. Como
para confirmar a identificação de Jean Giraud com seu personagem, Blueberry se
tornou jogador de pôquer profissional. Em "Mister Blueberry", Gir
dosa seus objetivos com habilidade. Cada personagem faz sua entrada na vez de
seu papel e a intriga se tece pouco a pouco em redor de nomes familiares:
Virgil e Wyatt Earp, Doc Holliday, Ike Clanton, Mc Lowery, OK Corral,
Tombstone.
As vidas
paralelas de Blueberry estão em “La Jeunesse de Blueberry” ("A Juventude
de Blueberry") e “Marshal Blueberry” ("Marshal Blueberry") - de
Charlier a François Corteggiani... ...e de Gir a Colin Wilson.
N. C.: Atualmente, apenas uma
série é publicada: “La Jeunesse de Blueberry” (“A Juventude de
Blueberry”), com roteiros de François Corteggiani e desenhos de Michel
Blanc-Dumont.
Página
77. Blueberry e McClure assistem ao nascimento do mundo, sem
suspeitar. N.C.: Quadrinho extraído de “O Espectro das Balas de Ouro”. |
BIBLIOGRAFIA
Álbuns
1. Fort Navajo (1965) a 24. Mister
Blueberry (1985).
Álbuns publicados pela Dargaud,
exceto 19 a 22 saídos pela Dupuis (collection Repérages).
N. C.: Após a publicação do livro,
foram lançados mais quatro álbuns da série “Blueberry”.
La Jeunesse de Blueberry
1. La Jeunesse de Blueberry, 1975, a
9. Le prix du sang, 1994.
Álbuns publicados pela Dargaud,
exceto 4 a 7 saídos pela Dupuis (collection Repérages).
N. C.: Após a publicação do livro,
foram lançados mais 11 álbuns da série “A Juventude de Blueberry”.
Marshal Blueberry
1. Sur ordre de Washington, 1991.
2. Misson Sherman, 1993.
3. Frontière Sanglante (a publicar).
N. C.: O álbum “Frontière Sanglante” foi publicado em 2000.
Les Gringos
Viva Nez Cassé (participação de Blueberry), Dargaud.
Índex dos livros e artigos citados
Obras gerais
La terre et les rêveries de la volonté
La terre et les rêveries du repos
La grande aventure du western
La fantastique épopée du far-west
Historie des Navajos
La terre et les rêveries de la volonté
La terre et les rêveries du repos
La grande aventure du western
La fantastique épopée du far-west
Historie des Navajos
Sobre Blueberry
Vous avez dit BD: Jijé
L'univers de Blanc-Dumont
Venise Céleste
Libération
Le collectionneur de Bandes Dessinées
L'univers de Gir
Autour du scénario
Scarce annual
Mœbius, entretiens avec Numa Sadoul
La lettre de Dargaud
Vous avez dit BD: Jijé
L'univers de Blanc-Dumont
Venise Céleste
Libération
Le collectionneur de Bandes Dessinées
L'univers de Gir
Autour du scénario
Scarce annual
Mœbius, entretiens avec Numa Sadoul
La lettre de Dargaud
Contracapa. Fotografias e biografias dos
autores.
|
N. C.: As biografias da contracapa do livro:
Jean
GIRAUD
Nascido a 8 de maio de 1938 em
Fontenay-sous-Bois, França. Estuda o desenho na Arts Appliqués. Fascinado,
desde a sua juventude, pelas Histórias em Quadrinhos, foi totalmente natural
que se dirige por essa estrada. Estreia, em 1956, na revista “Far West”. Entre
1961 e 1966, colabora como ilustrador da “Encyclopédie Hachette”. Entrementes,
conhece Jijé com o qual trabalhou. Para a revista “Pilote” cria o Tenente
Blueberry. Assina a série com o pseudônimo de Gir. Paralelamente, como Mœbius,
faz histórias fantásticas para “Hara-Kiri”. Em 1975, funda, com Jean-Pierre
Dionnet, Bernard Farkas e Philippe Druillet, a revista “Métal Hurlant”. Ele
evolui muito, depois de numerosas atividades fora de Blueberry - Giraud o
revive sempre: demonstração de apego à série. Após o desaparecimento de
Jean-Michel Charlier, assina sozinho os roteiros e cria “Marshal Blueberry”.
Jean-Michel CHARLIER
Nascido a 30 de outubro de 1924 em
Liège, Bélgica. Doutor em Direito, elege a História em Quadrinhos pela qual se
apaixona. Estreia em “Spirou”, onde cria, com Hubinon, o célebre “Buck Danny”,
entre outros personagens, em 1947. Em 1959, torna-se o cofundador da revista
“Pilote”. Sua paixão pela aviação (foi piloto profissional) faz nascer “Les
Chevaliers du ciel” com Uderzo, depois Jijé. Além disso, ainda ali, dá luz
a numerosas séries - inclusive “Blueberry” - enquanto trabalhando para a
televisão (reportagens e ficções). Charlier continua sendo o mais
importante roteirista da BD franco-belga, tanto pelo número de séries
publicadas quanto pelo seu talento em unir a grande aventura à exatidão mais
rigorosa. Morreu em 10 de julho de 1989, então quando trabalhava no roteiro de
"Arizona Love".
Daniel PIZZOLI
Nascido em 1960, em Paris, França.
Apaixonado pelas Histórias em Quadrinhos, os Estados Unidos e o western desde
sua mais tenra idade, foi entre as páginas da revista “Pilote” que descobriu
Blueberry. Um encontro que o marcará definitivamente. Após os estudos na
Beaux-Arts e na École des Arts Décoratifs, torna-se diretor artístico em
publicidade, depois redator de criação artística de anedotas. Não renega,
portanto, seu amor pelo desenho e pela ilustração que pratica em seus momentos
livres. Vai diversas vezes aos Estados Unidos, nas pistas de Blueberry,
notadamente nas reservas indígenas do Arizona.
Ficha técnica
"Il était une fois Blueberry"
Série "Autour de Blueberry"
("Entorno de Blueberry")
"Il était une fois Blueberry. Une
monographie de Daniel Pizzoli" (“Era uma vez Blueberry. Uma monografia de Daniel
Pizzoli”)
Textos: Daniel Pizzoli
Desenhos: Jean Giraud
Data de lançamento: 4 de novembro de
1995
Número de páginas: 97
Gênero: Documentário / Biografia,
Western
Preço: 15€
Formato: 22,6x29,8 cm
Público: Adolescente e adulto - a
partir de 12 anos
A série "Blueberry" foi
criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
Dargaud Éditeur, Paris, França.
N. C.: Ilustrações, em preto e branco
e em cores, extraídas dos álbuns desenhados por Giraud, exceto sete de Colin
Wilson, da série “A Juventude de Blueberry”, e quatro de William Vance, da
série “Marshal Blueberry”.
Introdução: texto de Daniel Pizzoli
(citado no início dessa matéria) acima de um quadrinho a cores extraído de um
álbum, e dos agradecimentos do próprio: "O autor agradece a: Jean Giraud,
Christine e Philippe Charlier, François Breuillier, Guy Vidal, as edições
Dupuis, Marie Fournier, René Lesné e a École Nationale Supérieure des Arts
Décoratifs, que permitiram a esse livro ver a luz.".
O título do livro, “Il était une fois
Blueberry” (“Era uma vez Blueberry”), foi inspirado naquele da trilogia western
“Il était une fois...” (“Era uma no...”), 1968, dirigida por Sergio Leone,
iniciada pelo filme “C’era una volta il West” (“Era uma Vez no Oeste”, no
Brasil; “Once Upon Time in the West”, em inglês; “Il était une fois dans
l’Ouest”, em francês) e prosseguida por “Giù la testa” (“Quando Explode a
Vingança” ou “Era uma Vez a Revolução”, no Brasil; “A Fisful of Dynamite” ou
“Duck, You Sucker” ou “Once Upon Time... the Revolution”, em inglês), 1971, e
concluída por “C'era una volta in America” (“Once
Upon a Time a America”, em inglês; “Era uma Vez na América”, no Brasil), 1984.
Il était une fois Blueberry - Une monographie de Daniel Pizzoli © Jean-Michel Charlier / Jean
Giraud / Daniel Pizzoli - Dargaud Éditeur 1995
“Il était
une fois Blueberry”. Era uma vez Blueberry. Era uma vez no Oeste o bravo
Tenente Mike Steve Donovan, aliás, Tenente Blueberry, aliás, Tsi-na-pah (Nariz
Partido) para os seus amigos Apaches. Era uma vez a monografia de Daniel
Pizzoli, apaixonado pelos quadrinhos, os Estados Unidos da América e o western,
que detalhou minuciosamente a coleção blueberryana – os criadores, Charlier e
Giraud, as vidas paralelas (“A Juventude de Blueberry” e “Marshal Blueberry”),
os ciclos, os personagens e a própria história do Oeste .
O tipo de
militar como Mike Blueberry existiu e foi transportado para as histórias em
quadrinhos por obra de dois gênios: Jean-Michel Charlier, o mais notório
roteirista da escola franco-belga; e Jean Giraud, que figura entre os maiores
desenhistas do mundo, como Hal Foster, Alex Raymond, Aurelio Galleppini, Frank
Miller, Jesús Blasco e outros amados por milhares - para muitos, Jean Giraud,
aliás Gir, aliás Mœbius, é o melhor de todos.
Daniel
Pizzoli detalha minuciosamente a artística série do Tenente mais amado e mais
temido do Oeste: os autores, os personagens, os lugares, os acontecimentos e a
beleza dos álbuns com magníficas imagens escolhidas criteriosamente das
diversas fases de Gir, incluindo o cruzamento de Gir e Mœbius que surpreendeu
os leitores da brilhante coleção.
Fatos
históricos são citados na série e destacados por Pizzoli, entre eles: as
guerras indígenas, a construção da estrada de ferro, o complô contra Grant, a
Guerra de Secessão, o Tesouro dos Confederados, o massacre de Washita River, a
Longa Marcha dos Navajos, a biografia de George A. Custer, contada através do
personagem Allister (O General “Cabeça Amarela”), e OK Corral (no ano do
lançamento do livro, o famoso duelo começava a ser realizado por Giraud). E
integrantes do Velho Oeste, como a Cavalaria, saloons, mulheres, trens e
estações, fortes, prisões, pancadarias, cantoras, almofadinhas, pistoleiros,
xerifes, famosos chefes peles-vermelhas (Vittorio, Cochise e Gerônimo),
militares prepotentes, caçadores de recompensa, vilas ferroviárias, mexicanos,
amor, traição, perseguições, emboscadas, tiroteios, solidão, silêncio, cidades,
cavalos, horizonte e a Última Fronteira.
Além
disso, a injustiça humana, sempre presente em todas as épocas, como a ruína e a
miséria do povo Apache - uma das cenas mais emocionantes é o terno abraço entre
Blueberry e Chini, filha de Cochise, em "A Longa Marcha".
Obras de
arte para ler, reler, colecionar e deixar de herança.
Afrânio Braga
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