Capa. Blueberry por Jean Giraud. |
Texto da orelha da capa:
BLUEBERRY
L ’
I N T É G R A L E / 1
Sob uma capa de Jean Giraud, esse
volume reúne os quatro primeiros episódios da série Blueberry realizados entre 1963 e 1965.
Escrita por Jean-Michel Charlier,
verdadeira coluna da história em quadrinhos franco-belga, e colocada em imagens
por Giraud, aliás, Mœbius, mundialmente reconhecido por seu gênio do desenho, a
série Blueberry é sem contestação um dos
maiores clássicos do gênero, unindo uma rara qualidade de narração à beleza de
um traço virtuoso.
Começando como militar, preso nas lutas que ele reprova entre Índios e
Casacas Azuis, Mike Blueberry se emancipará pouco a pouco do exército norte-americano
para tornar-se esse homem livre e indisciplinado, injustamente perseguido por
traição, e envolvido nas múltiplas aventuras em reviravoltas folhetinescas.
ANTHOLOGY
Charlier – Giraud
BLUEBERRY
L ’ I N T É G R A L E / 1
N I F F L E
Capa desenhada por Jijé, em 1965, para o álbum "Fort Navajo". No livro, as capas, em preto e branco, foram publicadas antes de cada episódio. |
FORT NAVAJO
Primeiro
episódio
Esse episódio foi pré-publicado em “Pilote” entre
31 de outubro de 1963 e 2 de abril de 1964.
Quando a série “Blueberry” foi criada, Jean-Michel
Charlier era codiretor da revista “Pilote”: “Meu primeiro encontro com
Giraud remonta imediatamente à estreia de “Pilote”. Ele veio me propor uma
série western, me pediu para escrever o roteiro para ele. Mas, à época, eu não
estava muito induzido sobre o western, e eu estava constrangido pela semelhança
de seu desenho com aquele de Jijé. Muito tempo depois, em 1963, em
seguida a uma viagem pelo Oeste americano, eu, bruscamente, desejei me meter no
western. Eu, portanto, logicamente falei a Jijé, um dos especialistas na
matéria. Ele me respondeu que o projeto não o tentava, mas citou Giraud como
possível desenhista. Então, eu me recordei de nosso primeiro encontro “fracassado”,
e também da qualidade notável dos desenhos que ele havia então me apresentado.
Eu, imediatamente, chamei Jean, ele veio me ver: assim nascia o Tenente
Blueberry.”.
Participante da criação do personagem, Giraud encontrará o seu nome: “Charlier propôs nomes que soassem bem, mas eu desejava, eu, qualquer coisa suave que iria bem a um tipo turbulento. Eu caí sobre Blueberry, porque esse era um nome em uma "Geographic Magazine" aberta sobre minha mesa: era aquilo que me faltava, e isso satisfez a Chalier.”.
Participante da criação do personagem, Giraud encontrará o seu nome: “Charlier propôs nomes que soassem bem, mas eu desejava, eu, qualquer coisa suave que iria bem a um tipo turbulento. Eu caí sobre Blueberry, porque esse era um nome em uma "Geographic Magazine" aberta sobre minha mesa: era aquilo que me faltava, e isso satisfez a Chalier.”.
N. C.: “Fort Navajo”: “Forte Navajo”.
"Fort Navajo", prancha 1. |
"Fort Navajo", prancha 11. |
TONNERRE
À L'OUEST
Segundo episódio
Esse episódio foi publicado em “Pilote”
entre 30 de abril e 1º de outubro de 1964.
O rosto de Blueberry evoluiu
fortemente ao passar dos anos, mas nós encontramos, ainda nessa história,
quaisquer traços das origens gráficas do personagem desenhado por Giraud: “Na
estreia, com Charlier, nós quisemos tomar Belmondo como modelo. À época, ele
era uma espécie de símbolo para os rapazes de minha geração. Mas eu fiz mal em
manter a semelhança. Um dia, eu tive o bastante e eu fiz, pouco a pouco, alguma
coisa que terminasse por parecer simplesmente Blueberry, nariz partido, o rosto
sempre mais ou menos barbado, sujo; quanto aos cabelos, eles são mais ou menos
longos. Mas, para mim, que saía da guerra da Argélia com um imenso desejo de
recuperar o tempo perdido, minha grande ambição era de chegar a fazer uma história
em quadrinhos aceitável pelo roteirista, o editor e o público.".
N.C.: “Tonnere à
l’Ouest”: "Tempestade no Oeste".
L'AIGLE
SOLITAIRE
Terceiro episódio
Esse episódio foi publicado em “Pilote”
entre 22 de outubro de 1964 e 8 de abril de 1965.
Jean-Michel Charlier, que muito
rápido quebrou, com Blueberry, os
códigos narrativos do western clássico, declara à época: “O personagem do “herói”
foi imposto a nós como anti-herói no sentido westerniano do termo. O cinema nos
habituou a esses folgados, esses desajustados simpáticos que viviam as
aventuras heroicas, apesar, um pouco, de si mesmos. Na história em quadrinhos, era
diferente: esse arquétipo não existia ainda, nós não víamos os reparadores de injustiças
– “solitário e longe de sua casa” ou não -, que manejava o colt para defender a
ordem, a viúva, o órfão e a Paz americana... Como eu não desejava reanimar
esse gênero de personagem, eu me lembrei daqueles tipos dos quais alguém me falou
nos Estados Unidos, aqueles autênticos cabeças-quente, aqueles “soldados
malvados”, cujos o exército se desembaraçava os enviando aos confins dos
lugares perdidos do Oeste, com a missão oficial de “anular o Índio” e a secreta
esperança que eles se fizessem matar.”.
N.C.: “L’Aigle solitaire”: "A
Águia Solitária".
"Le Cavalier perdu", prancha 15. |
LE CAVALIER
PERDU
Quarto episódio
Essa história foi pré-publicada em “Pilote” entre 29 de abril e 7 de outubro de 1965.
Jijé, de cujo Giraud foi discípulo
até sua estreia, desenha as pranchas 18 a 38 desse episódio e explicou à época:
"Essa colaboração me foi pedida por Charlier, quando Giraud havia
desaparecido nos Estados Unidos da América sem deixar endereço. Pequena vingança contra os monstruosos
atrasos dos roteiros de Charlier?”.
Esse álbum marca uma etapa para
Giraud na relação com seu "mestre" Jijé: "Foi ali, nesse
momento, que eu senti que estava terminado, que alguém se livrou da relação
pai/filho. Nós éramos de igual para igual, um profissional que presta serviço a
outro profissional. Foi certamente bastante artificial porquanto ao ponto de
vista do estilo, ele ainda era superior a mim em cem côvados. Ele me substituiu
quando eu estava na América, onde eu estava quaisquer semanas sem poder
desenhar. Ele deve ter dito que, à época, eu não tinha mais tempo para respirar:
eu terminava um episódio e, imediatamente, eu começava outro, era loucura!".
A destacar, a aparição pela primeira vez do fiel Jimmy Mac Clure.
N. C.: “Le Cavalier perdu”: "O
Cavaleiro Perdido".
"Le Cavalier perdu", prancha 24 desenhada por Jijé. |
FONTES
MŒBIUS, entretiens avec Numa Sadul, Casterman, 1991.
IL ÉTAIT UNE FOIS BLUEBERRY, monographie de Daniel Pizzoli,
Dargaud, 1995.
JEAN-MICHEL CHARLIER, Les
Cahiers de la Bande Dessinée, Glénat, 1978.
GIR in Phénix nº
14, 1970.
© 1965, 1966, 1967, 1968, DARGAUD ÉDITEUR - CHARLIER – GIRAUD
© 2002, ÉDITIONS NIFFLE para a presente edição.
Direitos de tradução e de reprodução estritamente reservados
para todos os países.
Acabado de imprimir em abril de 2002
PRIMEIRA EDIÇÃO
Texto da orelha da contracapa:
ANTHOLOGY
Les classiques de la bande dessinée
BLUEBERRY - L'Intégrale / 1
Charlier – Giraud
FÉLIX - L'Intégrale / 7
Tillieux
JEREMIAH - L'Intégrale / 1 / 2 / 3
Hermann
LARGO WINCH - L'Intégrale / 1 / 2
Francq - Van Hamme
SPIROU ET FANTASIO - L'Intégrale / 1 / 2
Franquin
XIII - L'Intégrale / 1 / 2 / 3 / 4
William Vance - Jean Van Hamme
Contracapa. |
Contracapa:
cena extraída de "Le Cavalier perdu" (“O Cavaleiro Perdido”), prancha 2, quadrinho 6
(o Tenente Graig dominado por um guerreiro apache), desenho de Giraud, e os
títulos dos quatro episódios que esse volume contém:
Tome 1. Fort Navajo (Forte Navajo)
Tome 2. Tonnerre à l’Ouest (Tempestade no Oeste)
Tome 3. L’Aigle solitaire (A Águia Solitária)
Tome 4. Le Cavalier perdu (O Cavaleiro Perdido)
Álbuns do
Ciclo do Forte Navajo. As Primeiras Guerras Indígenas, que é concluído com "A
Pista dos Navajos", o quinto volume de “Blueberry”.
Ficha técnica
Blueberry L'Intégrale 1
Anthology. Les
classiques de la bande dessinée
Roteiros: Jean-Michel Charlier.
Desenhos e capa: Jean Giraud.
Cores: preto e branco.
Contracapa: imagem extraída de “O Cavaleiro Perdido”, página
2, quadrinho 6 (o Tenente Graig dominado por um guerreiro apache) e os títulos
dos quatro volumes que compõem o integral.
Ano de lançamento: 2002.
Número de páginas: 212 (incluindo capa e contracapa) - não
numeradas.
Gênero: Western.
Formato: 19,3X24,2 cm.
Público: Adolescente e adulto – a partir de 12 anos.
Preço: 18,00 €.
Éditions Niffle, Bélgica, 2002.
N. C.:
Em 2006, a editora Éditions Niffle encerra, provisoriamente, as suas
atividades.
Jean
Giraud assinou os desenhos com um de seus pseudônimos, Gir, o outro é o também
famoso Mœbius, para não criar confusão com o nome do seu antigo mestre,
colaborador em “Tempestade no Oeste” e em "O Cavaleiro Perdido",
Joseph Gillain, que firmou, com o seu notório nome artístico, Jijé, a capa de
“Forte Navajo”, o primeiro álbum da série blueberryana, e cujas iniciais eram
as mesmas do criador gráfico de Blueberry: J. G.. Giraud foi seu assistente no
western “Jerry Spring”.
Blueberry
é obrigado a matar o seu cavalo "Gringo", em “Tempestade no Oeste”,
após atravessar parte de um deserto, pois os Apaches haviam contaminado uma fonte
d'água com cadáveres de animais. Dispara o seu revólver e diz: "Adeus
camarada! Eu juro que esses malditos coiotes vermelhos pagarão!" - apesar
da expressão de raiva e dor, futuramente o Tenente será amigo dos índios.
Nova
caminhada e Mike se salva ao encontrar cactos gigantes, um deles continha pelo
menos cem litros d'água.
O cacto
gigante, ou saguaro, pode atingir quinze metros de altura, viver duzentos anos
e pesar até duas toneladas das quais 4/5 d'água armazenada em sua polpa.
As
histórias se passam no Arizona, Novo México e Texas. Em "Tempestade no
Oeste" não ocorre nenhuma tempestade, o título faz alusão ao clima de
guerra entre os brancos e os índios.
O “scout”
era guia também da Cavalaria americana. “Águia Solitária”, título do terceiro
episódio, é o outro nome de Quanah, “scout” apache traidor do Exército, que aparece
na capa do álbum, embaixo, à esquerda, com uma bandana e um tapa-olho esquerdo.
As
histórias foram publicadas em capítulos na revista “Pilote”, posteriormente
foram lançadas em álbuns: “Fort Navajo” (31/10/1963 a 02/04/1964) em 1965, “Tonnere
à l'Ouest” (30/04 a 1º/10/1964) em 1966, “L'Aigle solitaire” (22/10/1964 a
08/04/1965) em 1967, “Le Cavalier perdu” (29/04 a 07/10/1965) em 1968.
Um retrato de Blueberry publicado na obra “Mœbius, entretiens avec Numa Sadoul” (Casterman, 1991) e reprisado na capa do efêmero integral lançado pela Niffle, em 2002, uma bela e original coleção em preto e branco. Fonte: Mister Jacq.
Na
capa do integral, Blueberry está a nos fitar, retratando uma mescla de
fisionomias sem abandonar aquela do verdadeiro Mike Blueberry, fruto de uma
viagem de Jean-Michel Charlier ao Oeste americano, onde ouviu histórias sobre
certos tipos de militares do Exército e, pesquisando sobre o assunto, descobriu
aquele que tornaria famoso com o apelido de Blueberry, Mike Steve Donovan, que
faleceu nonagenário no começo dos anos 1930.
Esse
western é monumental e essa edição em preto e branco colabora ainda mais para
isso. No primeiro quadrinho, nós vemos uma diligência chegando em uma pequena
cidade de pioneiros na fronteira entre o Arizona e o Novo México. Na empoeirada
rua principal, desce do veículo, da Wells Fargo, um oficial, um Tenente, o
Tenente... ...Graig, que aproveita a parada, de uma hora, para mudar os cavalos
e entrar no fumarento saloon, no qual, em uma das mesas, está Blueberry, à
paisana, fumando charuto – tal qual o seu criador literário – bebendo uísque e
jogando pôquer.
A
aventura “Forte Navajo”, nome também da guarnição militar localizada no limite
do Território Apache: Blueberry supera Graig no tiro ao alvo às garrafas das
prateleiras do saloon, viagem de diligência por uma região selvagem, mocinha
necessitando de proteção, rancho saqueado e incendiado pelos apaches, oficiais
prepotentes e arrogantes, tiroteios, perseguições, truques, ciladas, ataque
covarde a uma tribo apache em mudança – crianças, mulheres e velhos são mortos,
juntamente com os guerreiros – interrompido astutamente pelo excelente
corneteiro M. S. Blueberry, com o toque de parar a carga. Cochise, chiricahua,
chefe de todas as tribos apaches, acompanhado dos demais chefes, se apresenta,
desarmado, para negociar sobre os incidentes, mas é traído por Bascom,
comandante interino de Forte Navajo, e, o chefe índio, mesmo ferido, consegue
fugir, dando início as Primeiras Guerras Indígenas.
O
integral traz quatro episódios do Ciclo do Forte Navajo. As Primeiras Guerras
Indígenas, faltando o último – “A Pista dos Navajos”. Nós percebemos tanto a
evolução do protagonista, quanto aquela do seu criador gráfico, Jean Giraud,
que supera sobre essas páginas o seu mestre Jijé, cujo começou auxiliando no
também western “Jerry Spring”. O Tenente Blueberry foi transportado para as
Histórias em Quadrinhos por uma dupla genial: Jean-Michel Charlier, o maior
roteirista de Bande Dessinée francófona, e Jean Giraud, que se tornaria um dos
melhores e mais famosos desenhistas do mundo, igualmente conhecido por Mœbius
em seu trabalho no gênero ficção científica.
Nós
notamos também, nas narrativas blueberryanas, semelhanças com o cinema western.
Cinema que se rendeu ao mais amado Tenente do Oeste e o expõe nas telonas como
um Xerife da Fronteira no filme “Blueberry, l’Expérience Secrète” (“Blueberry.
Desejo de Vingança”, no Brasil). Mike Blueberry iniciou como um cavaleiro
solitário, mesmo sendo oficial da Cavalaria, que falava com o seu único
companheiro, o cavalo, por exemplo, um pouco antes do animal morrer de sede:
“Boa noite Gringo! E não relinche!” – sempre com o seu sorriso bonachão herdado
de Jean-Paul Belmondo.
Ainda hoje, nas trilhas, nas colinas e nas montanhas do escaldante Arizona, ouvimos
os ecos dos gritos de guerras da Nação Apache, resistindo ao invasor
cara-pálida, em seus ataques contra os Casacas Azuis: Hoka Hey! Hooka Heyyyy!
Hookaa Heyyii! Hooh Key! Heyyy! Ookey! Hey!
Referências do blogue
BLANC-DUMONT, Michel. CORTEGGIANI, François. La Jeunesse de Blueberry tome 11 La Piste
des Maudits. Paris, França: Dargaud Éditeur, 2000.
CHARLIER, Jean-Michel. GIRAUD, Jean. Tenente Blueberry Nº 22 O Fim da Pista. Lisboa, Portugal:
Meribérica/Liber Editores, 1987.
VIDAL, Guy. Jean-Michel
Charlier, Un réacteur sous la plume. Paris, França: Dargaud Éditeur, 1995.
Fontes
das imagens: Bedetheque: capa, página 11 de “Fort Navajo” e contracapa; BDzoom:
página 1 de “Fort Navajo”; Mister Jacq: desenhos das capas de "Fort Navajo" e “L’Aigle
solitaire” e do integral (todas a cores); Romitaman: página 15 de “Le Cavalier
perdu”; Banque Dessinée: página 24 de “Le Cavalier perdu”; Afrânio Braga: parte de sua BBteca com "Blueberry L'Intégrale / 1".
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