terça-feira, 16 de julho de 2013

"Lucky Luke, Blueberry... e gli altri" - Parte 1

Capa. N. C.: Lucky Luke, por Morris; Blueberry, por Jean Giraud.



BRUNO CAPORLINGUA         MAURO GIORDANI        NANDO MESSINA

LUCKY LUKE, BLUEBERRY
... e gli altri


IL FUMETTO WESTERN FRANCO-BELGA


ASSOCIAZIONE CULTURALE EDO CLUB



O volume é publicado, em tiragem limitada, pelos sócios
da Associazione Culturale EDO CLUB (CT).



Paginação
Antonio Reforgiato


Pré-impressão
Runner s.a.s. – Catania


Impressão
Litografia T.M. de Mangano Venera,
Via N. Martoglio, 93 – S. Venerina (CT)


A presente obra, dedicada à análise e à promoção
de autores e obras, se avaliza do direito de citação
(art. 70 do direito do autor e art. 10 da Convenção
de Berna). Os copyrights dos textos pertencem aos
autores e aqueles das ilustrações reproduzidas aos
respectivos proprietários (sobre todos os editores
Bayard, Casterman, Dargaud, Delcourt, Dupuis,
Fleurus, Glénat, Humanoïdes Associés, Lucky
Comics, Moulinsart, Semic, Soleil, Vents d’ouest).


N. C.: Trechos de “Lucky Luke, Blueberry... gli altri”, obra literária sobre a história em quadrinhos western franco-belga:


Prefácio

A notoriedade de Tex Willer, o personagem mais representativo das histórias em quadrinhos made in Italy, tem favorecido um qualificado ensaio sobre o mito da fronteira nas histórias em quadrinhos, com particular referência às produções estadunidense e italiana. Entretanto, nenhum autor tem analisado de maneira aprofundada o crescente sucesso das bandes dessinées franco-belgas ambientadas no Far West. A qualidade de tais histórias, a ótima caracterização dos personagens, uma contínua pesquisa artística e uma erudita obra editorial – sustentada no tempo por conceituados periódicos em quadrinhos (“Coq Hardi”, “Vaillant-Pif”, “Pilote”, “Metal Hurlant”, “Vécu” na França, “Spirou” e “Tintin” na Bélgica) e pelos volumes cartonados em cores, adaptados para o público das livrarias – têm alcançado um alto índice de aceitação por parte do público francês e não somente desse; a confirmação disso é o contínuo lançamento no mercado editorial de novos personagens e histórias ambientadas no longínquo Oeste, com o envolvimento também de autores que tradicionalmente não privilegiam o gênero western.

(...)

Entre os tantos heróis de nanquim, temos focalizado a atenção nos renomados Lucky Luke e Blueberry, representantes dos principais aspectos da história em quadrinhos western (o humorismo e a aventura), completando a cronologia com a iconografia das respectivas capas originais, de modo a facilitar a consulta.

(...)

De modo particular exprimimos a nossa gratidão à Lucky Comics, proprietária de “Lucky Luke”, à Dargaud, proprietária de “Blueberry” e aos compiladores do fanzine francês “Hopi”.

Os Autores

O Oeste e a
história em quadrinhos

Em um recente ensaio sobre Tex, de Gianni Bono e Leonardo Gori (N. C.: “Tex. Un Eroe per Amico”. Milão, Itália: Federico Motta Editore, 1998), se afirma que o Far West, compreendendo acontecimentos ocorridos entre 1840 e 1890, representa uma dimensão do espírito, mais que um lugar geográfico ou um preciso período histórico.

De fato, o Far West é parte integrante do mito da fronteira; termo genérico usado para indicar a fascinante epopeia dos Estados Unidos da América iniciada com o desembarque dos Pioneiros do Mayflower (1620) e prosseguida no arco de dois séculos e meio com acontecimentos histórico-sociais: a colonização dos territórios do Alasca ao México, a Revolução, o extermínio da nação indígena, a guerra civil entre confederados e unionistas, o conflito criadores X agricultores, o banditismo, a emigração, a ferrovia (que uniu os centros industriais do Leste com a west coast – N. C.: costa oeste, em inglês) e a corrida do ouro.

Tais acontecimentos constituíram o substrato para um gênero literário que nos Estados Unidos da América teve origem no fim do século XVIII com os romances de James Fenimore Cooper, Thomas Maine Reid e Jack London; e se difundiu com as dime novels, populares folhetins semanais que narravam os feitos fantásticos dos lendários protagonistas do Oeste: o primeiro entre todos os scout William Cody, mais famoso com o nome de Buffalo Bill, e o chefe sioux Sitting Bull (N. C.: Touro Sentado).

Por sua vez as coloridas capas das dime novels reproduziam a tradição iconográfica da chamada “Academia do western”, formada por numerosos artistas que nas pinturas e nas ilustrações para as revistas do Leste exaltavam a vida selvagem da fronteira, ou seja, a sensação da maravilha provada pelo homem civilizado frente a uma natureza e incontaminada. Entre tantos pintores, George Catlin, Frederic Remington, Charles Schreyvogel e outros.

À divulgação do mito concorreram também os negativos dos pioneiros da fotografia norte-americana. Em inumeráveis placas de vidro banhadas com soluções de iodureto de potássio e de colódio foram imortalizadas a exploração dos últimos territórios virgens, a construção da ferrovia e a sangrenta guerra civil, essa última coberta pelo repórter-fotográfico Matthew Brady.

Em seguida, o nascente cinema mudo contribuiu para consolidar de maneira determinante o mito com “The great train robbery” (1903) de E. S. Porter, com o grandioso “The birth of a nation” (1914), obra-prima de D. W. Griffith, e com os curtas-metragens (serials) que mostravam os românticos feitos dos intrépidos Tom Mix e Broncho Bill, improváveis cowboys com chapéus de abas largas.

(...)

Entre os leitores de histórias em quadrinhos quem não apreciou pelo menos uma vez um belo desenho com índios e cowboys criados pelos lápis de Rino Albertarelli (“Kit Carson”), Aurelio Galleppini (“Tex”), Gino D’Antonio (“Storia del West” – N. C.: “Epopéia Tri”), ou não se emocionou diante dos duelos protagonizados pelo Grande Blek de Esse Gesse (Sinchetto, Guzzon e Sartoris) ou riu com as gags de Jacovitti (“Cocco Bill”), Antonio Terenghi (“Pedrito El Drito”) e Luciano Bottato (“Il sergente Baldo”)?

Os supracitados nomes, renomados representantes da história em quadrinhos western italiana, podem ser reunidos àqueles de Morris, Jijé, Gir, Derib e de tantos desenhistas de língua francesa que têm privilegiado o gênero western nas “histórias de nanquim”.

De fato, também a França e a Bélgica ostentam uma longa tradição de válidos autores de bande dessinées ambientadas na fronteira.


A fama deles, reconhecida em toda a Europa, resulta quase ignorada pelo nosso público por causa de uma descontínua e fragmentada reprodução cronológica dos episódios produzidos; indicativas a tal propósito as atrapalhadas sequências editoriais do humorístico “Lucky Luke” e do aventuroso “Blueberry”. Mesmo se no curso dos anos as bande dessinées western têm súbitas modificações ligadas às modas e ao gosto dos leitores, o sucesso delas até hoje atesta que o público francófono as julga ainda fascinantes.


 A história em quadrinhos western franco-belga

A atração exercida, sobre os autores transalpinos, do Novo Continente com os seus habitantes de pele vermelha e pelos folclóricos cocares de penas é um fato inegável, demonstrado pelas longas narrativas além-mar de tantos autores: Marijac, Jijé, Morris, Goscinny, Charlier, Giraud, Harlé e Blanc-Dumont. Os lugares visitados e as paisagens naturais admiradas permitiram a eles reconstruir eruditamente a atmosfera do Velho Oeste, criando uma produção quadrinhística de relevância europeia. Tal interesse resulta evidente nas primeiras histórias em quadrinhos humorísticas de língua francesa, nas quais faziam viajar pelo Far West os protagonistas: abrem caminho em 1889 os componentes de “La famille Fenouillard” de Christophe, seguidos no novo século pelos simpáticos “Zig et Puce” de Alain Saint-Ogan, pelos anárquicos “Les Pieds Nickelés” de Louis Forton, pela antipática “Bécassine” de Emile-Joseph Porphyre Pinchon e pelo viajante “Tintin” de Hergé, (...) o humorístico cowboy “Jim Boum” (1931), de Marijac (pseudônimo de Jacques Dumas), à França vai o prêmio pelo primeiro personagem em série western europeu (...).

Nos anos Quarenta os franceses Etienne Le Rallic, René Giffey e Marijac (...) primam com histórias cômicas e realistas de ambientação western, distantes dos medíocres produtos contemporâneos (...). Ao lado dos loiros Yan Kéradec, Gait e Corentin (...) sai Sitting Bull (...) Big Bill le casseur, de Chott (...) e a longa saga de Buffalo Bill de Giffey (publicada no periódico “Tarzan”). No campo humorístico (...) galopando a cavalo no fiel Jolly Jumper, um irreconhecível Lucky Luke, assinado pelo jovem Maurice de Bévere, em arte Morris.

Nos anos Cinquenta, as histórias em quadrinhos francesas são caracterizadas por uma produção mais popular e qualitativamente inferior em relação às correspondentes belgas. Na primeira metade da década (...) as editoras Artima, SPE, Aventures et Voyages, Elan e Mondiales inundam as bancas com livros de bolso e periódicos em formato horizontal, dito “à italiana” (...) três editoras de Lion (Sage, Lug e Imperia) traduzem “Pecos Bill”, “Il piccolo sceriffo”, “Tex”, “Il sergente York”, “Baldo” e outros tantos (...) publicados em um medíocre preto e branco no pobre formato “em tira” destinado a um público infanto-juvenil, na Bélgica nos semanais “Spirou” e “Tintin” as pranchas coloridas do Xerife “Jerry Spring” de Jijé e dos humorísticos “Lucky Luke”, “Chick Bill” de Tibet, e o índio “Oumpah-pah” de Goscinny e Uderzo, alcançam um merecido sucesso dando brilho às histórias em quadrinhos européias até aos nossos dias.

Em particular com Jijé, pseudônimo de Joseph Gillain, se inicia um modo diverso de conceber o western, entendido até o momento como simples forma de entretenimento. Por admissão do próprio autor, Spring é o resultado da viagem aos Estados Unidos e ao México. O agradável traço desse autor, enriquecido por jogos de luz e sombras e por pinceladas de preto, que revelam uma predileção pela tradição artística japonesa, torna-se uma referência obrigatória para os jovens Giraud, Derib, Hermann, etc.; as suas histórias, privadas de referências racistas contra as minorias pele-vermelha e mexicana, atestam uma orientação cultural mais moderna associada a uma psicologia mais estudada dos personagens.

Nos anos Sessenta, os autores aprofundaram a arte e a pesquisa temática com o abandono progressivo da tradicional retórica nas tramas e com a introdução de temas idôneos para um público mais maduro: ecologia, condição feminina, escravidão e revitalização do povo vermelho, não mais considerado um câncer por extirpar, mas uma gloriosa etnia para preservar e respeitar.

Muda profundamente também a irretocável representação do herói, descrito agora como um homem qualquer, com defeitos e incertezas: um anti-herói distantes anos-luz do estereotipo dos anos precedentes. Com o famoso “Blueberry”, de Charlier e Giraud, as histórias em quadrinhos western francesas dos anos Sessenta preenchem a distância que as separam daquelas belgas; e com esse, além disso, surge o primeiro de uma extensa fileira de personagens provenientes dos Estados do Sul, colonizados pela França, que por escolha ou por constrição, vivem a guerra civil pelo lado oposto: expediente com artimanha dos autores para criar um vínculo com o leitor evitando a acusação de racismo.

O influxo da prolongada moda dos spaghetti-western se faz sentir também nas bandes dessinées: o áspero “Durango”, de Swolfs, é o melhor exemplo. Nas páginas de “Spirou”, no lugar de “Lucky Luke”, transferido para o semanal francês “Pilote”, chega a hilariante série antimilitarista “Les Tuniques blueus”, de Salvérius e Cauvin.

Nos anos Setenta, ao western clássico que imperava há tempos nos meios de comunicação se contrapõe um menos estereotipado, mais documentado e crível, definido ‘nouveau western’ (N. C.: ‘novo western’, em Francês) para distingui-lo daquela old fashion (N. C.: moda velha). Os modelos reconhecidos são os citados “Jerry Spring” e “Blueberry”. As tramas se alongam requerendo a publicação em mais volumes, as histórias melhoram qualitativamente e apresentam uma evolução psicológica e temporal do herói de plantão (Buddy Longway e Jonathan Cartland). Os protagonistas do ‘nouveau western’, todos da raça branca e em fuga dos seus similares, são atraídos pela vida em contato com a natureza dos peles-vermelhas; e não devem lutar para proteger o fraco ou para impor o modelo yankee às outras culturas, procuram somente sobreviver. Tal escolha não pode obstruir o processo de civilização e a realidade histórica dos Estados Unidos da América, de cuja estarão envolvidos. Para Laurence Harlé, roteirista de Cartland, é ‘o ingresso tardio do existencialismo francês nas bandes dessinées’.

Nas histórias abundam trappers de origem francesa, que enfrentam uma natureza hostil na Nova França (Canadá), e matrimônios inter-raciais com squaws índias, as quais representam esposas e mães dulcíssimas, em contraposição com as poucas protagonistas brancas, além disso, aventureiros de roupas simples. A tal propósito na produção western francesa se revela um componente misógino. A mulher, de fato, é considerada coprincipal (esposa, amante, prostituta, antagonista), mas não protagonista da epopeia; não obstante a presença de algumas heroínas (da insípida Gait a mais recente Janet Jones), falta um personagem feminino de igual destaque, ao invés, quanto ocorreu em outros gêneros com Barbarella, Paulette, Natacha, Masque Rouge e por aí afora.

Mesmo se a equivalência índio = selvagem sanguinário perdeu a sua valência, o nativo norte-americano é descrito ainda segundo uma ótica colonialista: o índio é até agora considerado um ser primitivo e simples para respeitar, mas que, disposto ou forçado, deve submeter-se à civilização do homem branco.

Nesse período, numerosas são as séries dignas de menção: do estupendo “Comanche” de Greg e Hermann, ao cativante “Alexis Mac Coy” de Gourmelen e do espanhol Palácios, do reflexivo “Jonathan Cartland” de Harlé e Blanc-Dumont ao ecológico “Buddy Longway” do suíço Derib. Esse último se revela um dos mais completos autores western europeus graças também aos humorísticos “Go West” e “Yakari”, com textos respectivamente de Greg e Job: “Situo os meus protagonistas no século XIX – afirma Derib – porque, para mim, as histórias em quadrinhos são, sobretudo, espetáculos. Devem fazer sonhar. Além disso, amo desenhar os índios”.

O épico gênero de aventuras, em declínio nos anos Oitenta, não parece mais suscitar emoções com a intensidade do passado. Às poucas séries ambientadas no Oeste selvagem corresponde um aumento, ao contrário, daquelas ambientadas no Novo Mundo dos séculos XVII e XVIII, provavelmente por lembrança da participação ativa do povo francês no processo de colonização da América do Norte e à revolução norte-americana, além do mais por um renovado interesse do público pelas histórias em quadrinhos de ambientação histórica. Entre os títulos destacam-se “Les pionniers du nouveau monde” de Charles e Boucquoy, Jackson de Giroud e Marc-Renier, “Timon des Blès” de Bardet.

Não mais na moda da América dos anos Noventa, o mito da fronteira sobrevive somente nas histórias em quadrinhos europeias, em descaso pelo mortífero abraço da mídia. As histórias têm, rapidamente, uma radical transformação, desenvolvendo-se de simples contos de aventuras à metáforas sobre a sociedade atual, sempre mais cheia de violência, erotismo e denúncia social, adaptadas então a um público adulto e malicioso. Pelo lado humorístico, ao invés, dominado pela atravancadora presença de “Lucky Luke”, se nota uma carência de ideias novas.

Se na nossa península os únicos sobreviventes são o ‘velho’, mas sempre vigoroso, “Tex” e o ‘jovem’ e angustiante “Mágico Vento”, nos dois países transalpinos a popularidade do Far West não acena em diminuir, pelo contrário, é confirmada pelo prosseguimento das séries mais famosas e pela publicação de novas, igualmente aceitas pelo público; se nota , além disso, a tendência em escrever histórias não seriadas, publicadas em um único volume. Tal fermento criativo parece envolver alguns dos maiores autores franco-belgas, notoriamente pouco propensos a fixar-se nesse gênero: Van Hamme, Rosinski, Franz, Comés, Jodorowsky e Boucq.


Comès, Les larmes du tigre (2000). 
N. C.: Página 14.


Os temas atualmente tratados são o sobrenatural, o xamanismo e o crepúsculo da nação indígena associado ao fim do mito.

O sobrenatural (gênero pouco idôneo em histórias em quadrinhos de ambientação western) é um filão cujos autores parecem atingir sempre mais com frequência, refazendo-se à complexidade do mundo sagrado dos nativos norte-americanos. Eis então os ritos de iniciação, entre os quais a ‘wiwanyak wachpi’ (dança do sol), que representava para os guerreiros o momento da passagem da adolescência à maturidade, ou as inquietantes figuras dos xamãs, curandeiros-profetas que atuavam transitando entre o mundo terreno e aquele espiritual, vistos admiravelmente em “Les larmes du tigre de Canés” e em “Celui qui est né deux fois” de Derib, cantor do índio mitológico no nouveau western, que presenteia aos leitores uma das melhores páginas sobre os peles-vermelhas, não faltam, além disso, divindades da sua mitologia em “La piste des ombres” de Oger ou no satírico “Ciquito la muerte” de Micol e Capron. Ritos vudu e zumbi de procedência africana constituem o tema principal de uma cruel história de “Jim Cutlass”, assinada por Gir e Rossi. Também o visionário roteirista chileno Jodorowsky, criador com Mœbius da saga do “Incal”, se deixa entrelaçar pelo fascínio do sobrenatural em “Bouncer”, um western desenhado por Boucq.

O extermínio da nação indígena e o fim do mito do pioneirismo são particularmente analisados em “Wyoming Doll” de Franz, em “Black Hills” de Swolfs e Marc-Renier, no esplêndido “On a tué Billy the Kid” de Hermann, além do já citado “Celui qui est né deux fois”. Até Van Hamme e Rosinski, os célebres criadores do herói “fantasy” “Thorgal”, deram às publicações a sua contribuição com o volume Western. Dignos de menção o intimista “Trent” de Rodolphe e do brasileiro Léo, o breve, mas intenso, “L’étoile du desert” de Desberg e do italiano Marini e o insólito “Chinaman” de Le Tendre e TaDuc.

Um simpático costume dos autores franco-belgas é aquele dos “clins d’œil” (N. C.: piscadelas, em Francês), a inserção nas histórias de comparsas com as semelhanças de colegas ou de personagens célebres: Lucky Luke encontra Jerry Spring (“Sur la piste des Daltons”, 1960); Chick Bill manda para a prisão Jean Graton (autor de “Michel Vaillant”) e o denso Tibet (“3 coups pour le sénateur”, 1964); Sony Ringo libera Blueberry e Jimmy Mac Clure, que escoltam um assaltante com as feições de Giraud (“La trésor de Sierra Mogallon”, 1973); Jerry Spring salva um barão suíço em cujo é retratado Derib (“Le grand calumet”, 1977); Buddy Longway bebe com Jimmy Mac Clure (“La vengeance”, 1982); Les Gringos são ajudados por um Blueberry envelhecido (“Viva Nez Cassé”, 1995); a baronesa Arianne du Troil senta à mesa de uma taverna com Tintin e Haddock (“La folle et l’assassin”, 1995); o jovem Blueberry foge do Sargento Chesterfield e do Cabo Blutch de “Les Tuniques bleues” (“La piste des maudits”, 2000); Janet Jones encontra um transeunte com a semelhança de Lucky Luke (“Le Traque”, 2001).


                                      Na Itália ...

Já na segunda metade dos anos Quarenta, nas bancas italianas aparecem as traduções de “Buffalo Bill” (1946), “Big Bill le casseur” (1948), “Sitting Bull” (1949), “Jim Boum et Jim” (rebatizados respectivamente Jim Bull e Mosquito, em 1949), “Poncho Libertas” (“Poncio Libertas”, em 1951) em publicações populares, pouco significativas sob um ponto de vista editorial. Na década seguinte faltam notícias de traduções das séries transalpinas, exceção feita por uma tentativa da Vallardi que tenta transplantar para nós o semanal “Tintin”, em cujo aparecem “El Mocco il terribile”, “Rick la fattica” e algumas curtas histórias western de Fred Funcken.

No início dos anos Sessenta, a editora Dardo (aquela de “Kinowa”,” Miki” e “Blek”) tem o mérito de receber por primeiro as novidades d’além-alpes apresentando, na surdina, nos periódicos “Tipiti” e “Jean Lafitte”, respectivamente os dois personagens que revolucionaram o western europeu, Jerry Spring e Lucky Luke. “Tipiti” representa a transposição de bolso do semanário “Spirou”.

Também essas tentativas são destinadas à vida breve, mas em todo caso é o sinal de caminho aberto para as bandes dessinées que são amontoadas por “Il Corriere dei Piccoli” e por “Il Messaggero dei Ragazzi”, em cujas páginas “Jim et Happy”, “Mouky et Poupi”, “Teddy Ted”, “Oumpah-Pah” e “Lucky Luke” disputam a atenção dos leitores italianos.

Provavelmente, a melhor ocasião para apreciar o “standard” das publicações transalpinas é ofertada, ao público italiano, em 1964, pela Mondadori com I” Classici dell’Audacia”, série mensal de volumes brochurados em cores, em papel patinado. Três anos depois, infelizmente, a editora decide trocar, recorrendo ao preto e branco e à lombada grampeada, já em desuso naqueles países desde os anos Cinquenta, com o resultado de apresentar de maneira imprópria os quatro primeiros volumes de um personagem desconhecido e rico de promessas: “Blueberry”. Inicia-se a moda dos volumes brochurados, ou grampeados, com histórias de autores franco-belgas. A qualidade do produto editorial frequentemente deixa a desejar: como o conteúdo das feias reproduções dos Albi Sprint e Albi Ardimento da editora Crespi.

Nos anos Setenta se multiplicam as traduções dos personagens western franceses sem nenhum critério cronológico em semanários, volumes e periódicos populares, dessa vez em formato reduzido e em preto e branco.

Para apreciar-se uma história western em volume cartonado em cores necessita chegar 1977, quando a editora Vallecchi publica os seis primeiros episódios do esplêndido “Comanche” (lançado seis anos antes no “Il Corriere dei Piccoli”) em dois formatos diferentes, para a alegria dos colecionadores.

Nos anos Oitenta, desfrutando a onda de sucesso dos Humanoides Associès, as editoras Alessandro, Lo Vecchio e Nuova Frontiera apresentam, com aparência editorial mais aceitável, mesmo se permanece o hábito de deixar as séries incompletas, colocando à dura prova a paciência dos leitores da nossa casa. É suficiente citar o caso do excelente Mac Coy, cujos primeiros 12 episódios, a partir de 1983, necessitam de quatro editoras e cinco formatos editoriais diferentes no arco de 8 anos!

Na década em transcurso, a difusão das histórias em quadrinhos de língua francesa tem subitamente uma forte flexão na Itália: não faltam louváveis tentativas, entre as quais aquelas da Comic Bus, com uma decente edição brochurada de “Lucky Luke”, e a Glénat Italia, com a série “Le avventure nella Storia”. Únicas apreciadoras das bandes dessinées eram a Comic Art e a Eura.

Superando a pouca impressão demonstrada até o presente da categoria, hoje as editoras Lizard, Alessandro, Magic Press, Bande Dessinée, Mare Nero, Eura e Lo Vecchio estão orientando-se rumo a edições de qualidade, propondo ao público italiano séries realizadas por um ponto de vista gráfico e respeitando a integridade das obras em língua francesa.


O western
humorístico

1889 – “La Famille Fenouillard”, de Christophe (pseudônimo de Georges Colomb), publicada em “Le Petit Français Illustré”.
1921 – “Bécassine”, de Emile-Joseph Porphyre Pinchon.
1926 – “Totor C.P des Hannetons, de Hergé – pseudônimo de Georges Remi.
1931 – “Tintin”, de Hergé – “Tintin en Amérique”, no semanal “Le Petit Vingtième”.
1934 – “Popol et Virginie au pays des Lapinos”, de Hergé, em “Le Petit Vingtième”. “Rouletabosse reporter,” de Marijac (pseudônimo de André Dumas), no periódico Pierrot.
1935 – “Flic et Piaff”, de Marijac e Etienne le Rallic, edições Gordinne.
1936 – “Paulo”, de Gervy (pseudônimo de Yves Desdemaines-Hugon, na revista “Bayard”.
1937 – “Jim Clopin Clopan, de Marijac, no semanal “Le Bon Point.
1940 – “Alan, com o amigo inca Aigle Blanc, de Gervy, no semanal “Jean et Paul”.
1946 – “Lucky Luke”, de Morris (pseudônimo de Maurice de Bévère, no “Almanack Spirou 1947”.
1947 – Com “La mine d’or de Dig Digger” no semanal “Spirou”, se inicia a publicação em capítulos de “Lucky Luke”. “Oeil de Perdix, de Jacques Martin (futuro autor de “Alix”) – álbum “Le secret du totem” dispara.
1951 – “Gus et Gaetan”, de Pierre Mouchot e Claude Rittaud; “Bibi Frizotin”, de Pierre Lacroix; “Oscar le petit canard”, de Mat. O primeiro número de “Les albums d’or” da editora Artima, intitulado “Hypolite et les diamants de Pesetas City”, é assinado por Jean-Claude Forest, futuro criador de “Barbarella”.
1952 – “Spirou et Fantasio”, de André Franquin, “Les chapeaux noirs”.
1953 – “Lucky Bold”, Xerife de Robber City, criado por Marcel Radenen para o semanal “Zorro,” lembra muito “Lucky Luke”. O desenhista belga cria “Chick Bill”, primeiro para “Junior” e depois para “Tintin”.
1954 – “Pat Rick et Mass Tick”, de Tibet.
1955 – “Jimmy Jim”, de Jean Marcellin, em “Caramba”. “Kam et Kah”, de Eugène Gire, em “Vaillant”. Em “Far West “se inicia as aventuras de “Frank et Jérémie”, breve série humorística de um desconhecido, por enquanto, Jean Giraud, futuro aclamado autor de “Blueberry”.
1956 – “Baboum” e “Kokaoh”, desenhados respectivamente por Mic Delinx e José Serna.
1957 – “Jim et Heppy”, de Pierre Chéry e Guy Hempay, em “Cœurs Vaillants”. “Dick l’intrépide”, de Robert Moreau, em “Paris-Journal Junior”. “Bronco et Pepito”, do jovem Greg, pseudônimo de Michel Regnier.
1958 – “Oumpah-Pah” (em italiano “Umpa-Pà”), de René Goscinny e Albert Uderzo, futuros criadores de “Astérix”. “Famille Bigorno”, de Alain Perré. “Tagada”, de José Morante, autor também de “Johnny Pistol” e de “Texas Kid”, desenhado por Mic Delinx, em “Pierrot”. “Moky et Poupy”, de Roger Bussemey, em “Cœurs Vaillants”. “Bamboula”, de Mat. “Sylvain et Silvette”, de Maurice Cuvillier.
1961 – “Rook and Roll”, de Fergal (Gallieno Ferri, futuro autor de “Zagor”), em “Kriss”. “Pipeau et Flagada”, de Rol, em “Record”. “Bull Dozer”, de Yvon Rhuys e Delinx, em “Fripounet.”
1962 – “Pony”, de Lucien De Gieter, em Spirou.
1963 – “Whamoka, de Jacques Devos e Salvé.
1965 – “Dick Pocket”, de Ramon Monzon e Algé, em “Parisien Libéré”. “Le Justicier blanc”, de Jean Sanitas e Jean Marcellin.
1968 – “Sam et l’Ours”, de Paul Deliège e Lagas; “Les Tuniques Bleues”, de Raoul Cauvin e Louis Salvérius, em “Spirou”. “Plumoo”, de Michel Douay, em “Formule 1”. “Jim Jess”, de Nikita Mandrika (Kalkus) e Monzon.
1969 – “La rubrique à brac, paródia aos spaghetti-western desenhada por Marcel Gotlib, em “Pilote”.
1970 – “Horace cheval de l’ouest”, de Jean-Claude Poirer, em “Pif Gadget”. “Yakari”, de Job (André Jobin) e Derib (Claude de Ribeaupierre).
1971 – “Go West”, de Greg e Derib. “Billy Bull”, de Jean-Marie Nadaud e Chery, em “Fripounet”.
1972 – “Mickey à travers les siedes”, de Pierre Fallot e P. Nicolas, em “Le Journal de Mickey” – episódio “Mickey chez les Peaux-Rouges”.
1973 – “Billy Bon Bon tireur d’élite”, de Cézard, edições Aventures et Voyages.
1974 – “Jo Tenderfoot”, de Hempay e Chéry.
1975 – “Astérix”, de Goscinny e Uderzo, no episódio “La grande traversée”.
1976 – “Chacal Bill”, de Alpha e Maverick, em “Pif Gadget”. “Al Crane”, de Gérard Lauzier e Aléxis (pseudônimo de Dominique Vallet).
1977 – “Taka Takata”, de Vicq e Jo El Azara, em “Tintin. Les Mirabolantes aventures de Moustache et Trottinette au Far West”, de Calvo.
1978 – “Heroiko”, de Jean Chakir, em Pif Gadnet.
1981 – “Jessie Jane, de Gérard Frydman e Luc Macel.
1983 – “Smith et Wesson, de François Corteggiani e Pierre Tranchand.
1987 – “Ran Tan Plan, de Morris, em “Pif Gadget “– primeiro episódio “La Mascotte”.
1989 – “Minettos Desperados, de Joe Ruffner e Cromwell.
1995 – “Kid Lucky”, de Léturgie e Pearce – as aventuras adolescentes de Lucky Luke. “Lapinot” de Lewis Trondheim.
1997 – “Sam Trott”, de Timothée Duboc e Joann Sfar.
1999 – “Cotton Kid”, de Léturgie e Pearce, edições Di.
2000 – “Ciquito la muerte, de Capron e Micol.


Lucky Luke: I’m a
  poor lonesome
      cowboy


MORRIS (Maurice De Bévère)
[Courtrai, 1923-2001].
Desde 1946 desenha as histórias do cow-boy Lucky Luke.

René Goscinny
[Paris, 1926-1977]
Roteirista francês de histórias humorísticas, criou também Astérix.


Em 1949, a editora Dupuis publicou “La mine d’or de Dig Digger”, primeiro volume de uma série dedicada ao simpático cowboy.

Dois anos depois, Morris inseriu nas histórias os famosos personagens da epopeia western: os primeiros foram os irmãos Dalton, seguidos depois pelo ‘juiz’ Roy Bean, Billy the Kid, etc. Em “Hors la loi” (1951), os irmãos Dalton, quatro gêmeos de altura decrescente e maus, porém ingênuos, foram destinados a morrer pelo autor. Em seguida, Goscinny perguntou a Morris o porquê da eliminação de tais extraordinários personagens agradava ao público. Como resposta o autor decidiu confiar, em 1955, o roteiro ao próprio Goscinny, de modo a poder concentrar-se unicamente no aspecto artístico das histórias.

Em 1968, desejoso de aumentar a difusão da própria obra na França, Morris deixou a redação de “Spirou” para passar àquela da revista francesa Pilote da editora Dargaud: no Nº 441 (04/04/1968) iniciava o primeiro capítulo de “La diligence”.

A série conheceu reveses alternados nos anos Setenta, sendo publicada primeiro em “Tintin”, depois, por breve período, em um próprio mensal, “Lucky Luke” (1974-1975). Em 1991 foi criada a Lucky Production que, após divergências com a Dargaud, em 1999 constituiu com a mesma uma filial comum, Lucky Comics, para editar todos os volumes inerentes ao mundo do cow-boy. O sucesso de Ran Tan Plan, o cão mais estúpido do Oeste, impeliu o autor, em 1987, a promovê-lo a protagonista absoluto de uma série, escrita por Xavier Fauche e Jean Léturgie e desenhada por Michel Janvier e Vittorio Léonardo sob a direção do próprio Morris. Em 1993, o autor belga deu início em “La Bêtisier”, outra série de volumes que reproduziam as tiras duplas de Ran Tan Plan destinadas à publicação diária, do trio Léturgie, Fauche e Janvier, substituídos em seguida por Bob De Groot nos textos e Vittorio Léonardo nos desenhos.

O trabalho entre Goscinny e Morris se desenvolvia sempre do mesmo modo: primeiro se discutia a trama por realizar em 44 pranchas, sobre a base da documentação encontrada para o argumento, depois Goscinny escrevia o roteiro da história com diálogos e ações, como o “story-board” de um filme. Então entrava Morris para a realização artística, sem submeter-se a qualquer condicionamento por parte do humorista francês. A colaboração de Goscinny, que durou até à sua morte (1977), melhorou nitidamente as histórias de Lucky, a ele se deve o renascimento dos estúpidos Dalton sob forma de primos no episódio “Les cousins Dalton” (1958) e a criação de Ran Tan Plan, versão idiota e grotesca do cão Rin Tin Tin, em “Sur le piste dês Dalton” (1960).

Após Goscinny entraram numerosos roteiristas: Guylouis (pseudônimo sob o qual assinavam Guy Vidal, Claude Klotz e Jean Louis Robert), Vicq, Lo Hartog Van Banda, Bob De Groot, Martin Lodewijk, Xavier Fauche e Jean Léturgie, mas nenhum deles esteve à altura do humorista francês.



Morris, Lucky Luke com Jolly Jumper e Ran Tan Plan
N. C.: Página 30.


Cronologia de Lucky Luke                       .    

Roteiristas: Morris, Goscinny, Vicq, De Groot, Fauche e Léturgie, Lo Hartog Van Banda, Guylouis, Greg, Dom Domi, Léturgie, Vittorio, Nordmann, Fauche e Adam.

Desenhistas: Morris, Morris e Pearce, Morris e Janvier, Morris e Vittorio, Janvier.

Editoras:
Dupuis: 1. La mine d’or de Dick Digger (1949) a 31. Tortillas pour les Dalton (1966);
Dargaud: 32. La diligence (1967) a 59. Le Pony Express (1988);
Lucky Productions: 60. L’amnésie des Dalton (1991) a 67. Marcel Dalton (1998);
Lucky Comics: 68. Le prophète (2000) a 69. L’artiste-peintre (2001).
Ran Tan Plan. Dargaud: 1. La mascotte (1987) a 3. Rantanplan ótage (1993).
Fora de série. Lucky Productions: Lucky Luke se défoule (1966), La bataille du riz (1972), Paradise Gulch (1979).
Kid Lucky. Lucky Productions: 1. Kid Lucky (1995) a 10. La belle et la bête (2000).

Le Bêtisier. Lucky Productions: Volume 1 (1993) a 4 (1998).


O Western
 Realístico

1931  A primeira HQ western é a francesa “Jim Boum” que o desenhista/roteirista/editor Marijac (pseudônimo de Jacques Dumas) publica em “Coeurs Vaillant” em forma de tira humorística; para transformá-la, em 1934, em realística; foi traduzida em 1949 pela Nerbini com o nome de “Jim Bull l’asso del rodeo”.
1940 – O casaca vermelha “Tommy Tuller l’As du Far West”, de Guy Depière, depois prosseguido por Fred Funcken, em “Aventures Illustrées”. “Tom Mix, cavalier du Far West”, de Calrom em “Grandes Aventures”.
1941 – “Gait, la cavalière du Texas”, de Etienne Le Rallic, em “Exploit Comics”.
1944  “Poncho Libertas”, de Le Rallic, no semanário “Coq Hardi”.
1946  “Buffalo Bill”, versão de René Giffrey, no periódico “Tarzan”. “Tex Bill le shérif,” de Roger Melliès; “Dynamite”, de Cirius, e “Teddy Ranch”, de Markus, em “Contes du Far West”. “Tom X”, de Robba (Robert Bagage).
1947  “Jojo cow boy”, de Le Rallic, em “Tintin”. “Big Bill le casseur”, do estúdio Chott – os autores J. K. Melwyn-Nash (pseudônimo do roteirista Marcel Navarro) e Pierre Monchot reforçam muitas pranchas naquelas do nosso “Tex”. “Zorro”, de André Oulié, no semanal “Zorro-Jeudi”. “King le vengeur”, de Robert “Bob” Legaay. “Tom Colby”, de Hergé e Edgar Pierre Jacobs, desenhado por Paul Cuvelier.
1948  “Teddy Bill”, de Le Rallic, em “Tintin”. “Sitting Bull le chevalier rouge”, de Marijac e Pierre “Dut” Duteurtre, em “Coq Hardi”. “Bill Tornade”, de Bob Dan. “Zar’o”, de Alain Monjardim e André Galland. As edições SAGE publicam “Texas Roy” de... Gian Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini, pois se trata do nosso “Tex”, relançado no ano seguinte com o nome de “Old Boy” pelo editor/desenhista Pierre Mouchot. “Jim Ouragan”, de J. A. Dupuich. “Youpi,” de Robba e Giovanni Benvenuti, edições Artima. “Jack Hilson”, de André Gosselin.
1949 – “Corentin”, de Cuvelier, em “Tintin”. “Sam Billie Bill”, de Roger Lécureux, Ollivier e Lucien em “Vaillant”. “Maya” de Guy Mouminoux, Éditions Elan.
1950  “Bessie”, mistura de Lassie e Rin Tin Tin, de Wirel (pseudônimo de Willy Vandersteen) e Karel Verschure, no cotidiano “Le Libre Belgique”. “Frédéri”, de Raymond Labois e Robert Rigot, em “Cœurs Vaillants”.
1951 – “Thyl Ulenspiegel”, de Vandersteen. “Horn du West”, de Francis Hope e Le Rallic, em “L’Intrépide”.
1952 – “Tom Tempest”, de Robert Giordan. “Jim Tomahawk”, de Jean Frisano.
1953 – “Jannic”, de Fred Funcken, no seminal “Heroic Albums” e “French Bill”, de Albert Bonneau e Maurice Toussaint. “Urk”, de Jean Simonet e Louis Carrière, na revista “Junior”.
1954  “Johnny Texas”, de Saint-Bert e Bill Louky. “Red Canyon”, de Guy Forez e André Gosselin. “Frank Nelson”, de Guy Marcireau. “Ramon”, do estúdio Chott. “Kid Rivers”, de Stand. O semanal belga “Spirou” inicia as aventuras de “Jerry Spring”, de Joseph Gillain, em arte Jijé.
1955  “Banko”, de René Brantonne. “Bib et Ted”, de Gal (Georges Langlais). “Deivy”, de Daniel Massard. “Vaquero Johnny”, de F. Pescador. “Stilness le Cree” e “Jack Flash”, de Moreau de Tours. “Mexico Kid”, de Georges Vidal e Guy Mouminoux. “Sergent Peter”, de Lina Buffolente – dando início a invasão de personagens desenhados propositalmente para o mercado francês por autores italianos, os quais não se discutiam pelos modelos da época.
1956 – “Kid Colorado”, de Gallieno Ferri. “Davy Crockett”, versão de Le Rallic, em “L’Intrépide”. “Bill Jourdan”, de Jean Acquaviva e Loys Pétillot, no semanal “Bayard”. “Old Bridger”, de Bob Dan (nome artístico de Robert Dansler). “Harricane Kid”, de Vidal e Claude Pascal. “Ted Giordan”, de Gérald Forton.
1957 – “Davy Crockett,” versão de Ollivier e Kline (pseudônimo de George Chevallier), em “Vaillant”. “Bison Noir”, de Pierre Dupuis, título da Société Française de Presse Illustré. “Tom Niekson”, versão do herói norte-americano Kit Carson feita por Edmundo Marailetta. “John et Jack”, de Gian Giacomo Dalmasso e Marcello Vettor Cassinari. “Lemmy Din”, de Pescador.
1958 – “Jim Puma”, de Ferri. “Trapper John”, de Navarro e Studio Barbato.
1959 – “Jack Diamond”, de André Fernez e do casal belga Liliane e Fred Funcken, em “Tintin”. “Canadian Boy”, Noël Perron e Ralph Mark (Carlo Marcello). “El Christo”, de Claude-Henri Juillard. “Rocky le Trappeur”, de Pierre, Castex e Saverio Micheloni. “Capitan James”, de Roger Lecureux e Nortier.
1960 – “Cochise”, de Lecureux e Nortier. “Anais”, de Hempay e Robert Rigot, em “Ames Vaillantes”. “Catamount”, de Albert Bonneau e Angelo Di Marco, em “Parisien Libéré”. “Johnny Bourask”, de Navarro e Vincenzo Chiomenti. “Le Petit Scout”, de M. Torelli e F. Oneta.
1961 – “Ben Barry”, de Forton. “Scarlett”, de Mountabert e Bob Dan, em “Lisette”. “Rin Tin Tin”, de Carlo Marcello, da Sagéditions. “Jim Morgan”, de autor anônimo. “Aigle Noir”, de Fernando Fusco.
1962 – “Wapi le petit indien”, de Cuvelier, em “Tintin”. “Lieutenant Burton”, de Michel Devercin (pseudônimo de Yves Duval) e do casal Funcken, em “Pilote”. “Esperanza du Mexique”, de Montaubert e Fusco. “Apollon”, do Studio Barbato. “Coq Hardi,” de Marijac e Dut.
1963  Na França, se inicia “Lieutenant Blueberry”, desenhada por Gir (pseudônimo de Jean Giraud) com roteiros de Jean-Michel Charlier, um dos melhores roteiristas de aventuras de além-alpes, em breve tempo torna-se uma obra-prima do gênero western graças à maestria de Gir. “Teddy Ted”, de Lecureux e Yves Roy (pseudônimo do desenhista espanhol Francisco Hidalgo), substituído rapidamente por Fortan, em “Vaillant”. “La Patrouille blanche”, de Maurice Toussaint, em “Lancelot” – em 1967, quatro episódios foram desenhados por Franco Caprioli. “Josh Randall,” de autores anônimos – uma série televisiva em quadrinhos – e “El Couguar”. “Giddap Joe”, de Ivo Pavone. “Mac”, de Navarro e Chiomenti.
1964 – “Sam Boyd”, de Maxime Roubinet. “Thomas Laventure”, de Fronval e Jean-Loup, em “Fripounet”. “Les Indiens”, de Pierre Viallet e um desenhista anônimo, é uma adaptação de uma série televisiva. “Canada Jean” e “Rataplan”, de Pavone. “Nora fille du shérif”, de Marijac e Dut.
1965 – “Ray Ringo”, de Jacques Acar e William Vance, autor belga de traço nítido e agradável, em “Tintin”. “Pat Caldwell”, de Hempay e Francis, logo substituído por Nöel Gloesener, no semanal “Formule 1”. Nesse ano, os autores italianos abandonaram o mercado francês: “Flash Rider”, de Fusco, no bimestral “Pepito”; “Tan Billiby”, de Nicola Del Principe; “Viking”, de Onofrio Bramante; “Dago”, de Attilio Muzzanti e Studio Barbato; “Jed Puma”, de Torelli e Enzo Magni; “Zapo”, de Torelli e Leone Cimpellin.
1966 – “Tim Boss”, de De Tours, em “Spécial Zorro”. “Beamy dês Marais”, de Torelli e Raffaele Paparella. “Calamity Jane”, de Georges Dollart e Boris Turner.
1967 – “Oklahoma–Mary”, de Hempay e Jean–Loup, em “J2 Magazine”. “Carabina Slim”, de Bramante (relançado em 1973, de Guido Zamperoni), em “Les Aventures et Voyages”. “Doc Silver”, de Duval e do casal Funcken, em “Tintin”. “Ted Brenton”, de Cimpellin. “Dan Tempete”, de Torelli e Cimpellin.
1968 – Em “Super Pocket Pilote”, se iniciam as histórias curtas intituladas “La Jeunesse de Blueberry”. “Los Guerrilleros”, de Miquel Cueso e Jesus Blasco. “Rakar”, de Navarro, Fresauro e Pavone.
1969 – “Comanche”, de Greg e Hermann – em 1990, Hermann foi substituído pelo jovem Michel Rouge. “Jim Steward”, de Acar e Sidney (pseudônimo de Paul Ramboux, no mensal belga “Record”. “Loup Noir”, de Ollivier e Kline, em “Pif Gadget”. “Fargo Jim”, de Oneta, no pocket “Bronco”.
1970 – “Dick Demon”, de Navarro e Frescura e Pavone. “Panthère Noire”, de Zamperoni.
1971 – “Sony Ringo”, do turco Suat Yalaz, em “Ringo”.
1972 – “Big Bull”, dos espanhóis Herbas e Antonio Mas, em “Big Bill das edições Imperia. “Néro Kid”, de Eugenio Sotillos e Antonio Quinonero.
1973 – “Buddy Longway”, do suíço Derib. “Les Rapaces”, de Raymond Maric e Robert Rigot, em “Le Journal de Bibi Fricotin”.
1974 – “Alexis Mac Coy”, de Jean–Pierre Gourmelen e do espanhol Antonio Hernandez Palacios. “Jonathan Cartland”, de Laurence Herlé e Michel Blanc–Dumont – colorizado por sua esposa, Claudine Blanc–Dumont. “Les Peaux–Rouges”, do desenhista holandês Hans G. Kreesse. “La longue piste de Loup–Gris”, de Claude Varrien e André Juillard. “Chicotawa”, de Emilio Uberti, “Rory Bang”, de Torrelli e Giancarlo Agnello e “Jack West”, de Pavone, no pocket “Zembla”.
1975 – “Capitaine Apache”, de Lécureux e Norma (pseudônimo de Norbert Morandière), em “Pif Gadget”. “Les Mystères de l'ouest”, transposições para os quadrinhos da homônima série de TV com os agentes especiais Arthémus Gordon e James West, de Jean Sanitas e Forton, em “Pif Gadget”. “Amargo”, de Victor de La Fuente.
1976 – “Macchus”, de Maric e Pierre Frisano, em “Tric”.
1977 – “L'indien français”, de René Durand e Georges Ramaioh, na revista “Circus”. “West Stories”, de Jean Pleyers, editora Deligne. “Loup Solitaire”, de Pavone.
1978 – “Peter Horn”, de Ollivier e Kline.

 1979 – “Jim Cutlass”, de consagrada dupla Charlier–Giraud, para “Métal Hurlant” – após a morte de Charlier, Giraud se torna o roteirista e Christian Rossi o desenhista. “Les Gringos”, de Charlier e de la Fuente – “Nez Cassé”, homenagem a Blueberry, coprotagonista do quinto episódio.



Paolo Eleuteri-Serpieri, capa de Histoire du 
Far West (1980). N. C.: Página 56.


1980 – “Histoire du Far West en BD”, em 36 fascículos da Éditions Larousse, com vários autores, entre os quais, Paolo Eleuteri Serpieri e Frisano. “Les frères Barryson”, de Hempay e Gloesener.
1981 – “Durango Lang”, de Yves Swolfs. “Jessy Jane”, de Gérald Frydman e Luc Mazel. “Le Chariot de Thespis”, de Rossi, no semanal “Gemme”.
1982 – “Les pionniers du nouveau monde”, desenhado por Jean François Charles, com roteiros de Jean Bucquoy e do próprio Charles. “Fort Weeling”, de Hugo Pratt, dos Les Humanoides Associés.
1983 – “Petit-Renard”, de Régine Pascale (pseudônimo de Joelle Pengam) e Nadine Brass. “Simon Francœr”, de Francis Vallès. “Arok”, de Vladimiro Missaglia, no pocket “Apaches”. “Blue Soldier”, de Torelli e Renzo Orrù. “Battling Pop”, de Iure e Mognato. “Woody Snow”, textos de Plinio Pancirolli e Paolo Ongaro e desenhos desse último.
1985 – “Melly Brown”, de Jean Dufaux e do espanhol Xavier Musquera, em “Tintin”. “Timon des blés”, de Daniel Bardet e Érik Arnaux, na revista “Vecú”. “Irigo”, de Dufaux e do português José Pires.
1987 – Derib abandona “Buddy Longway” por “Celui qui est né deux fois”. “Jackson”, de Frank Giroud e Marc Rénier.
1988 – “Tim Taylor, de Jean Miguel Cicuendez, em Rodéo.
1989 – “Cœur Brûlé”, de Patrick Cothias e Jean;Paul Delthorey. “Missouri”, de Giroud e D. Carpentrie.
1991 – “Trent”, de Rodolphe e do brasileiro Léo (Luiz Eduardo de Oliveira). “Corpus Christi”, de Rocca, pseudônimo do desenhista Georges Ramaїoli, e Gérard Mathieu, da Soleil Productions. “Trio Grande”, de Olivier Vatine e Alain Clement e Fabrice Lamy, das edições Delcourt. Sai “Sur ordre de Washington”, primeiro episódio de “Marshal Blueberry”, segunda série paralela de Blueberry, de Giraud e Vance.
1992 – “Main Gauche, de Franck Zimmermann, das edições Vents d'Ouest.
1995 – “Les Voyageurs”, de Brian Mc Leod e do polonês Kas (Zbigniew Kasprzak). “Plume aux vents”, de Cothias e Juillard. “Wanted”, de Rocca e Thierry Girod, cujo traço lembra aquele de Gir, da editora Soleil. “Princesse Rouge”, de Rocca e Christophe Bec. “SunDance”, de François Corteggiani e Michel Suro. 5”00 fucils”, de Fred Duval, Cailleteau e Vatine e Lamy.
1996 – “L'Étoile du desert”, de Stéphen Desberg e Enrico Marini, editora Dargaud. “Jerry Spring”, renovado por Festin e Franz Dipier. “Chiens de prairie”, de Philippe Foerster e Philippe Berthet.
1997 – “Caatinga”, de Hermann. “Colt Walker”, de Yann e Lamy. “Arno”, de Jacques Martin e Jacques De Noel. “Dead Hunter”, de M. Tacito.
1998 – “Chinatown”, de Serge Le Tendre e Olivier Ta, aliás, Ta Duc, dos Humanoides Associés. “Hop-frog”, de David Beanchard e Christophe Blain. “Les carnets de la secession”, de Guimin. “Tequila Desperados”, de Richard Marazano e Jean-Claude Cassini.
1999 – “Black Hills”, de Swolfs e Marc-Renier, editora Glénat. “Wyoming Doll”, de Franz. “Ou à tué Wild Bill”, de Hermann, editora Dupuis. “Janet Jones photographe”, de Dieter e Duval, editora Delcourt. “Snake”, de Sanchez Abuli e Jordi Bernet, em “L'Echo de Savanes”.
2000 – “Les larmes du tigre”, de Didier Comès. “La piste des ombres”, de Tiburce Oger.

2001 – “Western”, de Van Hamme e Rosinski. “Bouncer”, do chileno Alexandro Jodorowsky e François Boucq. “Mille visages”, de Philippe Thirault e Marc Malés. “Innuat, en quête de memories” é uma homenagem de 69 autores à nação Innus do Quebec. “Gibier de potence”, de François Capuron, Fred Duvall e Fabrice Jarzaguet.


Franz, Wyoming Doll (1999). N. C.: Página 60.


"Lucky Luke, Blueberry... e gli altri", à esquerda.

Lucky Luke, Blueberry... e gli altri © Bruno Caporlingua, Mauro Giordani, Nando Messina, Associazione Culturale Edo Club 2001
Fontes da imagens: BDNet: página 14; Bedetheque: página 56; ActuaBD: página 60; Afrânio Braga: capa e parte de sua BBteca/gibiteca.


Afrânio Braga


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