domingo, 1 de outubro de 2023

60 anos de Blueberry 1963 - 2023

Base da Força Aérea em Edwards, Califórnia, Estados Unidos da América. 


60 ANOS DE

BLUEBERRY
1963 - 2023


Jean-Michel Charlier em seu escritório.


Em 1962, durante a sua viagem da primeira volta ao mundo, Jean-Michel Charlier descobriu o encanto do Velho Oeste depois de uma reportagem na Base Aérea de Edwards, Califórnia, Estados Unidos da América, ao fazer uma excursão pela região vizinha àquele centro de treinamento aeroespacial. Ele que nunca pensara em realizar uma história em quadrinhos western, regressou à França com a intenção de escrever uma.

A base da Força Aérea americana poderia ter inspirado Jean-Michel Charlier em mais um roteiro de “Bucky Danny” ou de “Tanguy et Laverdure”, suas séries de sucesso justamente com pilotos militares americanos e franceses respectivamente. Entretanto, ele procurou Joseph Gillain, em arte Jijé, para desenhar uma série western; para tal, o mestre belga indicou o seu assistente Jean Giraud que colaborou também em um episódio da série western “Jerry Spring”.

Coincidentemente Jean Giraud, o futuro Moebius, procurou, anos antes, Jean-Michel Charlier para escrever uma história em quadrinhos western, ao quê o roteirista recusou porque esse não era o seu negócio e ele não tinha interesse em ingressar no gênero. O destino proporcionou o encontro desses dois apaixonados pelo Velho Oeste e, por conseguinte, o surgimento do Tenente Blueberry.


Jean-Michel Charlier e Jean Giraud em 1974, em plena sessão de
trabalho no ateliê do desenhista, para fins de uma reportagem televisiva.


A nova aventura desenhada estreou na revista semanal “Pilote” nº 210, de 31 de outubro de 1963, intitulada “Fort Navajo” cujas histórias contariam as vicissitudes daquele forte da Fronteira. Contudo, o tenente Mike T. Blueberry - mudado posteriormente para Mike S. Blueberry - se destacou causando a alteração do título para “Fort Navajo, une Aventure du Lieutenant Blueberry” até chegar a “Blueberry”.

Os desenhos das primeiras aparições nas capas do hebdomadário “Pilote” e em álbum da série “Blueberry” – “Fort Navajo” – foram realizados por Jijé, cuja influência na arte de Jean Giraud se evidencia nos cavalos que perdura até os últimos álbuns da saga do mítico tenente em cujos se percebe uma ligeira miscelânea dos estilos de Gir e de Moebius.


A capa de “Pilote” nº 210. Desenho de Jijé.


No decorrer da saga blueberryana, os criadores e o protagonista evoluem: os roteiros de Jean-Michel Charlier se tornam mais complexos, densos e repletos de reviravoltas; a arte de Jean Giraud incorpora elementos de Moebius, o seu outro eu artístico, fazendo escola até hoje; e o Tenente Blueberry envelhece, ao contrário da grande maioria dos personagens da arte sequencial, e amadurece ficando mais introspectivo.

Inspirado, por Jean-Michel Charlier, em soldados reais insubordinados que eram enviados a postos da Fronteira para serem isolados ou até morrer nos conflitos com os Índios, Blueberry vive as suas aventuras como militar, xerife, marshal, foragido da lei, amigo dos índios e jogador profissional de pôquer ao lado de amigos como Jimmy McClure e Red Neck e mulheres distintas a exemplo de Katie Marsh, professora do ensino fundamental, Chini, filha do chefe Apache Chiricahua Cochise, Chihuahua Pearl, cantora e dançarina, e Dorée Malone, cantora e violonista.

Jean-Michel Charlier, o Alexandre Dumas da Bande Dessinée, o maior roteirista da história em quadrinhos franco-belga, escreveu as narrativas de “Blueberry” mostrando o Velho Oeste verdadeiro e selvagem e Jean Giraud, dito Moebius, considerado por muitos dos seus pares e por milhões de leitores como o melhor desenhista da Nona Arte de todos os tempos, desenhou as pranchas expondo as atmosferas e as ambientações da época em aventuras que revolucionaram a história em quadrinhos western.

Nascido há 180 anos, Michael Stephen Donovan se tornou Mike Steve Blueberry, o lendário tenente mais amado do Oeste, as suas histórias são publicadas em quase todas as línguas do mundo inteiro, nas quais ele acompanha gerações de leitores há 60 anos, igualmente como Tsi-Na-Pah - o apelido dado pelos Apaches Chiricahuas por causa do seu nariz quebrado na juventude pelo general Dodge -, e ele continuará a cavalgar ao flanco de milhões de fãs, em todo o planeta, da infância à idade adulta, sendo a obra-prima de uma dupla genial.


Katie Marsh, a valente professora, na vinheta 1 da prancha 34 de
do nº 337 (7 de abril de 1966) ao nº 360 (15 de setembro de 1966) e
publicado em álbum pela editora Dargaud no 4º trimestre de 1969.
“O Homem da Estrela de Prata”, título em português, história inspirada
no filme “Rio Bravo” (“Onde Começa o Inferno”, título no Brasil).


A vinheta da primeira prancha do episódio "Général Tête Jaune" publicado
em "Pilote" nº 453, de 11/07/1968. No álbum, a primeira prancha e a
segunda tira da prancha 2 foram suprimidas; as mesmas apareceram
em “Lieutenant Blueberry” nº 3 “General Golden Mane” (ver a ilustração
da capa em Portfolio Blueberry Stardom), editora Epic Comics, Estados
Unidos da América, 1991 e, pela primeira vez em álbum, na França,
em “Blueberry L’Intégrale” volume 4, editora Dargaud, 2015.


Dois batedores do exército americano encontram uma aldeia
Cheyenne. A vinheta 3 da prancha 5 do álbum “Lieutenant Blueberry”
nº 3 “General Golden Mane”, editora Epic Comics, Estados Unidos
da América, 1991. “Blueberry” nº 10 “Général Tête Jaune” foi
pré-publicado em “Pilote” do nº 453 (11 de julho de 1968) ao nº 476
(19 de dezembro de 1968) mais duas capas nos nº 453 e nº 460
(29 de agosto de 1968) e publicado em álbum pela editora Dargaud
no 4º trimestre de 1971; “General Cabeça Amarela”, título em português.


A primeira edição do volume 11 com uma tarja removível dos prêmios
Phenix 1969 e 1970 de melhor série de aventuras e Saint Michel de 1971.
“Pilote” do nº 497 (15 de maio de 1969) ao nº 519 (16 de outubro de 1969)
mais uma capa no nº 497 e publicado em álbum pela editora Dargaud no
1º trimestre de 1972; “A Mina do Alemão Perdido”, título em português.



A vinheta 5, da prancha 22 do volume 12, cuja foi a inspiração para
capa da edição francesa – aqui em “The Ghost With TheGolden Bullets”,
história publicada em uma edição americana da editora Epic Comics.
 “Blueberry” nº 12 “Le Spectre aux balles d’or” foi pré-publicado em “Pilote”
do nº 532 (15 de janeiro de 1970) ao nº 557 (9 de julho de 1970) mais um
anúncio no nº 531 (8 de janeiro de 1970) e duas capas nos nº 532 e nº 555
(25 de junho de 1970) e publicado em álbum pela editora Dargaud em
janeiro de 1972; “O Espectro das Balas de Ouro”, título em português.


A primeira edição do volume 14 com uma tarja removível do prêmio
Shazam 1973 de melhor desenhista estrangeiro concedido a Gir pela
Academy of Comic Book Art New York, Estados Unidos da América, com
um erro: o prêmio Shazam foi dado em 1973, mas era para o ano 1972. LJM.
“Pilote” do nº 605 (10 de junho de 1971) ao nº 627 (11 de novembro
De 1971) mais um anúncio no nº 604 (3 de junho de 1971) e uma
capa no nº 605 e publicado em álbum pela editora Dargaud em julho
de 1973; “O Homem Que Valia $ 500.000”, título em português.


A capa do disco de vinil compacto simples 7” 45 RPM
estéreo “Blueberry / L’Echo des Savanes” de Marcel Dadi
com o selo RCA Victor lançado na França em 1973.


A contracapa do disco de vinil com as faixas
A: Blueberry e B: L’Echo des Savanes.


A capa da caixa do quebra-cabeça “Les Maîtres du Westen – Jean Giraud”
com mil pedaços, formato 46 X 71 cm e lançado pela editora Dargaud em 1974.


A ilustração do quebra-cabeça “Les Maîtres du Westen – Jean
Giraud”, em preto e branco e em cores, com Mike Blueberry
e Jimmy McClure a cavalo; o puzzle é em cores. 


edição, publicado no 1º trimestre de 1974, acompanhado da brochura,
de 4 páginas, para o seu lançamento e os 10 anos de Blueberry. LJM.


Um cartaz do volume 18 lançado pela editora Dargaud em 1980.
“Blueberry” nº 18 “Nez Cassé” foi  pré-publicado em “Super As”
do nº 1 (fevereiro de 1979) ao nº 10 (abril de 1979), em seguida
em “Métal Hurlant” nº 38 (1º de fevereiro de 1979) e nº 40
(1º de abril de 1979) e publicado em álbum pela editora Dargaud
no 1º trimestre de 1980; “Nariz Partido”, título em português.


A capa de “Gebroken Neus”, edição dupla holandesa
do volume 18 de “Blueberry” publicada pela editora Sherpa,
em 2018, com a história em preto e branco e um dossiê sobre
o universo de Jean Giraud em preto e branco e em cores.


A vinheta 1 da prancha 1 do volume 19 em uma edição em espanhol.
“Blueberry” nº 19 “La Longue marche” foi pré-publicado em “Super As” do
nº 69 (3 de junho de 1980) ao nº 72 (24 de junho de 1980), em seguida
do nº 85 (23 de setembro de 1980) ao nº 87 (7 de outubro de 1980) e
publicado em álbum pela editora Fleurus no 4º trimestre de 1980;
“A Longa Marcha”, título em português. Jean-Michel Charlier se inspirou
em The Long Walk of the Navajos para escrever o roteiro dessa história.


Uma ilustração inspirada naquela da histórica página de guarda da série
“Blueberry”; dessa vez Jean Giraud inseriu um cavaleiro atrás de Blueberry.


Mike BlueberryJimmy McClure e Red Neck. Vinhetas 8, 9 e 10 da prancha 21
de “Blueberry” nº 22 “Le Bout de la piste”; “O Fim da Pista”, título em português.


A capa do dossier de presse de “Blueberry” nº 23 “Arizona Love”, editora
Novedi, 1990. Mike Blueberry e Lily Calloway, aliás, Chihuahua Pearl.


A prancha 12 de “Arizona Love”. Blueberry e Chihuahua Pearl.


A capa de “Blueberry” nº 1 “The Iron Horse”, Epic Comics, 1991;
a ilustração dessa capa foi publicada no artbook “Blueberry’s”.
“Blueberry” nº 7 “Le Cheval de fer” foi pré-publicado em “Pilote” do
nº 370 (24 de novembro de 1966) ao nº 392 (27 de abril de 1967)
mais uma capa no nº 370 e publicado em álbum pela editora Dargaud
no 1º trimestre de 1970; “O Cavalo de Ferro”, título em português.


A prancha 1 de “Marshal Blueberry” nº 2 “The Ghost With The
Golden Bullets”, editora Epic Comics, Estados Unidos da América.


A primeira e a quarta capa de uma edição indiana do
Captain Tiger – como o Tenente Blueberry é chamado
na Índia – publicada pela editora Lion Muthu Comics.


Marca página “Le Monde” – Blueberry faz sua entrada em “Le Monde”
nesse verão. Cada dia, a partir de 14 de julho até 8 de agosto, o novo
“Blueberry”“Ombres sur Tombstone”, que tem feito o objeto de uma
pré-publicação em “Le Monde”, o jornal francês de maior prestígio
internacional, sendo distribuído, diariamente, em várias partes do mundo.


Gerônimo, chefe Apache Chiricahua. Extrato da vinheta 7
da prancha 46 de “Blueberry” nº 25 “Ombres sur Tombstone”


O original a lápis da prancha 10 B de “Blueberry” nº 26 “Gerónimo l’Apache”.
O tomo 26 “Gerónimo, l’Apache” foi pré-publicado na revista “BoDoï”
do nº 22 (30 de julho de 1999) ao nº 24 (23 de outubro de 1999)
e publicado em álbum pela editora Dargaud em 9 de outubro
de 1999; “Gerônimo, o Apache”, título em português.


Jean Giraud e uma estatueta de Blueberry
cujo esboço foi concebido pelo Mestre.


A vinheta 4 da prancha 4 de “Blueberry” nº 27 “OK Corral”.
Dorée Malone, a última namorada de Blueberry, da qual o nome é
em homenagem a uma atriz americana admirada por Jean Giraud.


Jean Giraud desenhou Blueberry, nessa vinheta, com o visual do ator Vicent
Cassel que interpretou o Tenente no filme “Blueberry, l’expérience sècrete”
(“Blueberry. Desejo de Vingança”, título no Brasil), dirigido por Jan Kounen.


A prancha 60 de Blueberry tome 28 Dust N&B.


O Tenente Blueberry na capa de “Pilote” edição especial do 40º
aniversário de maio de 1968, publicado pela editora Dargaud em 2008.


A capa de “Blueberry” tom 3 publicado pela editora Egmont, em polonês,
com os episódios “Chihuahua Pearl”, “Człowiek wart 500 000 dolarów” e
“Trumienna ballada” que compõem ciclo do Tesouro dos Confederados.


Abaixo: a vinheta 1 da prancha 36 de “Inside Moebius” tome 1 com
MoebiusMajor GrubertJean GiraudBlueberry e Arzak;





A série “Blueberry” foi criada por Jean-Michel Charlier e Jean Giraud.
“Blueberry” © Jean-Michel Charlier / Jean Giraud – Dargaud Éditeur
“Inside Moebius” tome 1 © 2004 Jean Giraud Moebius – Édition Stardom
Imagens © Editores, autores, gravadora, produtores, diretores e os seus herdeiros legais

Afrânio Braga




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